Na última terça-feira (21) o presidente Jair Bolsonaro realizou o seu terceiro discurso como representante do Brasil, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A passada do chefe do executivo brasileiro e sua comitiva pelos Estados Unidos repercutiu em jornais ao redor do mundo, tanto pela sua narrativa imposta na Assembleia, quanto pelas polêmicas na cidade de Nova York.
Além de ser o único representante não vacinado na Assembleia Geral das Nações Unidas, o Presidente Bolsonaro também fez um discurso marcado pela defesa do tratamento precoce contra a Covid-19. Ademais, pelo posicionamento contrário ao passaporte sanitário, que corresponde ao método utilizado por inúmeros países, na intenção de gerar restrições aos cidadãos não vacinados.
”Até novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil serão atendidos. Apoiamos a vacinação, contudo, o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou qualquer obrigação relacionada a vacina”, afirmou o Bolsonaro em um trecho.
Em outra parte, Jair Bolsonaro também declarava ter concedido um auxílio emergencial de US$ 800 para 68 milhões de pessoas e do ano de 2020 ter finalizado com mais empregos formais que em dezembro de 2019, dados que não condizem com a realidade.
Para Guilherme Casarões, Cientista Político e professor universitário, as falas de Bolsonaro foram uma tentativa de vender uma imagem idealizada da economia brasileira para investidores estrangeiros. Entretanto, o professor acredita que dificilmente esses empreendedores serão convencidos.
”Investidores estrangeiros deram alguma confiança à retórica liberal de abertura, reformas e compromisso fiscal do governo, no início, mas dificilmente seguem confiantes na capacidade de Bolsonaro em implementar essa agenda. Os dados trazidos no discurso sobre infraestrutura são das poucas coisas efetivamente realizadas em 30 meses de mandato”, explica o Cientista Político.
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Além do próprio discurso, o Presidente da República se envolveu em polêmicas durante a viagem. Uma delas foi o jantar com a sua comitiva, ca calçada de Nova York. A cidade está exigindo o comprovante de vacinação, desde 16 de agosto, para frequentar locais fechados como, por exemplo, restaurantes. Entretanto, Jair Bolsonaro afirma não ter se vacinado. Apesar das críticas, o Ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, publicou a foto em sua rede social.

De acordo com o site do jornal britânico The Guardian, o comportamento de Bolsonaro evidencia o caráter de ”figura controversa” do presidente durante o período pandêmico, pois o mesmo minimizou os impactos do vírus, e também destacou que dados apresentados pelo presidente, foram distorcidos.
Para completar, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mostrou o dedo médio em resposta a manifestantes que protestavam contra o governo de Bolsonaro enquanto se dirigia a um jantar. Outro episódio que também repercutiu negativamente pelo mundo, foi o anúncio do teste positivo de Marcelo Queiroga para Covid-19 na última quarta-feira (24) , encerrando precocemente a participação do Brasil na Assembleia Geral da ONU.
Diante desse cenário, percebe-se que não existe uma imagem unificada do Brasil no exterior. Segundo Guilherme Casarões, o comportamento de Bolsonaro em Nova York, juntamente com seu discurso na Assembleia da ONU, corroboraram para essa péssima imagem do atual governo.
“Governos e diplomatas estrangeiros, por sua vez, têm reagido muito mal ao governo Bolsonaro, seja na sua retórica de confrontação, nas suas teorias conspiratórias e no seu descaso pela situação real do país, derrubado pela trágica condução da pandemia e pelo caos social e econômico. A insistência no tom de confrontação somente corrobora o isolamento diplomático em que o Brasil se encontra desde 2019”, afirma Guilherme Casarões.
Por fim, o cientista político destacou o descaso de Jair Bolsonaro com relação ao desastre sanitário que está ocorrendo no Brasil.
“O mais chocante do discurso de Bolsonaro foi a defesa do tratamento precoce, a recusa de obrigatoriedade das vacinas e a responsabilização de prefeitos e governadores pelo desastre sanitário no país. Ano passado houve discurso parecido, mas, desta vez, o contexto é muito diferente. Diante das descobertas da CPI, parece que Bolsonaro tentou esquivar-se das crescentes acusações de crimes contra a humanidade que recaem sobre ele e seu governo”, afirmou o especialista.
Ouça o discurso do Presidente Jair Bolsonaro na íntegra, abaixo.
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Julia Billo – 1° Período
Com revisão de Mayara Tavares – 6° período
Mais uma vez, uma matéria fantástica, com certeza vai ser uma jornalista maravilhosa!!!!! Sucessoooo
Que matéria interessante! Parabéns Júlia Billo, será uma excelente jornalista!
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