Palco BrainSpace, recém inaugurado, trouxe conversas sobre o cérebro e sua interseção com a criatividade, nesta quarta-feira (24), na Cidade das Artes
O segundo dia de Rio2C, maior evento de inovação e criatividade da América Latina, foi marcado por conversas que traçaram paralelos entre a tríade cérebro, tecnologia e criatividade. O palco perfeito para abordar o tema durante o festival, que está sendo realizado na Cidade das Artes desde a terça-feira (23), foi o recém inaugurado BrainSpace, voltado à neurociência e a sua interseção com a criatividade.
Mychael Lourenço, PhD e professor assistente do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falou sobre as pesquisas realizadas em seu laboratório em busca de uma possível cura para o Alzheimer.
“Observamos, recentemente, em testes de laboratório que existem similaridades entre diabetes e o Alzheimer”, disse. “Por isso, estamos testando drogas usadas para diabetes em ratos com demências cerebrais como o Alzheimer”, completou. “Não é uma solução imediata, porque ainda estamos em fases de estudar as consequências desta medicação, mas posso dizer que estamos no caminho”, completou.

Mychael falou ainda da associação entre a prática de atividade física e o Alzheimer. Outros estudos feitos nos laboratórios da UFRJ mostram que praticar exercícios, que liberam certos hormônios (como a irisina) e enzimas, podem também ajudar na prevenção à doença. “São estudos preliminares, mas podemos dizer que o corpo também impacta favoravelmente o cérebro e não apenas o contrário, como sempre estudamos”, completou, incentivando a prática de exercícios físicos. “Sabemos que exercícios físicos são incríveis por uma série de fatores, agora, podemos também pensar que estamos nos exercitando e ajudando nosso cérebro”, finalizou.
Sociedade hiperconectada
Numa outra apresentação que chegou a encher o espaço BrainSpace, Patrícia Bado, Mestre e doutora em neurociências pela UFRJ e Tiago Bortolini, biólogo, mestre em Psicobiologia e Doutor em Neurociências, debateram os efeitos da hiperconexão via internet no bem-estar humano, com foco especial no uso das redes sociais. “Seriam as redes tão nocivas como têm sido apresentadas em muitas pesquisas?”, perguntou o jornalista Alexandre Roldão, que moderou o painel.
Curiosamente, ambos os pesquisadores revelaram não fazerem uso de redes sociais, provavelmente por conta das pesquisas que mostraram: quanto mais tempo alguém passa hiperconectado, menos felicidade sente. Patrícia mostrou, por exemplo, um gráfico que comparava YouTube, Facebook, Instagram e Snapchat. Especificamente, a rede considerada pelos usuários como mais “nociva” foi justamente o Instagram.
Tiago relembrou que o ser-humano é social por natureza e gosta de interagir. Mas para o pesquisador, em geral, a sociedade atual conectada nas redes sociais tem realizado conexões que ele chamou de “amizade fast food“.
Ambos reforçaram o quanto é importante criticar não a rede em si, mas sim o uso dela. Como exemplo, falaram de idosos, que quando conectados pelo Facebook, podem sim ter seus níveis de felicidade aumentados. Outro ponto comentado por eles, foi o quanto o uso do celular tem ocupado lugar do ócio, tão necessário para a criatividade. “Muitos pesquisadores, especialmente lá de fora, sugerem que as redes sociais serão reguladas como tem sido feito com a indústria tabagista. Ainda não tenho uma opinião formada sobre isso, mas penso que pode ser um caminho”, disse Patrícia.
Cérebro meditativo
Num dos últimos painéis do dia, a bióloga Elisa H, pesquisadora e docente na área de neurociência falou sobre os efeitos de práticas meditativas cujo número de praticantes triplicou nos últimos anos, segundo pesquisa realizada nos Estados Unidos. A palestra de Elisa está inteira disponível no link abaixo:
Daniela Oliveira, professora responsável pela Agência UVA
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