A pandemia do novo Coronavírus se espalhou pelo mundo e nos colocou em uma situação incomum: o isolamento social. Em um momento de incertezas e insegurança, a mudança de rotina tem afetado a saúde mental, não só de adultos, mas também dos jovens. Especialistas da área de saúde mental, entrevistados pela Agência UVA, comentam sobre como os jovens podem enfrentar essa situação.
Acostumada com a rotina do trabalho, Mariana Teixeira, 23 anos, trabalha com customer success, em uma empresa especializada em software de gestão médica. A consultora viu sua rotina mudar durante a pandemia e exprime que a sua maior dificuldade durante o isolamento foi o convívio familiar, e com isso passou a ter mais crises de ansiedade.

“Com toda certeza a minha maior dificuldade durante o isolamento foi o convívio familiar. Desde quando comecei a trabalhar de home office, passei a ficar mais tempo dentro de casa e a conviver mais com os meus pais, com isso, toda tensão que já existia acabou piorando muito”, conclui Mariana.
Letícia Lemos Brazil da Silva, 25 anos, pedagoga, diz que esse período da pandemia tem sido um esforço muito grande para ela. A educadora expressa que sente falta de estar com os amigos e a família.

“O momento da pandemia para mim tem sido um esforço muito grande, muitas pessoas se esforçam para cumprir medidas de isolamento e outras fazem o oposto. Sinto falta de estar com os meus amigos e família. Depois disso é a depressão que vem com a solidão”, afirma Letícia.
Com uma rotina de trabalho bem puxada e uma vida social bem ativa até o início do isolamento social, Gabriel de Oliveira Figueiredo, 26 anos, estudante de Jornalismo, conta que o início da pandemia foi bem complicado.
“A minha maior dificuldade durante o isolamento foi o início dele. Eu tinha uma rotina de trabalho e estudo bem puxada e uma vida social bem ativa. Por conta disso, fiquei desacostumado a ficar muito tempo dentro de casa. Quando veio o isolamento, demorei a assimilar algumas questões, como não poder sair, e isso acabou me deixando bastante ansioso”, revela Gabriel.
De acordo com um estudo, feito pela revista especializada The Lancet Psychiatry, os diagnósticos mais frequentemente apresentados durante a pandemia são: ansiedade (17%) e alterações de humor (14%). Apesar do risco pequeno a nível individual da maioria dos problemas neurológicos e psiquiátricos, o efeito pode ser “considerável” para os sistemas de saúde devido à amplitude da pandemia.

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O Mestre em Saúde Mental e Professor do curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, Igor Brauns, explica a implementação de medidas rígidas de confinamento tem dificultado uma melhor qualidade de vida por parte da população. “A partir daí surgem diversos problemas do confinamento como sensação de perda liberdade, fobias, ansiedade, depressão, transtorno comportamentais e outros problemas sistêmicos associados”, opina o professor.
No dia 14 de maio de 2020, Tedros Adhanom Ghebreyesuso, diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta sobre como a pandemia poderia impactar na saúde mental da população.
“O isolamento social, o medo de contágio e a perda de membros da família são agravados pelo sofrimento causado pela perda de renda e, muitas vezes, de emprego. O impacto da pandemia na saúde mental das pessoas já é extremamente preocupante”, afirmou o diretor-geral da OMS.
A entidade sempre destacou a necessidade de aumentar o investimento em serviços de saúde mental. Em suas redes sociais, a OMS se utilizou da sua influência global para que as pessoas se motivassem e adotassem uma estilo de vida mais saudável.
Luiz Lessa, psicólogo, supervisor de estágio em Saúde Mental, sanitarista, mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que a melhor maneira de o jovem enfrentar essa situação é ele se sentir acolhido.

“Quanto mais as pessoas podem contar umas com as outras, maior é a tendência de elas conseguirem atravessar os momentos de crise, com menos impactos, menos perdas, e portanto maior proteção da sua saúde mental”, expressa o psicólogo.
Estratégias para lidar com os problemas:
A psicóloga, Marilene Almeida Marinho, diz que os jovens durante o confinamento precisam explorar elementos que visem distrair a mente, buscando energias positivas e gerando união entre a família. “Outras maneiras de se distrair é jogar jogos interativos em família, arrumar tarefas, como arrumar o seu quarto, além disso, se distrair com leituras” explica a psicóloga.

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Em suas redes sociais, a OMS também dá dicas de como as pessoas podem cuidar da sua saúde mental durante a pandemia.
Nesse momento de insegurança em que vivemos, é natural não ter motivação para fazer nem mesmo as tarefas diárias. Entretanto, devemos nos cuidar. Se você passa por alguma dificuldade, fique atento e procure os perfis de profissionais da área da saúde que estão se disponibilizando à tirar suas dúvidas online.
No site Centro de Valorização da Vida (CVV) você encontra um programa de apoio emocional, que propõe auxiliar pessoas com necessidade de ajuda emocional e em locais e situações de risco. O contato pode ser feito via chat, e-mail ou através do número 188.
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Mateus Almeida Marinho- 8 período
Excelente artigo!
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