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Festival 3i aborda construção da sustentabilidade no jornalismo

Mesa durante o festival aborda a necessidade de pensar mais estrategicamente na condução do negócio jornalístico

A segunda palestra do primeiro dia do Festival 3i, ocorrido na última sexta-feira (5), na Casa da Glória, no Rio, colocou em pauta a dificuldade de financiamento para o desenvolvimento de um jornalismo pleno. Além da necessidade de iniciativas jornalísticas que cubram os desertos de notícias – cidades ou regiões do País ou do mundo sem, pelo menos, um veículo jornalístico.

Ao abordar os desafios enfrentados na criação e no financiamento de organizações jornalísticas independentes, o jornalista e diretor da consultoria “Macroscope London”, Sameer Padania destacou a necessidade de ser transparente com investidores, além de também demonstrar a quem financia seu negócio propósitos e valores importantes para cada organização.

“É importante estabelecer uma missão e visão sólida [de seu negócio] como base para o planejamento estratégico e para o desenvolvimento de seu veículo”, diz o consultor. 

Com base em sua experiência na “Macroscope London”, ele contou como é possível transformar e fortalecer os ecossistemas jornalísticos de interesse público, trabalhando em conjunto com diferentes stakeholders para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades emergentes.

Sameer, de pé à direita, compartilhou algumas dicas do que vem praticando em sua consultoria. Foto: Luiz Reis/Agência UVA/Jota UVA

Com mediação da jornalista Graciela Selaimen, Sameer enfatizou ainda a necessidade de realizar pesquisas, análises e obter insights relevantes, bem como realizar estimativas organizacionais para obter uma compreensão do contexto em que a organização está inserida. Para ele, as notícias locais são importantes, pois impulsionam a participação democrática, o engajamento e o relacionamento com a sociedade civil. Além da responsabilidade pública e o combate à desigualdade de informação, além de conectar comunidade, economia, artes e cultura, orgulho cívico.

Ele fala também sobre o ambiente hostil relacionado questões de segurança e diferenças sociais para o jornalismo, e da conexão de redes de jornalistas para fornecer apoio mútuo, compartilhar informações e recursos, e ampliar a segurança e a eficácia do trabalho jornalístico. Isso porque, os jornalistas enfrentam desafios e ameaças ao realizarem seus trabalhos no cotidiano.

“O jornalismo é, hoje, muito mais “poroso” de colaboração, algo diferente do que se via no passado. Temos visto novas formas de se relacionar em coletividade e é importante que os veículos se apropriem disso ao realizarem seus trabalhos”, afirma Sameer.

Paralelamente, a jornalista argentina e diretora regional para América Latina do International Fund for Public Interest Media (IFPIM), Vanina Berghella, centrou sua fala em tornar a ética e a transparência da organização cada vez mais visíveis, pensar em alianças com outras mídias e/ou organizações com questões de interesse comum, e ter a missão e visão alinhadas com o objetivo do subsídio financeiro ou da bolsa.

“A sustentabilidade na mídia deve ser pensada com uma abordagem holística, refletindo não apenas sobre o conteúdo jornalístico, mas também outros aspectos essenciais do negócio, como produção, inovação, gerenciamento de equipes, finanças e modelo de negócio. Todos esses elementos estão interconectados e desempenham um papel crucial na busca por um ecossistema midiático sustentável”, pondera Vanina.

Jornalismo também é business
A argentina reforçou a importância de os veículos, pensando em seus respectivos financiamentos, trabalharem com planos de negócio, planejamento financeiro e diversificação de fontes de renda. Segundo ela, é essencial considerar os modelos de negócios e as fontes de receita como formas de financiamento da mídia, bem como a publicidade, o pagamento por notícias, serviços, desenvolvimento e comercialização de produtos, e doações. A sustentabilidade se dá a partir da combinação de tudo isso.

“Não devemos apenas pensar que o financiamento vai solucionar os problemas. Ele ajuda muito, claro. Mas pensar no planejamento e na utilização de recursos para que seja produtivo financeiramente e sustentável a longo prazo”, revelou Vanina.

Ela ainda reiterou a importância do jornalismo na construção de democracias. “É preciso haver a necessidade de que os governos entendam a importância do jornalismo para uma democracia sólida”, conclui.

Foto de capa: Luiz Guilherme Reis/Agência UVA/Jota UVA

Reportagem Luiz Guilherme Reis com edição de texto de Daniela Oliveira

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4 comentários em “Festival 3i aborda construção da sustentabilidade no jornalismo

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