DVDs e Blu-rays, mídias que fizeram muito sucesso no passado, hoje perderam espaço no mercado devido ao sucesso estrondoso dos streamings de vídeo como Netflix, Prime Video, Disney Plus, entre outros. Apesar disso, uma colaboração silenciosa tem conseguido reerguer essa parte da indústria.
O designer gráfico, Lucas de Paula Silva (24), conta que apesar da praticidade e simplicidade dos serviços de streaming, ele ainda coleciona as mídias físicas como uma forma de reconhecimento por aqueles filmes que o marcaram e também para homenagear um produto que fez parte da sua vida.
“Acho que o maior trunfo do streaming é a praticidade. Já a mídia física, para mim, é como um tributo às obras. Eu gosto de contribuir com as coisas que admiro, e os filmes não são diferentes. Comprar a mídia física é minha forma de dizer que aquela obra me impactou, e quero recompensar os criadores por isso”, afirma Lucas.

(Foto: Reprodução/Desefoto)
O turismólogo Ernane Pedro Ribeiro Rios (34) explica de onde vem sua paixão pelas mídias físicas de filmes, fazendo um apelo para que os colecionadores não desistam destes produtos, porque assim conseguirão sustentar este mercado:
“Comprei meu primeiro aparelho de DVD, um modelo D-10 da Gradiente, em 2001. Naquela época eu já colecionava VHS, inclusive as fitas do 007 da Coleção Caras, dentre outras. Mas o DVD parecia um sonho realizado: você tinha o filme num disco tal qual o CD, a melhor mídia disponível na época, sem precisar rebobinar, escolher dublado ou legendado, e ainda por cima, muitas vezes, tinha acesso ao material extra, que pra mim era, continua sendo e sempre será um delírio”, relembra Ernane.
Um grande ponto para essa crise neste tipo de setor se deve à chegada dos serviços de Streaming, uma transformação que começou com a Netflix. A empresa iniciou suas atividades nos anos 1990 como um serviço de locação de DVDS, e em 2007 decidiu se aventurar em um novo mercado: o das plataformsa de filmes e séries online. O sucesso desta nova tendência para a época foi tão avassalador que, após 5 anos de funcionamento, a Netflix já contava com 33 milhões de clientes em todo o mundo.
Fábio Martins, dono da FAMDVD, empresa especializada em distribuição de filmes em mídia física, é direto quando conta como surgiu a ideia de criar a empresa: pela demanda dos colecionadores, dos quais ele mesmo faz parte. Ele também comenta como foi a passagem de 2020 para 2021 com a indústria trabalhando neste mercado:
“A FAMDVD surgiu da minha insatisfação como colecionador, que recebia pedidos em saco plástico, muitas vezes danificados, por exemplo. Era complicado para trocar, e por isso a FAMDVD sempre manda nas nossas famosas caixinhas brancas. O atendimento também é bem pessoal, humanizado”, se orgulha Fábio.
A volatilidade dos conteúdos no streaming é um ponto importante para os colecionadores, que os influencia a optarem por manter o formato físico frente ao digital e online. Conteúdos que estão nesses serviços podem sair a qualquer momento, ou seja, o cliente paga um preço pelo streaming, mas não é “dono” dos filmes.
“Streaming é a bola da vez. É um serviço muito bom, mas ele não atende aos colecionadores. Você começa a assistir um seriado, e de repente o tiram do catalogo. Colecionador não passa por isso”, observa Fábio.

(Foto: Reprodução/Enjoei)
O estudante de administração, Yuri Macau (24), comenta sobre suas principais coleções de mídia física e porque elas tem tanto valor emocional para o colecionador:
“O box de ‘Stargate SG-1’, que paguei com meu dinheiro, e o box digipak de ‘Star Wars’ que meu pai adquiriu, foram momentos diferentes mas que têm a memória envolvida. ‘Star Wars’ foi a primeira franquia que meu pai me apresentou, e ‘Stargate’ a primeira série “mais adulta” que assisti enquanto criança. Então, ter esses itens materiais para poder abrir, olhar, e rever para mim é sensacional por tudo que representam”, explica Yuri.
A prática de colecionar filmes através do formato DVD e Blu-ray faz com que os compradores se sintam como os verdadeiros donos destes produtos, evitando que fiquem a mercê de parcerias que acontecem entre a maioria dos serviços de streaming e estúdios. Além deste conteúdo, as mídias podem proporcionar uma experiência gráfica mais agradável, como a presença da embalagem e de materiais inéditos. Assim, os produtos parecem ser tão invejáveis e dignos de serem colecionados como camisas, action figures e outros produtos que atraem colecionadores.

(Foto: Reprodução/Enjoei)
No Brasil, as empresas responsáveis pela distribuição de filmes adotaram a disponibilização de livretos, cartões, pôsteres e o — muito desejado — o steelbook. Cenas dos bastidores, erros de gravação, entre outros conteúdos também são oferecidos nestes produtos, agregando valor.

(Foto: Reprodução/M&J´s Collection)
Há, ainda, um novo público, majoritariamente mais jovem, que não teve a experiência responsável pela nostalgia e pelo apreço à mídia física — e por símbolos que a representam, como locadoras de vídeo. Sem dúvida, o símbolo encarnado nos pequenos discos marcou época.
Rafael Barreto (8º período) com revisão de Gabriel Folena (6º período)
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Sou colecionador a 15 anos ,e vivi a era das video locadoras.
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