Meio Ambiente

Dia Nacional do Cerrado e a importância do jornalista ambiental

Profissionais comentam papel do jornalismo e do cidadão em tempos de crise climática.

O Dia Nacional do Cerrado foi comemorado no último sábado (11), mas não há muito o que se comemorar, pois o bioma tem sofrido bastante com queimadas e desmatamentos. Segundo o Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de janeiro até agosto deste ano, a região registrou o maior número de queimadas desde 2012. Neste contexto, o papel do jornalista ambiental se faz cada vez mais urgente. É o que pensam professores de Jornalismo, pesquisadores e jornalistas da área.

Quando perguntada sobre o papel do jornalista no cenário ambiental, a professora do curso de Jornalismo na Universidade Veiga de Almeida, Diana Damasceno, que é pós-Doutora no Programa Avançado de Cultura Contemporânea, reforça a importância do profissional.

“O jornalista tem um papel fundamental no cenário ambiental. Devemos ser vigilantes em relação às mudanças climáticas, apurar e denunciar lugares – países, cidades, municípios, bem como empresas cujas ações vão contra a preservação ambiental, com suas consequências. Da mesma maneira, devemos ter pautas mais frequentes relacionadas a ações sustentáveis, promotoras de hábitos de vida mais conscientes. O Jornalismo Ambiental deveria fazer parte dos currículos dos cursos de Jornalismo”, diz a professora Diana.

A problemática ambiental vem conquistando cada vez mais espaço na vida cotidiana, deixando de ser futuro para se tornar presente. Por isso, torna-se cada dia mais imprescindível a criação de uma relação harmoniosa entre jornalistas, pesquisadores e cidadãos.

Para a jornalista especializada em meio ambiente, diretora e repórter do Projeto #Colabora, Liana Melo, a questão ambiental, embora relevante na grande mídia e mais coberta atualmente pela imprensa, não recebe ainda espaço suficiente, tendo em vista a magnitude do que vem acontecendo no mundo todo.

“De uns tempos para cá, a questão ambiental tomou tal relevância que você vê mais matérias sobre o tema na grande mídia, nos grandes jornais e até mesmo em televisões. Mas ainda é pouco para o tamanho do problema”, comenta a jornalista.

Embora a crítica situação demonstre possuir um dever de resolução dada pelos grandes personagens da sociedade, todos podem – mesmo que minimamente – cumprir o papel de cuidado com o meio ambiente. Seja por meio de escolhas como a da compostagem ou, simplesmente, o abandono do consumo de produtos de empresas denunciadas por más políticas ambientais.

Para Liana Melo, as contribuições precisam ir além das individuais.

“Quanto às questões de mudanças climáticas, cada um individualmente pode fazer alguma coisa, mas cabe ao indivíduo muito pouco. Para enfrentar a emergência climática, é preciso países envolvidos nisso, política pública que combata essas mudanças climáticas”, finaliza.

A hora de agir é agora
Os conselhos que Liana Melo dá aos interessados no assunto são: leitura constante e intensa procura por informações nas redes que produzem esse tipo de conteúdo. As informações que dizem respeito à mudança climática são variadas, presentes em diversas áreas.

Para terminar, em uma entrevista concedida ao Estado Ecológico, Washington Novaes, famoso jornalista ambiental falecido recentemente, diz que a “a única coisa que muda a consciência humana é a informação.” No que se diz respeito à luta ambiental, mais do que nunca essa frase deve ser carregada no peito.

Para não esquecer
O meio ambiente sofre com a mudança climática e os nossos biomas não fogem da regra. Todas essas alterações afetam – e muito – a biodiversidade brasileira: a exploração da natureza, expansão da agropecuária, uso de combustíveis fósseis, a gentrificação urbana com o aumento a especulação imobiliária. Todas estas ações transformam a vegetação natural e levam a um espaço de vulnerabilidade o que deveria ser cuidado por ser patrimônio natural.

Com isso, algumas regiões com riqueza biodiversa acabam carecendo mais de cuidados especiais para que não sejam extintas. São os chamados “hotspots”, cujo dois exemplos são o Cerrado e a Mata Atlântica.

Segundo estudiosos e ativistas do tema, o aquecimento global está ameaçando, cada vez mais, a vida em sociedade e os impactos ensinam que os seres humanos precisam repensar seu papel no planeta.

De acordo com dados da plataforma Terra Brasilis, em 2020 houve um incremento de desmatamento consolidado de 7,340,10km², compreendendo quase seis vezes a área do Rio de Janeiro. Já uma pesquisa feita pela ONG WWF, de 1970 a 2018 o Cerrado perdeu 50% da sua vegetação original.

Uma das importâncias do Cerrado é o fato de ele abastecer seis das oito bacias hidrográficas do Brasil. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Mas o Cerrado não é o único bioma brasileiro comprometido. Dados coletados pelo Imazon revelam que o desmatamento na Amazônia chegou a 2,095km² em julho de 2021. No ano de 2020, com as queimadas ocorridas no Pantanal, o Brasil acordou cercado por sangue inocente. De acordo com BDQueimadas, desde o começo de setembro de 2021, a Caatinga teve 1912 focos de queimadas, os Pampas 27 e a Mata Atlântica somou assustadores 2218 focos de fogo.

Incêndio no Pantanal traz riscos às espécies endêmicas. (Foto: Daniel Dan)

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em um panorama global, alerta que a temperatura do planeta aumentou cerca de 1,1°C desde o começo da chamada era industrial, tendo, contudo, um aquecimento menor nos oceanos quando comparados às áreas terrestres.

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Natally Valle – 2° Período

Com revisão de Bárbara Souza – 8° período

Foto por Markus Spiske.

Apenas uma estudante de jornalismo que, reconhecendo sua finitude perante a grandiosidade do Universo quando se lembra de olhar para as estrelas (Stephen Hawking), torna-se cada vez mais apaixonada pelos seus livros, pela natureza e por palavras.

8 comentários em “Dia Nacional do Cerrado e a importância do jornalista ambiental

  1. Muito feliz e satisfeito pela matéria. Uma coisa eu sei: Será uma futura grande jornalista, mas eternamente você é a minha filha e sempre terei orgulho de você.

  2. Parabéns pela pesquisa e reportagem. Uma pequena estrela nasce e tem um futuro na imensidão pra brilhar.

  3. Diana Damasceno

    Muito legal. Adorei.

  4. Kellylvalle@yahoo.com

    Conteúdo riquíssimo. Devemos cuidar do meio ambiente!!

    Naty, você vai longe!! Que Deus te abençoe!

  5. Realmente a mídia jornalistica possui um grande papel na transferência de informações para o público em grande escala , trazendo muitas contribuições atravez de muitos meios de comunicações e quando se trata dos impactos ambientais é coisa séria, sendo mais do que necessário agirmos o quanto cedo ,alguns danos já parecem ser irreversíveis ,mas se tomarmos as ações certas agora podemos evitar grandes catástrofes no futuro. Ótimo trabalho.

  6. Parabéns pela iniciativa de pôr informações sobre a questão ambiental. Algo muito importante de passar para as pessoas uma forma de coentização, sobre como devemos levar isso realmente a sério! O futuro está para vir e hoje podemos fazer a diferença. Parabéns pela matéria!

  7. Matheus Nascimento

    Conteúdo de primeira, didático e fácil de ser digerido. Todas as qualidades devem-se à habilidade inquestionável da estudante de se expressar.

  8. A ação pública, com coordenação governamental se faz vital para a preservação dos biomas brasileiros! O caminho da degradação ambiental não possui volta! Ótima matéria! Conteúdo ácido, direto e necessário! Adorei!

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