Não é segredo para nenhum brasileiro que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vive dando declarações polêmicas e que geram muita repercussão. A última foi com os ataques proferidos a TV Globo, em uma live no Facebook, após o Jornal Nacional veicular uma matéria que apontava que o presidente havia sido citado na investigação do caso Marielle.

(Foto: Reprodução/Facebook)
A professora de Comunicação Social da UVA, pesquisadora vinculada ao PPGCOM UERJ com pesquisa em Jornalismo, Política e Democracia, e consultora em estratégias de comunicação e conteúdo, Cecília Seabra, acredita que o presidente não está preocupado em se comunicar com toda a população, mas somente com seus eleitores.
“A eleição de Bolsonaro não só mostrou uma tendência completamente nova de comunicação eleitoral (e, posteriormente, política), na qual os meios de comunicação de massa não são mais determinantes para crescimento nas pesquisas e conquista de votos, como também trouxe à tona o que é uma tendência global, especialmente em se tratando de governos de extrema direita: redes sociais como meio de comunicação direta com o eleitorado (e digo eleitorado pois no caso do governo Bolsonaro a comunicação seque o ritmo da campanha e é claramente voltada aos seus apoiadores) em substituição à imprensa tradicional como interlocutora”, afirma Cecília.
Ela ainda complementa ressaltando a interferência dos filhos nas táticas de comunicação e discurso de Bolsonaro:
“Considerando que a equipe de comunicação do presidente é, assumidamente, seu filho, Carlos Bolsonaro, não há como falar em conselhos profissionais. O presidente não segue as práticas de comunicação de interesse público, ramo da comunicação institucional exercida em órgãos públicos para o trabalho de dar publicidade aos atos, programas e projetos de interesse público, de acordo com leis vigentes e o direito dos cidadãos de acesso a informações públicas”, explica.
Relação com a população e a imprensa
Já a Diretora de Comunicação da Agência Tangará, Renata Busch, avalia que Bolsonaro fala somente com sua base de eleitores, sem adotar uma postura unificadora, característica de um líder de uma nação. “Toda a estratégia de Bolsonaro e da equipe dele é voltada somente para os simpatizantes deles”, afirma. Ela aponta ainda que em sua visão o Brasil ainda vive no clima da última campanha eleitoral.

“No meu ponto de vista como cidadã, não é uma avaliação correta, porque o líder de um país tem que falar com toda a população do país, não apenas para um segmento da população. Ele como líder de um país deveria ser a fonte de informação mais confiável. Infelizmente, não é isso que a gente vê”, observa Renata.
Ela acrescenta que o presidente não é bem sucedido na tática de seu discurso, pois embora obtenha respaldo de seu eleitorado, no âmbito interno, internacionalmente, a comunicação adotada pelo governo é tida como muito ruim. Essa constatação, segundo Renata, é perceptível pelo volume de negócios e investimentos estrangeiros no país, já que afeta parcerias comerciais estratégicas.
Ela define a forma como Bolsonaro trata a imprensa como “completamente autoritário” e “um traço de infantilidade muito forte”. Para ela, todo esse comportamento demonstra total fragilidade na condução do país.
“Dia desses, uma emissora de TV estava exibindo o governo recebendo jornalistas na grade em frente ao Alvorada. Toda vez que algum jornalista fazia alguma pergunta que não era do agrado do presidente, ele começava a gritar: ‘Se continuar perguntando isso, a entrevista encerra aqui!’. Isso não é um papel de um líder quando confrontado com uma pergunta inconveniente”, afirmou Renata.
Governando via Redes Sociais
Matheus Marques – 8° período
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