No último domingo (10), o futebol brasileiro foi palco de mais um ato de violência contra as mulheres. Dessa vez, a vítima estava dentro das quatro linhas e vestia o uniforme de arbitragem. Marcielly Netto, bandeirinha da partida, sofreu uma cabeçada do então técnico Rafael Soriano, da Desportiva Ferroviária, após o término do primeiro tempo da final do Campeonato Capixaba, disputado contra o Nova Venécia. O episódio invadiu rapidamente as redes sociais e causou grande revolta em diversos profissionais e amantes do esporte.
Indignado por causa de um escanteio não cobrado, Soriano aproveitou o intervalo para reclamar com a comissão de arbitragem e acabou agredindo a assistente. Depois da agressão, o treinador foi expulso e saiu irritado do campo. Devido ao incidente, a Desportiva demitiu o treinador e soltou uma nota se posicionando contra o ocorrido.
Embora a arbitragem brasileira já esteja acostumada a sofrer pressão durante as partidas de futebol, a atitude de Soriano pegou todos que estavam dentro de campo de surpresa. Segundo a estudante de jornalismo, Giovanna Ventura (23), a conduta do treinador foi revoltante e inacreditável. Para ela, o que ele fez é tão repugnante quanto qualquer outro ato de violência cometido contra uma mulher.
“Fiquei sem reação, precisei ver o vídeo várias vezes até entender o que realmente estava acontecendo, se tinha visto errado ou não. Fiquei irritada com o técnico, nunca pensei que um dia aconteceria uma agressão como essa contra uma mulher”, conta.
Já para Julia Cabrero (20), também estudante de comunicação, o que aconteceu no jogo de domingo não foi algo inesperado, visto que mulheres sofrem agressões todos os dias, mesmo que não apareça na televisão. De acordo com ela, há uma imensa falta de segurança nos lugares e no final nada é resolvido.
“Mulheres sempre são vistas como as mais fracas e fáceis de atingir. Isso já está culturalmente enraizado e ele se sentiu no direito de fazer aquilo, principalmente por pensar que aquilo não acabaria dando em nada, como sempre”, acrescenta.
Além do clube capixaba, a Federação de Futebol do Espírito Santo (FES) também emitiu um comunicado oficial, onde afirmou repudiar quaisquer atos de violência contra as mulheres e garantiu que dará todo o suporte necessário para a bandeirinha. A súmula do jogo foi encaminhada ao Tribunal de Justiça de Desportiva do Espírito Santo (TJD-ES) pela entidade, que prometeu observar o caso de perto.
Após a cena lamentável presenciada no último fim de semana, surgiu uma dúvida na cabeça do público feminino: o desfecho seria diferente caso a assistente fosse homem? Para Alessilma Nascimento, professora de educação física e árbitra assistente de futebol de campo, é comum que os homens se sintam mais encorajados a tomar atitudes violentas quando a outra pessoa envolvida é do gênero feminino.
“É bem típico de homens covardes agredir apenas mulheres mesmo. Eles atacam uma mulher por não ter coragem de enfrentar outros homens. Havia um arbitro do sexo masculino lá na partida, então por que ele não deu uma cabeçada em um deles?”, questiona.
Até o momento, o ex-técnico Rafael Soriano recebeu uma suspensão preventiva de 30 dias do TJD-ES, enquanto espera o resultado de seu julgamento perante a Justiça Desportiva. Se for comprovada a agressão física, o treinador poderá ser suspenso em definitivo por no mínimo 180 dias.
Foto de capa – Reprodução/Youtube Jovem Pan
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Anne Rocha (5º período), com revisão de Leonardo Minardi (7º período)
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