Numa disputa acirrada, cujo resultado só foi revelado no final da apuração do 2o turno das eleições, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reelegeu presidente do Brasil neste domingo (30), com 50,90% dos votos (com 100% das urnas apuradas), contra 49,10% de Jair Bolsonaro (PL).
Jair Bolsonaro começou na frente na apuração dos votos e Lula esteve atrás na contagem, mas quando 67% das urnas haviam sido apuradas, às 18h40, o candidato da oposição virou. A eleição de 2022 entra para a história do Brasil como a mais acirrada dos últimos pleitos desde a redemocratização, com o fim da Ditadura Civil Militar.
Como foi o dia D
O clima da disputa ficou ainda mais acirrado com os diversos relatos nas redes sociais sobre as mais diversas blitzes realizadas pela Política Rodoviária Federal (PRF). Os relatos davam conta de que a PRF estava fazendo blitzes em estradas do Nordeste, segundo as postagens, impedindo que as pessoas chegassem às suas seções com mais tranquilidade. Segundo informações apuradas pelo G1, foram mais de 500 blitzes, metade delas localizadas no Nordeste, que tradicionalmente é um reduto forte do ex-presidente Lula.
No início da tarde, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, convocou à sede do TSE em Brasília o diretor da PRF, Silvinei Vasques, para que prestasse mais esclarecimentos sobre as denúncias. No sábado (29), o tema já havia levado Moraes a proibir que a PRF realizasse qualquer operação relacionada a transportes neste domingo, para não atrapalhar a votação.
Durante a coletiva de imprensa realizada na tarde deste domingo (30), o presidente do TSE disse que as ações da PRF não prejudicaram, efetivamente, o exercício do voto.
“Não enxergo necessidade de tornar a questão maior do que ela é”, disse. Segundo Moraes, a partir dos relatos da PRF, nenhum eleitor voltou para casa por não poder votar por conta das blitzes.
Apesar disso, o TSE seguirá investigando o caso. “O TSE irá investigar por que essas operações ocorreram. Qualquer desvio de finalidade e abuso de poder nestas ações serão investigados e terão consequências”, completou.
Segundo o diretor da PRF, citado por Moraes, foram operações a partir do código de trânsito brasileiro. “Foram ônibus com pneu careca, com pneu furado ou sem condições de transitar”, minimizou o magistrado.
Nervosismo por parte dos eleitores
A psicóloga Izabel Aparecida, de 55 anos, ficou apreensiva quando viu seu local de votação, em Rio das Ostras, na Região dos Lagos, bem mais vazio do que no primeiro turno.
“Cheguei a perguntar para o mesário, mas ele me falou que o índice de votos estava igual, só que como no segundo turno são apenas dois candidatos, tudo acontece mais rápido. Isso me tranquilizou e espero que vença o melhor para o nosso País”, disse ela.

Juliana Tavares, 29 anos, profissional autônoma, levou quatro horas para ir de Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio, até Mesquita, na Baixada Fluminense, onde vota. “Pegamos duas blitz da Polícia Militar no trajeto e viemos pela Vila Militar, pois havia um ônibus incendiado na Avenida Brasil”, explicou.

Eleitora de Lula convicta, Juliana comenta que um dia de eleição com vários obstáculos não é o ideal, mas que fez o possível para cumprir sua obrigação eleitoral.
“É muito ’22’ na rua, muitas coisas impedindo. Se não fosse a vontade de votar, a gente teria voltado do meio do caminho, por que é muito trânsito, mas vai valer a pena no final”, comentou, otimista.
Problemas com transportes também em BH
Mais cedo, Moraes determinou que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) adotasse medidas necessárias para garantir transporte gratuito do metrô de Belo Horizonte (MG) em todas as estações da cidade neste segundo turno. A resolução veio também a partir de relatos de que o transporte estava sendo cobrado na cidade.
Reportagem de Juliana Ramos, Isabella Caneschi, Vinicius Corrêa, Victoria Muzi e Daniela Oliveira
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