Os resultados das eleições desse ano apontam para um novo cenário que será construído em 2023: maior diversidade na Câmara dos Deputados. Isso porque, em diversos estados brasileiros, representantes da pauta LGBTQIA+, negros e indígenas foram eleitos em quantidade significativa para ocupar cadeiras na casa legislativa. É o caso das candidatas Erika Hilton (PSOL) e Duda Salabert (PDT), as duas primeiras mulheres trans a serem eleitas deputadas federais — pelos estados de São Paulo e Minas Gerais, respectivamente.
Em 2020, Erika foi a mulher mais votada para atuar na câmara municipal da capital paulista. Durante o mandato, presidiu a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e comandou a primeira Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) direcionada à investigação de violência contra a população trans. E, nas eleições deste ano, recebeu mais de 256 mil votos para o novo cargo.
Além de Erika, São Paulo também elegeu Sônia Guajajara (PSOL), a primeira mulher indígena a se tornar deputada federal pelo estado, com mais de 153 mil votos. Ela tem como principais bandeiras a defesa da Amazônia, da Mata Atlântica e dos povos originários. Nas redes sociais, a parlamentar eleita se manifestou agradecendo ao seu eleitorado pela vitória.
Já em Minas, Duda Salabert bateu o recorde de candidata mais votada no segundo maior colégio eleitoral do País, recebendo cerca de 208 mil votos. Para ir votar, em Belo Horizonte, ela optou por utilizar colete à prova de balas por conta das ameaças que vem sofrendo.
E, no Rio Grande do Sul, mulheres negras foram eleitas representantes no âmbito estadual e nacional, fato inédito na história do estado. Daiana Santos (PCdoB) foi a primeira vereadora LGBTQIA+ assumida em Porto Alegre, e se elegeu como deputada federal pelo estado gaúcho. Em suas redes sociais, ela agradeceu por seus mais 88 mil votos e prometeu lutar pelos direitos dos cidadãos.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro, Talíria Petrone (PSOL) garantiu a reeleição como deputada federal. A parlamentar alcançou a marca de mulher negra mais votada da história do estado, tendo conseguido quase 200 mil votos. Ao agradecer seus eleitores, ela reafirmou o compromisso de “fazer nascer um Brasil novo”.
Ainda, o pastor evangélico Henrique Vieira (PSOL) foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro com mais de 50 mil votos. Conhecido por sua participação no álbum “Amarelo”, do Emicida, o pastor afirma ser defensor do Estado Laico e ressalta o compromisso de levar a luta antirrascita para o Congresso Nacional.

Renata Souza, também do PSOL, foi reeleita deputada estadual e exercerá mais um mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Terceira deputada mais votada, Renata foi a primeira mulher negra presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj. Durante transmissão ao vivo, realizada em sua rede social, a candidata agradeceu e prometeu continuar lutando pela juventude negra, pela comunidade LGBTQIA+ e por todas as mulheres.
De acordo com o portal Gênero e Número, a porcentagem de candidatas mulheres autodeclaradas negras aumentou 11% em comparação a 2018. Tal dado comprova que, de forma sútil, a diversidade tende a se consolidar no Congresso Nacional, garantindo maior representatividade.
Reportagem Isabelle Valente, com edição de texto de Daniel Deroza
Foto da capa: Reprodução/Facebook/Erika Hilton
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