Entretenimento

A TV por assinatura ainda tem espaço no mercado?

A TV por assinatura tem passado por algumas dificuldades devido aos seus planos caros e a demanda pelo Streaming que oferece um serviço mais barato.

A TV a cabo, que há muito tempo era o sonho de consumo de muitos brasileiros, atualmente tem perdido muitos clientes por conta de seu preço alto, comparado a outros serviços de streamings como Netflix, Amazon Prime Video, Disney Plus, entre outros. Apesar desses agravantes, alguns clientes ainda mantêm o serviço por conta da possibilidade de assistirem a campeonatos esportivos ou mesmo por não terem se acostumado aos serviços sob demanda.

Campeonatos esportivos tem feito as pessoas continuarem com a TV a cabo. (Foto: Imago / OneFootbal)

Este ano não começou muito bem para este setor de entretenimento. Segundo dados fornecidos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), apenas no mês de janeiro, o mercado responsável pelos serviços de TV a cabo, chegou a ter prejuízo, ao perder mais de 180 mil clientes. No total, este mês computou que cerca de 183,3 mil usuários decidiram encerrar seus planos de TV por assinatura em todo o país. Assim, a quantidade de clientes neste setor continua a diminuir. Se comparado a um ano atrás, em janeiro de 2020, este setor diminuiu em cerca de 4,97%, caindo de 15,4 milhões de clientes para 14,6 milhões.

David Pessoa, estudante de 20 anos, explica por que optou pelo streaming no lugar da TV por assinatura. Para ele a TV limita o horário e programação que o usuário quer assistir, enquanto no streaming é possível assistir o que quiser e no melhor horário possível.

“Eu acho que os serviços de Streaming têm muito mais variedade que a Tv a cabo. É muito melhor assistir ao programa que eu quiser, no horário que eu quiser, ao invés de ficar limitado pelos horários de exibição da Tv a cabo”, comenta David.

Com a queda de usuários, este setor tem perdido o status por todo o Brasil. De acordo com a Anatel, este tipo de serviço, hoje se encontra disponível para cada 21 pessoas de 100 mil habitantes. Entres as operadoras que atuam no mercado, a Claro, que hoje tem total controle sobre a Net, tem mostrado sua dominância no setor. Ela corresponde a metade dos usuários de TV a cabo brasileira com 47,21%. Em seguida vem a Sky com  30,43%, Oi com 11,64% e a Vivo fecha essa lista com 8,47% dos clientes.

Robson de Oliveira Ramos, advogado em Teresópolis, conta por que ainda mantém a TV por assinatura na sua casa. Para ele ainda existem programas que valem a pena assistir e que não existem em uma Netflix, por exemplo. Apesar de manter o serviço, ele ainda se diz preocupado com o preço que se encontra muito caro.

“Gosto dos documentários dos canais History, HGTV e Discovery. E para jogos de futebol e NBA vejo no SporTV e ESPN. Para mim, a vantagem do Streaming é poder ver alguns programas, filmes ou séries na hora que eu quiser. Mas acabo assistindo mais tv a cabo pela diversidade da programação. Acho a tv a cabo caríssima e estou preocupado com a tendência da necessidade de adquirir diversos pacotes para assistir tudo que desejo (Carioca, Combate, Conmebol), afirma Robson.

Após um recorde surpreendente em 2014 com cerca de 19,6 milhões de assinantes, a TV a cabo começou a sofrer uma grave decadência quando as pessoas começaram a migrar para outros serviços. Até o final do ano passado, foi informado pela Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) que a parcela de usuários que ainda se utilizam do serviço estavam entre 14,9 milhões de pessoas. Uma prova que nos últimos anos este mercado não tem conseguido convencer muitos novos entusiastas.

A TV a cabo ainda possui diversos canais de entretenimento. Foto: TV Magazine)

A perda de assinantes tem sido explicada pelos analistas proporcionalmente ao surgimento e a ascensão dos serviços de Streaming por assinatura, como Netflix que domina este mercado tão competitivo. Por oferecerem um produto bem mais barato que a TV a cabo e com um catálogo que vai de séries, filmes, documentários, desenhos e muitos outros conteúdos podendo ser vistos na hora que quiserem e sem ter que esperar a programação da TV, hoje muitos trocam a TV pelos streamings, como uma forma de pagar menos e alcançarem mais temas inovadores.

