Há mais de uma semana, o Irã vive uma das maiores ondas de protestos liderada por mulheres. A razão é a morte de Mahsa Amini, 22 anos, pelo “uso inadequado do véu”, que deixava os cabelos à mostra. A jovem foi presa pela Patrulha de Orientação, a “polícia da moralidade”, e estava sob custódia policial quando faleceu, três dias depois de sua prisão, após entrar em coma em um hospital de Teerã, capital do país.
Assim, a morte da iraniana motivou diversas pessoas, principalmente mulheres, a irem às ruas se manifestarem contra a repressão sofrida por Mahsa e gritarem slogans em oposição ao hijab (véu) obrigatório. Cortes de cabelo e queima de véus têm sido as principais ações dos protestos contrários ao governo.
Tais atos estão ocorrendo em mais de 40 cidades iranianas e vêm sendo fortemente combatidos pela força de segurança do país, que já matou e prendeu muitos dos manifestantes. Inicialmente, as manifestações tinham como objetivo pedir justiça pelo caso da jovem, mas, com a adesão de diferentes grupos sociais, outras demandas foram incluídas no movimento, como a queda do regime do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã desde 1979, e a falta de liberdade individual dos cidadãos.
Além disso, o caso de Mahsa Amini comoveu e chocou pessoas ao redor do mundo e tem sido repercutido nas redes sociais por meio de hashtags contra a repressão e a abordagem violenta da polícia iraniana. Na publicação abaixo, por exemplo, feita na rede social Twitter, uma usuária comenta: “Poderia ter sido eu, poderia ter sido você, poderia ter sido qualquer uma de nós”.
Em sua defesa, o governo Iraniano alega que a jovem usava um véu muito fino, deixando o cabelo à mostra. O país segue a Sharia, um sistema jurídico do Islã, considerado uma diretriz para a vida dos muçulmanos. No documento, é determinado que todos se vistam “com modéstia”, e, no caso das mulheres, é necessário que pelo menos os cabelos estejam cobertos.
Em mais uma publicação, outro usuário da rede social compartilha sobre as mulheres do país: “Elas tem esperado há anos por um lugar onde justiça e igualdade sejam estabelecidas”. Acompanhada da hashtag #humanrights (direitos humanos), a conclusão do post não é otimista: “Um lugar onde, quando pedem por direitos, não recebem balas como resposta”, reflete a publicação.
A Lei Islâmica é baseada no Alcorão, livro sagrado do Islamismo, e na biografia do profeta Maomé, que une Estado e Religião nos países que a adotam.
Reportagem Isabelle Valente, com edição de texto de Daniel Deroza e Gabriel Folena
Foto de capa: Pexels
LEIA TAMBÉM: Benedita da Silva reflete sobre mulheres negras na política
LEIA TAMBÉM: Eleições na Itália: Partido de extrema-direita vence e Giorgia Meloni é eleita
Pingback: Irã: onda de protestos no país é reprimida de forma violenta | Agência UVA