Devido ao agravamento da pandemia no país, se fez necessária a distribuição de mais uma rodada do Auxílio Emergencial. Com isso, foi viabilizada pelo governo uma nova Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, já aprovada pelo Senado e que está em análise no Plenário da Câmara, onde passará por dois turnos de votação. O primeiro foi na última quarta-feira (10) e o segundo será nesta quinta (11).
Segundo o governo, os valores do benefício variam entre R$ 175 e R$ 375, dependendo do perfil do beneficiário. O valor médio do auxílio será de R$ 250 e espera-se que o pagamento seja feito por quatro parcelas mensais. A divisão dos valores será a seguinte: para a família monoparental dirigida por mulher, o valor será de R$ 375; para um casal, R$ 250; e para o homem sozinho, de R$ 175.
Ainda não foi definido quem poderá receber o Auxílio Emergencial, porém, a equipe econômica já indicou que o número de beneficiários deve ser reduzido.

Essa falta de informação sobre quem tem o direito ou não ao auxílio tem gerado grande preocupação em parte da população que vem passando por dificuldades durante a pandemia, seja por falta de empregos ou pela indecisão de se terão condições de se manter financeiramente caso precisem parar de trabalhar devido a um novo lockdown mais rigoroso.
Como é o caso de Cristiano Da Matta, entregador de aplicativo, que ainda não sabe se terá direito ao auxílio por ter passado por problemas no cadastro ao benefício em 2020.
Divorciado na certidão e pai de uma criança de 8 anos, ele conta que, mesmo precisando e tendo direito, não conseguiu receber o auxílio
“A mãe do meu filho tem o CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais) e se cadastrou no CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) com a criança estando no cadastro dela, e quando eu dei entrada no auxílio, preenchi o CPF do meu filho junto, já que, na Justiça, eu tenho a guarda dele. Meu cadastro foi negado com a alegação de que um membro da família já havia recebido o auxílio. Acontece que quem recebeu foi a mãe do meu filho, e ela não tem mais vínculo comigo. Ainda disseram que eu deveria ter colocado só o meu CPF, ou seja, mentir pra conseguir receber o que eu tinha direito”, explica Cristiano.
Agora, ele espera conseguir o novo auxílio através de um recadastro. “Ainda me encontro desempregado. Estou fazendo entregas nos aplicativos, recebo muito pouco, mas ao menos está dando para sobreviver. O auxílio ajudaria e muito”, afirma ele.
Economia piorou
A chegada e permanência, por tempo indeterminado, da pandemia da Covid-19 agravou a situação social e financeira do país, que já vinha passando dificuldades, como conta o economista Durval Meirelles.
“A economia brasileira, mesmo antes da pandemia, vinha apresentando um crescimento pequeno – em torno de 1% de PIB ao ano. Então, já tínhamos alguns problemas, dentre eles uma inadimplência e endividamento exagerado das famílias e um problema também em relação às microempresas. Com a pandemia, houve uma queda acentuada de todas as transações econômicas”, explica.
Durval também destaca a importância de um novo auxílio emergencial para que a economia do país possa ser aquecida, como foi feito no ano passado, evitando que a queda econômica fosse menor que 7% como estimavam diversos Institutos de Pesquisa.
“Evidentemente que agora com esse auxílio menor, não teremos o mesmo impulso que 2020. Ainda estamos em um momento muito difícil, até porque a pandemia ainda não foi embora, o governo falhou no programa de vacinação” complementa Durval.
Dinheiro cada vez mais curto
A preocupação por direitos básicos tem sido uma constante, cada vez mais presente na vida dos brasileiros. Em situações de crise, como a pandemia, essa preocupação se intensifica, pois há um risco iminente de faltar o básico, como ter o que comer.
“Oferecer R$ 250 à população desempregada e desamparada é muito pouco. A comida está cada vez mais cara nos supermercados. Você compra o básico do básico e gasta muito mais que R$ 100. Estou endividado e ainda tenho que ajudar minha mãe”, comenta Lúcio Silva, motorista de aplicativo.
Além do baixo valor médio do auxílio, a PEC atual condiciona a prorrogação do benefício à precarização do serviço público.
Isso gerou revolta por parte da oposição, que se posicionou nas redes sociais e, nesta quinta (11), luta no Senado a favor do aumento do auxílio para R$ 600, sem o desmonte de serviços públicos essenciais.
A luta nas ruas

No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a capital fluminense começou com o amanhecer feminista na Avenida Brasil, em frente à Fiocruz.
Mulheres do MPA, MST, MTD e Levante Popular da Juventude estenderam uma faixa na passarela 06 com os dizeres: Mulheres lutando pela vida: queremos vacina e auxílio emergencial já #ForaBolsonaro.
As atividades continuaram no Rio Comprido, na Zona Norte da cidade. Diversos coletivos e organizações se espalharam em ações semelhantes na região metropolitana do Rio de Janeiro. “Não queremos flores, queremos vacina, trabalho e renda e respeito”, dizia um dos cartazes das manifestantes.
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