Política

Benedita da Silva reflete sobre mulheres negras na política

Neste ano, Brasil atinge maior número de candidaturas negras para cargos políticos desde 2014

No Brasil, as mulheres negras representam cerca de 28% da população brasileira. Apesar de serem o maior grupo demográfico do País, elas ainda são subrepresentadas na política, com apenas 18% das candidaturas. Nas eleições 2022, segundo o Senado Notícias, o percentual de mulheres na disputa por cargos políticos soma 33,3% dos registros nas esferas federal, estadual e distrital.  E de pessoas que se autodeclararam negras é de 49,49%, registrando aumento de 2,95% em relação a 2018 (44,24%).

Benedita da Silva (PT) é Deputada Federal e disputa a reeleição. Ela já foi Governadora do Rio, Ministra do Desenvolvimento Social do primeiro mandado do ex-presidente Lula (2003/2006) e uma das mais importantes mulheres negras na política brasileira após a redemocratização. A candidata se sente honrada por também inspirar outras negras e negros na política.

“Tenho o compromisso e a obrigação de ajudar outras negras e negros, para que possam chegar em número cada vez maior nesse espaço político”, diz Benedita, que construiu sua vida pública envolvida nas lutas em favor das comunidades empobrecidas do Rio, inclusive o Chapéu Mangueira, onde nasceu e foi criada. 

A Deputada foi entrevistada pela Agência UVA enquanto participava de um showmício organizado pelo do candidato a Deputado Estadual, Mombaça (PSB), no último domingo (18), no centro do Rio.

Bené, como é conhecida, está entusiasmada com as eleições do próximo dia 2 de outubro:

“Teremos muito mais mulheres negras e homens negros eleitos nessas eleições”, aposta Benedita, que também é uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT).

Quando perguntada sobre qual legado deseja deixar na política, Benedita afirma que é o combate a todos os tipos de discriminação, seja de orientação sexual, racial contra negros e indígenas, contra a mulher, contra a juventude negra.

“O Brasil não vai andar se não investir na ‘negrada'”, assegura.

O projeto “Estamos Prontas“, criado pelo movimento Mulheres Negras Decidem e pelo Instituto Marielle Franco apoia a candidatura de mulheres negras, periféricas, indígenas e LGBTQIA+.

“O ‘Estamos Prontas’ é um projeto de fortalecimento de candidaturas de mulheres negras que pretendem ser deputadas estaduais. Ele procura apoiar candidaturas que defendam uma agenda programática orientada pelos Direitos Humanos”, explica a porta-voz do Mulheres Negras Decidem, Tainah Pereira.

Impossível falar de candidatas negras e não pensar em Marielle Franco, Vereadora pelo Psol (RJ) que foi assassinada em março de 2018, num crime ainda sem respostas.

Quem confirma é Adriana Gerônimo, candidata a Deputada Estadual (Psol/ CE).

“Marielle impactou a minha vida e me deu coragem para entrar na política institucional. Sua fala, a qualidade nos posicionamentos e o olhar forte me mostram a cada dia que é urgente sermos mais. Precisamos ser uma multidão negra para inverter a lógica do poder, para o poder estar nas mãos do povo” afirmou ela recentemente, para o portal Alma Preta.

Brasil: obstáculos para a paridade política
Segundo o projeto ATENEA, da ONU Mulheres, um mecanismo para acelerar a participação política das mulheres na América Latina e no Caribe, apontou o Brasil como nono colocado em um ranking de 11 países que mais apresentam obstáculos para os direitos políticos das mulheres e para a paridade política entre homens e mulheres.

No Brasil, os partidos com os maiores percentuais de negros são o Unidade Popular (UP) e o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), com 63% e 61,3%, respectivamente. Um candidato é considerado negro quando, no ato do registro de candidatura, a pessoa se declarar preta ou parda. Além disso, desde 2009, cada partido deve ter, ao menos, 30% de candidatas mulheres, e devem reservar pelo menos o mesmo percentual do fundo eleitoral para elas. 

Para saber dados sobre o perfil demográfico dos mais de 28 mil candidatos aos cargos nestas eleições, clique aqui.

Foto de capa: Reprodução/PT

Reportagem de Thiago Eiras e Daniela Oliveira, com edição de texto de Gabriel Folena

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7 comentários em “Benedita da Silva reflete sobre mulheres negras na política

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