A vida de um estudante com deficiência visual não é fácil nem mesmo no dia a dia, mas dentro das universidades os obstáculos enfrentados são bastante significativos. A deficiência visual pode ser classificada em cegueira e baixa visão, e o aluno que possui uma dessas classificações precisa de mais apoio e mais estrutura educacional por parte das instituições de nível superior.
Durante este processo de auxílio, é importante que a compreensão da deficiência não seja tratar a pessoa com deficiência como “coitado”. É entender e tornar possível os aspectos necessários para que ele desempenhe sua tarefa. A perda da visão, seja ela completa ou parcial, dificulta mas não impede totalmente o estudante de cumprir suas funções.
Para que as atividades sejam realizadas com o máximo de proveito e motivação, a universidade e o corpo docente precisam estimular e dar condições para que o aluno seja inserido nos trabalhos. De acordo com a pedagoga com especialização em educação especial e inclusiva Rayane Pereira, é necessário entender os tipos de deficiência para poder saber como adaptar da melhor maneira.
“O cego vai precisar do Braille (sistema de leitura escrita) ou uma máquina Perkins para impressão escrita. Seria interessante ter professores que soubessem ler e escrever em Braille para dar um melhor suporte. Já para os alunos com baixa visão, é importante saber as necessidades de cada um em relação a sensibilidade a luz, tipo de fonte, as variações de contraste (se é preto com branco ou preto com amarelo ou outra combinação) e materiais concretos para que esses alunos possam tocar e sentir o que está sendo abordado em sala”, explica a pedagoga.
Um bom exemplo de auxílio que pode ser prestado pela instituição é a inserção de materiais adaptados para as diferentes situações visuais, e um ambiente externo na universidade que seja pensado para que este aluno possa se locomover em segurança, como também aponta a pedagoga.

“As estruturas de acesso também precisam estar adaptadas com pisos táteis, borda de contraste nas escadas , Braille nos elevadores ou elevadores que falam o andar. Enfim, muitos são os pontos e infelizmente nem sempre isso acontece”, conta Rayane.
Segundo Tatiana Araújo, coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da Universidade Veiga de Almeida, Campus Tijuca, todos os campus da universidade estão preparados para receber os estudantes com deficiência visual, tanto em relação à mobilidade como na aprendizagem. Os campus possuem mapa tátil, piso tátil, sinalização em Braille ao longo da faculdade, elevador com indicação de voz.
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Além disso, os materiais digitais contém lupa eletrônica com zoom, impressora em Braille, entre outros equipamentos necessários para facilitar o aprendizado desses estudantes.
“Uma das maiores dificuldades no auxílio aos estudantes com deficiência é quando estes são “analfabetos digitais”, pois embora a instituição possua diversos recursos tecnológicos, muitos estudantes não sabem como utilizá-los, por isso a UVA pretende firmar uma parceria com o Instituto Benjamin Constant para capacitar esses alunos”, relata Tatiana.

O professor Doutor Josemar Araújo, do curso de Direito da UVA, é cego e fez duas faculdades: uma de Direito e outra de Ciências Sociais. Ele conta que na época não teve inclusão, e que não tinha material específico para o aprendizado de um deficiente visual, o que dificultava seu dia a dia nas aulas.
“Eu era o único aluno com deficiência na turma. Me lembro que pedia para alguém gravar os textos em fita cassete para eu ouvir. Tinha que encontrar alguém com disponibilidade e vontade de ler, e eu estudava ouvindo essas gravações”, conta o professor.

“As provas eu fazia numa máquina de datilografia que a gente sabe as posições das teclas. Também podia fazer prova oral. Tinha dificuldade de leitura do quadro pois os professores não falavam o que estavam escrevendo, então eu pegava o assunto da aula e dava um jeito de estudar”, relatou o professor.
Lei Brasileira de Acessibilidade
Em relação à acessibilidade, a Lei Brasileira de Acessibilidade (Lei Nº 10.098) é de Dezembro de 2000 e apesar do professor Dr. Josemar Araújo ter ingressado na faculdade em 1999, só quando estava no doutorado, em 2013, é que a Universidade Federal Fluminense (UFF), na qual estudou, havia colocado piso tátil e alguns outros recursos de mobilidade.
Os Núcleos Especializados das faculdades também precisam estar em contato com os alunos e o professores para que juntos possam melhorar o aprendizado, e o aluno com deficiência também precisa estar receptivo para as propostas que o ajudarão em sua formação.
A inclusão não se trata somente de garantir o acesso à universidade, mas sim um conjunto de ações do sistema de trabalho que permita que esses alunos permaneçam e concluam seus estudos de forma igualitária.
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Vinícius Azevedo – 6° período
Com revisão de Bárbara Souza – 8° período
Linda matéria! Parabéns!
Que matéria espetacular!!!
Muito bem escrita.
Parabéns Vinícius Azei.
Parabéns VINICIUS AZEVEDO!
Matéria muito elucidativa .
Parabéns aos professores entrevistados .
Que a Universidade UVA continue no empenho de cada vez mais se especializar na inclusão dos deficientes visuais.👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Excelente matéria, trás uma visão suscita mas abrangente das necessidades emedidas já aplicadas para inclusão dos deficientes visuais. Parabéns Vinicius pelo brilhante trabalho
Que matéria maravilhosa! Parabéns Vinícius pelo seu trabalho e a Universidade Veiga de Almeida. Por mais espaços assim.
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