Um dos cases queridinhos apresentados no Festival 3i, de inovação no jornalismo realizado no fim de semana (6 e 7), na Casa da Glória, está o “Projeto Querino”, produzido pela “Rádio Novelo” e cujo host é o jornalista Tiago Rogero. Mais do que números importantes (mais de 1 milhão de downloads no Spotify), o podcast foi divisor de águas na produção deste tipo de conteúdo no Brasil: sua pesquisa histórica, suas técnicas de storytelling e de sonorização, usadas na produção e pós produção, além de um olhar afrocentrado “de um Brasil que não conhece o Brasil” marcaram para sempre a forma de se fazer este tipo de produto jornalístico.
Quem apresentou o case durante o 3i foi Bia Ribeiro, jornalista e analista de produto e audiência da “Rádio Novelo”:
“O Projeto Querino lança um olhar afrocentrado sobre a história do Brasil, uma história que não está nos livros, que não é contada nas escolas, mas que explica muito bem o Brasil de hoje”, diz Bia.
O objetivo principal do projeto, como ressaltado durante o evento pela jornalista, é promover a diversidade, combater o racismo estrutural e valorizar a cultura afro-brasileira.
“O Querino desconstruiu estereótipos e deu voz a histórias autônomas e relevantes que, infelizmente, não foram abordadas pelos meios de comunicação tradicionais”, explica Bia.
Tempo de produção
O “Projeto Querino” surge como um marco na podosfera brasileira também ao dedicar dois anos e oito meses de produção, contando com mais de 40 profissionais envolvidos. Seus oito episódios conquistaram mais de 1 milhão de downloads e alcançaram o topo da parada de podcasts no Spotify.
No entanto, o impacto dessa iniciativa transcende números e estatísticas. Com uma abordagem imersiva e temáticas relacionadas à cultura afro-brasileira, o “Querino” revelou um Brasil desconhecido. Bia afirma que mais do que um podcast, o projeto se tornou um veículo de mudança social.
“Trazendo as histórias que precisam ser contadas, as vozes que precisam ser ouvidas e as realidades que precisam ser confrontadas em um país marcado por desigualdades e preconceitos, procurando trazer esperança para uma sociedade mais justa e inclusiva”, completa.
Responsável pela distribuição e divulgação de canais do projeto, Bia se empenhou em “entender e decidir qual seria a melhor maneira de entregar o conteúdo para a audiência em que tínhamos duas opções: disponibilizar os episódios semanalmente ou disponibilizá-los todos juntos nas plataformas de áudio. Acabamos optando por entregar todos os episódios em agosto de 2022 e os extras em novembro do mesmo ano”, diz Bia.

A jornalista revela que o “Projeto Querino” foi inspirado no podcast icônico “1619”, do “The New York Times”, liderado pela jornalista Nikole Hannah-Jones, que teve como iniciativa jornalística examinar a história e o legado da escravidão nos Estados Unidos. Ele foi lançado em 2019, no 400º aniversário da chegada dos primeiros africanos escravizados às colônias britânicas na América do Norte. O projeto se propõe a abordar a influência duradoura da escravidão na sociedade americana, explorando seus efeitos em áreas como política, economia, cultura e identidade nacional.
Foto de capa: Divulgação/Festival 3i
Reportagem de Luiz Guilherme Reis com edição de texto de João Pedro Agner e Daniela Oliveira.
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