Segundo dados da SecurEnvoy, que trabalha com soluções de segurança em tecnologia e é uma empresa subsidiária do grupo inglês Shearwater, 66% da população mundial e 77% dos jovens do mundo são afetados pela “nomofobia”, doença causada pelo uso demasiado e excessivo da tecnologia.
Devido ao isolamento social relacionado à pandemia da Covid-19, muitas pessoas têm feito uso mais constante da tecnologia, tanto para manterem a comunicação com amigos e familiares, quanto para entretenimento, pesquisas, tele trabalho etc. Apesar das tecnologias serem indispensáveis à vida moderna, se elas forem usadas de forma descontrolada, dizem pesquisadores, podem afetar a saúde.

A “nomofobia” tem como principal característica o paciente ser dependente patologicamente das tecnologias, ou seja, para desenvolver tal doença é necessário que a pessoa em questão tenha algum transtorno primário associado como depressão ou ansiedade, potencializados pelo o uso desses dispositivos tecnológicos.

A palavra “nomofobia” é originada de uma composição do inglês: no mobile phone e phobia. O termo foi patenteado pela organização YouGov, uma instituição de pesquisa sediada no Reino Unido. Em 2008, por meio de um estudo, os pesquisadores constataram que 53% dos usuários de celulares se mostravam ansiosos quando não podiam usar seus aparelhos e mais da metade nunca os desligava. Estudos subsequentes descobriram que os números aumentaram desde então.
Outro estudo feito pela própria YouGov mostra que 58% dos homens e 47% das mulheres sofrem com esta doença, enquanto outros 9% ficam em estresse ao terem seus celulares desligados. Neste estudo ocorreu a participação de 2.163 pessoas e 55% dos entrevistados afirmaram que manter contato com amigos e familiares é a principal razão por ficarem ansiosos quando não podem usar seus aparelhos celulares. O estudo comparou os níveis de estresse avaliados pelo caso médio da “nomofobia” como os do “dia do casamento” e das idas ao dentista.
Fernanda Antunes dos Santos, de 22 anos, que trabalha na Call Center da Junta de Missões Mundiais, comenta seus maiores desafios devido ao vício com seu aparelho celular.
“Acho que eu já estou tão acostumada a segurar ele que quando ele tá longe parece que tá faltando alguma coisa. Tudo que eu tenho hoje, tá no meu celular, então é complicado ficar sem ele em alguns momentos. Acho que essa dependência vem afetando a minha memória. Várias vezes eu precisava fazer alguma coisa importante e esqueci por que parei pra ver o celular. Hoje, ando sempre com um caderninho ou o bloco de notas pra sempre poder lembrar o que eu preciso fazer. Eu sou muito ansiosa e quando não estou com meu celular parece que essa ansiedade triplica”, explica Fernanda.
Entre os principais sintomas da “nomofobia” estão o excesso de suor quando não estão em contato com seus aparelhos celulares, problemas de coluna, articulação, visão. Outros sintomas aparecem como: não conseguir desligar o telefone, olhar excessivamente notificações, carregar o celular de forma obsessiva, ficar tempo demais nas redes sociais, se mostrar descontente ao ficar em lugares que não possuem rede Wi-Fi e não ser capaz de ir ao banheiro sem levar o celular consigo.
A psicóloga Sueli de Azevedo Menezes explica como se dá a “nomofobia” e como ocorre o tratamento psicológico em casos gerais.
“A “nomofobia” se trata de uma patologia emocional de origem leve que com o uso frequente de terapia é possível se controlar essa compulsão. A gente entende que é uma compulsão quando o desejo é maior que a razão, sendo assim tratada com a terapia. O psicólogo tem um vasto campo de trabalho pela frente, não só para tratar das doenças emocionais mais conhecidas como depressão e síndrome do pânico, como essas que não eram tão faladas há alguns anos como as fobias sociais. A pandemia e o isolamento social, além do pânico instalado por conta da possibilidade de contrair a Covid-19 podem agilizar alguma questão que estava ali latente, dando origem à “nomofobia””, explica Sueli.
A “nomofobia” não está relacionada à quantidade de tempo que se passa ao celular, e sim, na relação obsessiva, pois as pessoas não conseguem se desgrudar deles por nenhum momento, acarretando esse transtorno. Segundo a psicóloga, é possível se fazer uso consciente do celular e das tecnologias no dia-a-dia.
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