A cantora e artista multimídia Linn da Quebrada, recém saída do BBB 22, e a doutoranda em Comunicação e pesquisadora Mariah Rafaela fizeram coro: “precisamos, urgentemente, avançar na pauta da temática trans no Brasil”.
Para elas, que são mulheres trans (pessoa que se identifica com um gênero diferente daquele que lhe foi atribuído com seu sexo ao nascer), é chegada a hora de ter mais interlocutores transexuais, líderes de áreas que sejam trans, funcionários, amigos, colegas. “Quem aqui emprega uma mulher trans? Quem aqui tem uma amiga ou amigo que é trans?”, provocou Linn, durante a mesa “Comunicação de Marca, Inclusão, Respeito e Diversidade”, no Rio2C, o maior evento de criatividade da América Latina, que está sendo realizado ao longo desta semana, na Cidade das Artes, no Rio.
A audiência da mesa, realizada na quinta-feira (28) à tarde, foi composta por cerca de 250 pessoas dos mercados da comunicação, entretenimento, música, games, tecnologia e outros. Poucas mãos se levantaram para a pergunta de Linn e um breve silêncio pairou no ar.
“Quero de vocês o compromisso de que vão fazer diferente daqui para frente: vão se esforçar mais para conhecer pessoas trans, entender melhor, estudar mais. Não queremos ser as ‘wikitrans’ de vocês”, disse Linn, sob aplausos.

Para Linn, a pauta não avança porque “seguimos falando apenas do que é ser trans no Brasil. Quando a coisa é mais complexa. Não quero falar só das minhas cicatrizes, mas também quero cantar minha música, descobrir outras Linnas, para além daquela que milita, para além da travesti. Também quero vir aqui para o Rio2C para falar de outras coisas e não só sobre minha transexualidade”, expôs, entregando o quanto o tema ainda engatinha.
Mariah Rafaella, que é formada em história da arte e pesquisadora do campo da Comunicação, falou de sua experiência apoiando grupos de mulheres trans periféricas, que, durante a pandemia da Covid-19 sobreviveram com apoio mútuo, fortalecimento de laços e trocas.
“Essa população, especificamente mulheres trans periféricas, que é, em sua maioria negra, sobrevive com cerca de R$ 100 ao mês. Foi esta triste realidade que minha pesquisa [acadêmica] apontou. São pessoas que têm suas oportunidades muito reduzidas. Fortalecer essas mulheres é essencial hoje”, disse.
Sobre marcas e diversidade
Como a mesa falava de comunicação de marcas, inclusão e diversidade, as duas deram o “papo reto” para quem assistiu: “é chegada a hora de as marcas irem além dessa pontinha do iceberg que vêm fazendo. Elas precisam se humanizar cada vez mais. Precisam, de fato, estar mais envolvidas com a causa. Não só a nossa, mas a de todas as minorias, que não são de fato tão minoritárias assim”, disse Linn. Mariah completou:
“É também super importante que as marcas se posicionem em casos de racismo, homofobia, LGBTQI+fobia, transfobias e outros tipos de preconceito. Não dá mais para ficar em cima do muro”, completou Mariah.
Abaixo você vê um trecho da fala de Linn no Rio2C. A Agência UVA e os projetos TV UVA, NFoto e Agecom têm feito a cobertura do festival em suas redes.
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Foto de Capa: Divulgação/Rio2C
Daniela Oliveira é jornalista, Mestre em Comunicação, professora e Coordenadora da Agência UVA.
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