No último domingo, dia 9 de maio, muitos cidadãos franceses decidiram se aglomerar pelas ruas de todo o país, a fim de protestar contra o governo Macron, pedindo que este fizesse investimentos mais precisos na área ambiental, usando como base a defesa de um referendo que visa colocar na Constituição a proteção climática.

Segundo os organizadores dessa marcha, cerca de 115 mil pessoas estavam presentes em 163 manifestações por toda a França, enquanto 56 mil pessoas ficaram situadas na capital francesa. Outras passeatas puderam ser observadas na cidade de Besançon, Chartres, Cherbourg, Lannion, Laval, Lille, Martigues, Nantes, Quimper, Saint-Brieux e Estrasburgo.
O alvo dos protestos, o presidente Emmanuel Macron, já havia se comprometido com essa pauta ambiental, dando voz aos pedidos feitos pela Convenção Cidadã pelo Clima (CCC), em junho de 2020, ao encaminhar ao Congresso um projeto de alteração no artigo 1° da Constituição Francesa, que foi votada por meio de um referendo. Porém, devido a reação contrária do Senado, o texto ainda deverá ser votado nos mesmos moldes por ambas as câmaras, para que assim consiga ser sujeitado ao referendo.
O Eliseu, sede do governo francês, onde o presidente se encontra, afirma que a alteração na constituição não foi deixada de lado e o próprio Macron, no último domingo, já declarou enquanto estava em uma viagem a trabalho em Estrasburgo, que o projeto não será esquecido de forma alguma.
“O que eu garanto é que não haverá abandono”, declarou o presidente francês.
O texto que deve ainda ser colocado na Constituição determina que o país se certifique em cuidar do meio ambiente e dos seus recursos naturais e que faça o combate contra a crise climática. Em contraponto à isso, o Senado francês que possui uma maioria de membros conservadores quanto a prática ambiental, está indo contra a modificação, com medo de que se essa alteração vigorar, as temáticas ambientais possam se sobrepor aos outros elementos constitucionais, perdendo sua importância para assuntos do meio ambiente.
O Professor e Coordenador do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida, Cleyton Martins, comenta sobre essa nova resposta sustentável do mercado e como pode influenciar as empresas e também governos.
“Este comportamento, não somente advindo por parte espontânea da população, também tem pressionado o Mercado, através da escolha e preferência de produtos considerados mais sustentáveis, fazendo com que as Empresas e países (por meio da adoção de práticas de Compliance Ambiental) busquem novas formas de desenvolvimento econômico e de produtos sustentáveis, aliados à preservação do Meio Ambiente, resultando inclusive em sanções a Empresas e nações que não estejam em acordo com estes valores”, explica Cleyton.
Por parte dos defensores deste projeto, como ecologistas, partidos esquerdistas e também os sindicatos, há uma crença que essa demora se trata de uma estratégia do poder executivo. Não só sobre a extinção do referendo, também ocorreram denúncias feitas pelos próprios protestantes quanto à falta de ambição da lei sobre clima e resiliência que foi votada na última terça, dia 4 de maio no parlamento francês.
O sociólogo e consultor político, Luiz Claudio Ferreira Barbosa, comenta sobre as dificuldades enfrentadas pelo governo francês quanto a implementar novas medidas sustentáveis. Ele afirma que devido ao Congresso ser bastante conservador, algumas coisas são difíceis de passar.
“O movimento ecológico francês avançou na última década. O Partido Verde local compreendeu a pauta dos direitos dos animais, assim como manteve a visão do crescimento econômico sustentável. No espectro ideológico e político-ideológico e o contraponto a extrema direita é feita pelo Partido Verde e os novos movimentos ecológicos francês. O Governo Federal francês tem muita dificuldade de implementar uma agenda de política econômica de sustentabilidade. A indústria local teria muita dificuldade de absorver uma série de mudanças no setor de produção. O setor agrícola ainda é formada de uma mentalidade protecionista, no aspecto econômico. O pequeno produtor francês até compreende agenda verde na produção, porém, ainda mantém uma tendência no campo político de apoio à extrema direita”, enfatiza Luiz Claudio.
Este texto tinha como prioridade trazer as 149 propostas da CCC, através de um grupo formado por indivíduos comuns, que foram chamados pelo presidente Macron depois da crise ocorrida com os coletes amarelos em 2018, com o objetivo de conseguir diminuir em 40% as emissões de gases poluentes do efeito estufa no país.
Essa nova tendência faz parte de uma mudança disruptiva do comportamento da humanidade, através da percepção da finitude dos recursos naturais e necessidade de preservação do meio ambiente tanto para esta, quanto para as gerações futuras. Os protestos tais como os ocorridos na França podem passar a ser cada vez mais frequentes e necessários, a medida em que os governantes não atendam aos reais anseios da população bem como às necessidades de desenvolvimento econômico e sustentável do país, em consonância às grandes questões ambientais, enfatiza Cleyton.
Os manifestantes e políticos franceses também usaram as redes sociais para compartilhar os momentos mais marcantes das passeatas por todo o país.
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Rafael Barreto – 8º período
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