O último semestre de 2020 chegou ao fim, e junto dele a conclusão de um ciclo. Durante essa reta final, muitos alunos do curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida tiveram que defender seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), após meses de preparação e desenvolvimento. Apesar de as apresentações precisarem ser feitas online, por conta da pandemia, a emoção não diminuiu.
A aluna Letícia Montilla, de 25 anos, faz parte desse grupo e sentiu o friozinho na barriga ao defender seu projeto no início do mês de dezembro. Através de uma grande reportagem multimídia que discute gênero e a força da mulher no campo da comunicação, a aluna usou como norte a Agenda 2030, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015 e o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 5.
O ODS#5 propõe a igualdade de gênero e a promoção da participação feminina nas mais variadas esferas da sociedade. Letícia diz ter escolhido o tema não só por achá-lo importante, mas por ser a primeira vez na história que um acordo global incluiu os direitos femininos em metas para alcançar o desenvolvimento do planeta.

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Ao longo do site são encontradas entrevistas de jornalistas, com depoimentos e experiências como mulheres no meio, além de especialistas e referências bibliográficas sobre feminismo e direitos humanos. A aluna explica porque escolheu produzir uma grande reportagem multimídia. “É um formato jornalístico em que todo o aprendizado obtido ao longo de todos os cinco anos de faculdade foi colocado em prática, para falar de um tema atual e importante”, conclui Letícia.

“Fiquei muito feliz com a nota dez! Depois de tanto esforço e trabalho, a sensação de dever cumprido é maravilhosa, ainda mais quando você tira nota máxima no seu Trabalho de Conclusão de Curso. Sou muito grata a minha orientadora Maristela por toda ajuda e dedicação. Ela foi fundamental para que o meu trabalho se desenvolvesse. Também agradeço às professoras Michele Vieira e Vânia Fortuna por terem aceitado o convite para participar da minha banca”, declara Letícia.
A orientadora do trabalho, a professora Maristela Fittipaldi, Doutora em Comunicação, conta que considera o tema muito importante, e explica como se sentiu com o resultado alcançado por sua aluna. “A parte teórica do TCC da Letícia ficou robusta, bem fundamentada, bem escrita; e a reportagem, além de estar bem escrita e de trazer todas as ferramentas que o ambiente multimídia oferece, tem excelentes personagens e especialistas. Letícia se dedicou muito e mereceu este dez”, conta Maristela, que completa sobre como foi orientar este projeto.
“Gosto de fazer com que os alunos reflitam sobre temas socialmente relevantes, tanto nas aulas de Redação como nas de Ética. Os alunos que me escolhem como orientadora são aqueles que também querem propor estas reflexões. E quando um TCC bate na alma do aluno e do Professor, tudo tende a dar certo como deu”, afirma a professora.
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Sexualização e preterimento da mulher negra em outra reportagem
Outra aluna que também alcançou o tão esperado dez em seu TCC foi Leticia Heffer, de 24 anos. A aluna de Jornalismo também abordou a questão de gênero em uma grande reportagem multimídia, mas com um recorte racial. Com incontáveis referências bibliográficas e dados a respeito da desigualdade social, racial e de gênero, Letícia apresenta as formas de representação da mulher negra na mídia, os estereótipos sociais, e a importância de desconstruir as narrativas e empoderar essas mulheres.
Ao enfocar na sexualização e preterimento da mulher negra e no envolvimento das mídias tradicionais nessa narrativa, a aluna também evidencia a internet como plataforma de mudança de discurso. Com essa mistura do antigo com o atual, ela incluiu como referência autoras e figuras importantes do movimento feminino negro como Neusa Santos e Angela Davis, e com nomes mais atuais nas plataformas digitais, como Ana Paula Xongani e Nátaly Neri.

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Leticia conta que inicialmente pretendia produzir um documentário, mas precisou alterar os planos por conta da pandemia. Ao mesmo tempo, a estudante se questionou sobre o assunto algumas vezes e conta porque decidiu seguir adiante.
“Quando você cresce e finalmente entende como o racismo funciona não só nos nossos corpos físicos, mas na nossa mente e entende o processo lento de se tornar negro no país, você sabe que falar, escrever, botar para o mundo, é o mínimo que se pode fazer”, afirma Leticia.
Ao mostrar os fatores que motivaram o contexto dos dias de hoje, e a contribuição da mídia tanto negativa quanto positivamente, Leticia diz que pretende gerar reflexão e mostrar as possibilidades de mudança em relação ao racismo estrutural no país. Sobre a nota do TCC, ela diz ter sentido um misto de emoções, e finaliza agradecendo aos professores envolvidos.

“A professora Daniela, além de professora e orientadora extremamente dedicada, competente e uma profissional excelente, é uma mulher potente, atenciosa e acolhedora. Serei eternamente grata por ela, por tudo o que tem feito por mim e por uma geração de mulheres. Eu fiquei muito feliz quando a professora Maristela e o professor Guto aceitaram participar. Tive essa honra de ter na minha banca os professores que mais me influenciaram, me ensinaram e estimularam a continuar no jornalismo. Eles são inspiração, exemplo e profissionais maravilhosos”, conclui Leticia.
A professora Daniela Oliveira, que é Mestre em Comunicação, e foi a responsável por orientar Leticia durante esse trajeto, conta que, felizmente, observa um aumento de temas que abordam questões de raça nos projetos de conclusão de curso.
“Estou na Veiga desde 2014, e há pelo menos dois anos percebo que essas pautas com recorte de raça têm aparecido de uma forma bem intensa e investigando temáticas que são caras para alunos e alunas, mas que também têm uma importância social grande”, afirma Daniela.
Sobre o processo de desenvolvimento do trabalho da Leticia, a professora diz que ela alcançou os objetivos esperados com a reportagem multimídia, e se sente muito orgulhosa com o resultado final e com a nota dez. “Leticia mergulhou realmente profundo e fez um trabalho com muita dedicação em torno de um tema importante e delicado de ser abordado. O racismo, o sexismo e as questões relacionadas à luta de classes precisam estar, cada vez mais, no âmbito da cobertura jornalística”, conclui Daniela.
Duas Letícias, duas histórias, e duas jornalistas formadas e aprovadas com nota dez. Muito sucesso em suas carreiras profissionais, e um futuro muito próspero para ambas. Uma fase termina, e uma nova se inicia. Esse é só o começo.
Bárbara Souza – 8° período
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