Pensando na inclusão, o Instituto Benjamin Constant (IBC) lançou no dia 23 de setembro, um álbum de figurinhas da Copa do Mundo elaborado especialmente para pessoas com algum grau de deficiência visual.
O álbum, que possui design e montagem baseados em braille (modelo tátil de texto) começou a ser distribuído pelo instituto na última semana. Além dos alunos matriculados na instituição, também terão acesso ao álbum as crianças que recebem a revista “Pontinhos”, material veiculado ao instituto e disponibilizado internacionalmente, com passatempos, poesias e curiosidades para estimular crianças com deficiências visuais a aprender enquanto se divertem.
Em conversa com a Agência UVA, Luigi Amorim, diretor do Departamento de Educação do Instituto, destacou a representatividade gerada não só pelo atual material produzido, mas por todo o trabalho realizado pelo IBC.
“O Benjamin Constant, tem, além da educação, a missão de tornar acessível [para pessoas com deficiência] tudo aquilo que a sociedade está vivendo”, explica Luigi.
Vinícius Azevedo, aluno de Jornalismo da UVA, colaborador da Agência UVA e pessoa com baixa visão, acredita que o álbum adaptado possibilita uma experiência mais aprofundada do evento, que antes não era inclusivo dessa forma.
“As pessoas com deficiência só podiam ouvir o que era falado sobre a Copa e os jogos. Essa experiência mais imersiva, para nós, possibilita o entendimento do evento, o melhor conhecimento dos jogadores, dos estádios…”, enumera Vinicíus.
Alunos do Instituto Benjamin Constant não deixaram de expressar a animação com o material produzido. Theo Caldas, aluno do IBC, está entre eles. Abaixo, confira postagem feita por ele em uma rede social.
Luigi Amorim, diretor do IBC, ressalta a importância da conversão de materiais diversos para modelos acessíveis. Vinícius confirma a necessidade mapeada por Luigi ao contar que, durante sua vida acadêmica e escolar, passou por momentos em que a falta de materiais acessíveis o prejudicou: “Na escola, por exemplo, somente no Ensino Médio tive livros adaptados para o grau da minha deficiência”, diz Vinícius.
A falta sentida pelo outro foi o que motivou o diretor do IBC a adaptar o álbum da Copa. Para ele, hoje já há tecnologia e recursos suficientes para tornar acessível um grande leque de materiais, e a dificuldade não está no processo técnico. Luigi acredita que o desafio é estar atento ao que é de interesse das pessoas com deficiência.
“Me deparei com um aluno tentando confeccionar o seu próprio álbum. Aquilo me tocou, porque nós temos capacidade e recursos para fazermos, basta estarmos atentos a esses sinais”, reflete o diretor.
Luigi deseja que, em todo ano de Copa do Mundo, seja lançada uma nova edição do álbum, como ocorre com a versão original. O diretor acredita que esse é mais um capítulo ao longo dos 168 anos de atividade do Instituto Benjamin Constant, e torce pela longevidade do projeto: “O Luigi não precisa mais estar em cena. O que precisa estar em cena é que, a partir de agora, todos que possuem deficiência visual poderão brincar e se divertir como todos os demais”, se orgulha.
Foto de capa: Pixabay
Reportagem de Juan Julian com edição de texto de Gabriel Folena
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