Por Vinícius Azevedo
Muito se fala sobre resolver os problemas dos deficientes visuais, sobre inclusão, mobilidade, mas poucas ações são postas em prática e as que saem do papel não possuem manutenção para que não se degradem. É preciso, também, que as pessoas respeitem os direitos e hajam de forma consciente.

Meu nome é Vinícius Azevedo, sou deficiente visual, tenho baixa visão, e os problemas para minha locomoção já começam quando saio de casa. Calçadas e ruas esburacadas, bueiros abertos sem nenhuma proteção, meios-fios quebrados e sinais de trânsito com defeito, sem nenhum indicador sonoro que torne possível uma pessoa que não enxerga identificar se pode ou não atravessar. Além disso, há falta de sinalizações táteis que sirvam como guia. Enfim, uma infinidade de dificuldades para quem não possui o sentido da visão, seja total ou parcialmente.
O transporte público, que em si já é de má qualidade para todos (ônibus com falta de manutenção já virou normal), no meu caso é ainda pior, pois na maioria das vezes o motorista não para no ponto corretamente, tanto para pegar o passageiro quanto para que este salte. Param longe da calçada, algumas vezes até abrem a porta no meio da rua ou em cima de buracos, e cada um que se vire. Os degraus de subida e descida dos ônibus são muito altos, o que pode causar acidentes, e também não possuem tira antiderrapante de cor diferente para fazer contraste, o que ajudaria pessoas como eu, com baixa visão, a enxergar onde termina o degrau.

No metrô é um pouco melhor, por haver piso tátil de cor diferenciada, bem como a qualidade do transporte ser bem melhor, mas observo dois problemas importantes: o primeiro é a falta de mapas ou informações em Braille, e ainda que algumas estações possuam este recurso, nem sempre está escrito de forma correta. O outro problema é que nem sempre as estações são anunciadas, assim dificultando a localização para o deficiente que então precisa perguntar a algum passageiro.
A deficiência visual limita muitas coisas, mas se a inclusão for feita de forma séria e as pessoas realmente respeitarem os direitos e o espaço de cada um, tudo será mais tranquilo, e o dia a dia será um pouco mais fácil para quem depende desse olhar.
Vinícius Azevedo (7º Período)
Foto de capa: Eren Li/Pexels
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