Desde segunda (9), o Píer Mauá recebeu a quarta edição do Salão Carioca do Livro (LER). O evento junta entusiastas do mundo da literatura e escritores, em debates e encontros promovendo a cultura. Na quinta-feira (12), um dos destaques foi a mesa “Das telas para as páginas”, que teve o escritor, roteirista e tradutor Jim Anotsu como convidado. Durante o bate-papo, o autor contou um pouco da sua trajetória com os livros.
Leitor ávido desde criança, fez questão de inserir menções de suas histórias favoritas nos seus livros. Suas obras têm caráter infantil e fantasioso, e se tornaram referência na literatura juvenil brasileira.

O escritor menciona que um de seus livros mais famosos, “A espada de Herobrine”, que se passa no famoso universo de jogos “Minecraft”, foi escrito por acaso. Sua intenção era levar o mundo dos livros para um membro de sua família que não tinha interesse no assunto, mas que era fã do jogo. Conforme o alcance das obras aumentava, outros profissionais foram conhecendo seu trabalho, até chegar em um diretor de cinema.
Essa popularização fez com que o escritor se tornasse roteirista da nova adaptação cinematográfica de “Sítio do Pica-pau Amarelo”. Apesar da clássica história possuir elementos racistas e eugenistas, Monteiro Lobato trazia temáticas importantes sobre a questão do petróleo e da natureza. Para Jim, adequar essa história às necessidades do presente é um dos desafios do trabalho.
“Eu tenho que equilibrar Monteiro Lobato com a minha visão de mundo”, pontua o escritor.
Sendo autista e portador de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), o autor conta que usa as possíveis dificuldades a seu favor. Utiliza bastante o hiperfoco, característica autista em que a pessoa põe em foco um determinado assunto e pode ficar horas fazendo a mesma coisa: “Esqueço de comer porque estou muito concentrado”, acrescenta.
Uma de suas maiores críticas ao momento social atual em relação às crianças é a forma com a qual elas vêm sendo tratadas, como se fossem “menos inteligentes”, e reconhece que elas têm um feedback mais honesto do que a maioria dos adultos. Por isso, seus livros debatem o fascismo e trazem referências a autores que não produzem conteúdos voltados para o público infantil. Apesar de receber críticas e ofensas de pais que consideram esse debate inadequado, o escritor é pontual em reconhecer a importância da criança.
“A criança é o ser mais curioso e aberto do mundo, então precisamos desafiá-la para que crie músculos e cresça como uma criança pensante”, finaliza.
Foto de capa: Jim Anotsu/Twitter
Malu Danezi (3ª período), com revisão de Leonardo Minardi (7º período)
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