Jornalismo inovador, inspirador e independente. Essa é a premissa do Festival 3i, que está juntando, desde sexta-feira (5) na Casa da Glória, no Rio, profissionais de diferentes regiões do País para discutir o cenário do jornalismo brasileiro e dar espaço para veículos independentes.
A primeira mesa do evento, “Redes, jornalistas locais e hiperlocais”, mediada por Sanara Santos, jornalista formada pela “Énois” e coordenadora de formação do projeto, teve como convidados Emilio Azevedo, da “Agência Tambor”, Claudia Ferraz, da “Rede Wayuri”, Jefferson Barbosa, do “Perifa Connection”, e Luene Karipuna, da “Rede de Jovens” do Coiab.

O primeiro debate buscou apresentar as iniciativas para o público e reforçar a importância de cada um dos projetos. Claudia Ferraz, da “Rede Wayuri de Comunicadores Indígenas”, coletivo localizado no município de São Miguel da Cachoeira, no Amazonas, explica que o projeto faz jornalismo para se comunicar com os povos indígenas do município.
A Rede Wayuri noticia principalmente por meio da rádio local mas também atua na produção de podcasts, sendo eles produzidos nas diferentes línguas faladas pelos povos originários, para que a informação possa chegar a todos.
“Nossa missão é levar informações para os parentes [como os indígenas se referem a eles mesmos] do território para que eles não sejam mais enganados. Só nós mesmos podemos falar da gente e para a gente”, explica Claudia.
Outra que também reforçou essa ideia foi Luene Karipuna. A ativista da “Rede de Jovens da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira” (COIAB) conta que o projeto surgiu na época da pandemia da Covid-19. O objetivo era revolucionar a forma com a qual a informação era passada e garantir que suas histórias fossem contadas a partir da perspectiva de alguém que realmente entende do assunto.
“Precisamos revolucionar a maneira como passamos a informação no Brasil. Além de pautar as pessoas por meio das redes sociais, a gente também precisa pautar o debate público. Quando trazemos assuntos indígenas para pessoas não indígenas, a gente também reeduca sobre quem somos nós, porque estamos aqui e porque queremos estar nesse espaço [como o 3i] como comunicadores indígenas”, diz Luene.
A comunicadora celebrou sua presença no festival: “a gente veio aqui para contar nossas histórias a partir dos nossos olhares, a partir das nossas lentes, a partir da nossa vivência no território”, pontua.
Além da perspectiva indígena, o palco trouxe também Jefferson Barbosa do “PerifaConnection”, que também falou sobre a diferença do 3i em relação a outros festivais.
“O jornalismo que é produzido e celebrado aqui no 3i não é um jornalismo hegemônico, não é o que alguns chamam de grande mídia. Então, é muito importante porque objetivamente é um jornalismo que tem mais liberdade e está menos preso a poderes econômicos”, explica ele.
O “Perifa Connection” possui uma coluna na “Folha de São Paulo” e no jornal “Meia Hora” e tem como objetivo informar e trazer narrativas sobre as periferias por meio da comunicação e articulação política.
Por fim, Emílio Azevedo, da “Agência Tambor”, explicou que:
“A Agência Tambor nasce como uma forma de protesto, para enfrentar a ditadura midiática do Maranhão”.
Da mesma forma que os outros veículos, a Tambor mostra de um ponto de vista diferente e que não é influenciado pelas grandes mídias.
Sobre o Festival 3i
O festival acontece desde 2017 e é considerado o primeiro evento nacional focado na inovação e liderança para jornalistas e empreendedores. A última edição aconteceu de forma virtualizada em março de 2022, devido às consequências da pandemia da Covid-19, e contou com a participação de aproximadamente 3 mil pessoas. Os ingressos já estão esgotados, mas alguns painéis e mesas serão transmitidos ao vivo pelo YouTube, de forma gratuita. A programação completa do evento está disponível aqui. Para mais informações, basta acessar o site do Festival 3i.
Foto de capa: Agência UVA/Malu Danezi
Reportagem Malu Danezi com edição de texto de Daniela Oliveira
LEIA TAMBÉM: Festival 3i: evento contará com diversas personalidades do jornalismo
LEIA TAMBÉM: Festival 3i terá três dias de debates sobre jornalismo inovador
Pingback: Festival 3i aborda construção da sustentabilidade no jornalismo | Agência UVA
Pingback: “A melhor forma de conquistar o público é entender com quem se fala”, diz Tamara Gil, da BBC | Agência UVA
Pingback: Festival 3i retrata a estratégia de conteúdo como case de sucesso da Agência Lupa no TikTok | Agência UVA