Rebeca Nascimento, Mestre em Comunicação pela UERJ e que estudou Consumo em Plataformas de Streaming comenta que os streamings realmente têm ofuscado a presença da TV a cabo no país, mas isso não significa que o modelo mais antigo esteja fora da atualidade, podendo ser extinto. Vai ser preciso se adaptar cada vez mais às demandas do mercado.

“Algumas estimativas já apontam que o número de assinantes da Netflix no Brasil já é maior do que o de 14 milhões de assinaturas de TV a cabo. Há alguns anos o streaming tem se mostrado como uma ameaça constante a essa modalidade de TV, mas isso não significa o fim desse modelo. Hoje o que vemos são diversas formas de fazer TV coexistindo no mercado. Creio que vamos ver cada vez menos posições de dominância exclusiva como era no passado, e mais serviços encontrando nichos de mercado específicos para continuarem relevantes”, enfatiza Rebeca.

Outro ponto que tem prejudicado a TV, são os casos de pirataria. Existem serviços que oferecem uma TV box, na qual tem todos os canais da TV a cabo, e muitos internacionais, mas de forma ilegal, através da IPTV (sigla que indica a disponibilização de conteúdos de televisão através internet) por um preço bem mais em conta. Nesse sentido, muitas pessoas decidem trocar a assinatura da TV por um produto, que apesar de ser considerado ilegal, tem cada vez mais aumentado o número demais pessoas usando. Há sites por exemplo que oferecem pacotes com mais de 16 mil canais por uma mensalidade de R$ 29,90, enquanto um plano oficial não se acha por menos de R$ 100,00 Este é outro ponto a ser considerado quanto à perda de assinantes.

Gustavo Lacerda, CEO da Luzes Produtora, comenta sobre a situação em que a TV por assinatura se encontra hoje, ponderando que é preciso uma renovação em sua grade de programação, já que ela perdeu seu lugar dominante no mercado, e precisa se adaptar a nova demanda oferecida pelos streamings.

“Acho que a TV a cabo ainda se torna uma vitrine razoavelmente interessante para diversos projetos audiovisuais, mas definitivamente, ela perde o lugar dominante e tem que optar por uma renovação na sua grade de programação para tentar atrair esse público que saiu da TV para consumir o conteúdo do Streaming. Então, os serviços de TV a cabo estão no olho do furacão, de uma mudança muito importante na postura do consumo dos usuários de produtos audiovisuais”, diz Gustavo Lacerda.

Uma demanda que tem sido feita pelas empresa responsáveis é a de entrar para o mundo dos Streamings com os canais de TV. A Globo Play, por exemplo, além do seu streaming chega a oferecer alguns canais por um preço um pouco mais alto que o da assinatura normal. Outro caso que ficou muito em alta foi o da Pluto TV, um serviço de Streaming gratuito que oferece diversos canais como Pluto TV Cine Comédia, Nick Clássico, MTV Pluto TV, Pluto TV Turma da Mônica, entre muitos outros através da ligação com a internet apenas. Disponibilizar os canais através da internet pode ser o futuro para a TV a cabo voltar ao topo.

A Pluto TV tem oferecido um serviço grátis para assistir TV na internet (Foto: Pluto TV/Divulgação)

“Nos primeiros anos dos serviços de streaming, eles chamaram atenção pelos valores mais baixos e catálogo extenso. Essa, inclusive, era uma das maiores ameaças à TV a cabo, que sempre teve um valor elevado. No entanto, hoje o que vemos são diversas ofertas de serviços de streaming, fazendo com que consumidores precisem de múltiplas assinaturas para acompanhar as produções preferidas. Com a descentralização dos conteúdos gerada por serviços de estúdios específicos, o valor desembolsado pode até mesmo super um pacote de TV a cabo. Esse processo pode ser entendido como um ‘reempacotamento’, como explica o autor Michael Wolff”, explica Rebeca.

Apesar de uma perda muito alta de usuários, a TV a cabo ainda não está definitivamente morta, já que muitos optam por mantê-la, juntamente com os streamings, ou também porque há muitos casos de pessoas mais antigas que ainda não conseguiram se acostumar a uma Netflix, por exemplo, devido não entender muito sobre as novas tecnologias, preferindo continuar com suas assinaturas para seguirem novelas e programas característicos só encontrados na televisão. A TV por assinatura ainda mantém seu lugar no mercado, mas como em qualquer outro meio, deve se adaptar às mudanças do mercado.

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Rafael Barreto – 8º período

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