Ciência Geral Saúde

Casos de SRAG crescem no Brasil pela primeira vez desde julho

Essa predisposição já era realidade em algumas capitais, mas agora afeta todo o país

Uma tendência para o aumento nos casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em todo o Brasil foi apontada pela Fiocruz por meio da última atualização do boletim de monitoramento semanal do Infogripe, no dia 24 de novembro, terça-feira.

O levantamento tem como foco considerar os números que tenham sido registrados até o sábado, dia 21 de novembro. Inúmeros vírus respiratórios podem causar a SRAG, porém em 2020, segundo dados da própria fundação, 98% dos casos no Brasil têm o vírus da Covid-19 como principal causador.

Essa tendência para o aumento nos casos já tinham sido mostrada pela Fiocruz há diversas semanas, atingindo um número crescente de capitais, porém é a primeira vez que esse surto tem se espalhado pelo Brasil inteiro. A última vez em que essa tendência ao crescimento tinha sido publicada foi no período entre 28 de junho a 4 de julho. Esta época correspondia à semana epidemiológica 27, que, de acordo com uma convenção internacional, começa no domingo e termina no sábado de uma semana específica. Atualmente, o Brasil se encontra na semana epidemiológica 48, em que mais de 170 mil pessoas morreram em decorrência do Coronavírus.

O gráfico mostra as mortes ligadas a SRAG em junho. (Fonte: Lagom Data/Divulgação)

Essas tendências que foram estimadas pela Fiocruz são referentes a uma época anterior à data do boletim. Um ótimo exemplo disso são as tendências de longo prazo que têm como foco mostrar o que tem sido visto nas últimas seis semanas anteriores ao boletim em cada capital, enquanto as de curto prazo focam nas últimas três semanas.

Belo Horizonte, Campo Grande, Maceió e Salvador foram as capitais que tiveram um forte sinal de crescimento nas últimas seis semanas, enquanto Curitiba, Natal, Palmas, Plano Piloto de Brasília e arredores, São Paulo, Vitória, São Luís e Rio de Janeiro são as capitais nas quais houve um sinal moderado de crescimento no mesmo período.

Não foram apenas nessas capitais que houve um aumento. Em 21 estados houve uma tendência de crescimento de casos entre as últimas 6 ou 3 semanas, em várias regiões de saúde que têm estrutura para poder conseguir atender casos que são complexos no nível médio e alto. Entre esses 21 estados estão: Acre, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe, Tocantins, Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Alagoas, Minas Gerais, Espírito Santo, Pará, Piauí, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Mato Grosso e Goiás.

Nestas últimas seis semanas, apenas três capitais tiveram uma tendência de queda e estabilização: Teresina, Boa Vista e Recife. Após um crescimento nos números de casos, em Rio Branco e João Pessoa ocorreu um sinal de estabilização. Goiânia também recebeu sinal de estabilização, porém esta capital vinha tendo queda em um período anterior a esta semana, o que fez a Fiocruz sugerir cuidado. Já em Florianópolis, o período de crescimento que havia sendo sinalizado desde o mês de setembro pode ter sido interrompido, porém, segundo a Fiocruz, é preciso ainda esperar mais uma semana para que se confirme essa reversão em uma nova avaliação.

Para o fisioterapeuta e coordenador do Laboratório de Pesquisa em Respiração Pulmonar, Yves de Souza, o aumento nos casos da SRAG pode ser contido mantendo algumas restrições específicas como o distanciamento social e a higiene, diretrizes que muitos não estão mais seguindo, porém é o ideal para que esses números sejam controlados. Yves também comenta sobre uma possível vacina e quais suas expectativas se ela chegar com os casos de SRAG.

“A melhor forma de conter esse aumento da Síndrome Respiratória Aguda Grave é evitando que as pessoas evoluam com a doença, preferencialmente evitando que elas evoluam com a forma grave. Isso é feito diminuindo o fator de contágio, ou seja, diminuindo o contato. Mas ao mesmo tempo não adianta ficar em casa. Nenhum estudo científico mostrou que medidas extremas de reclusão social diminuam a disposição ao vírus. Já que é porque o vírus já circula no nosso meio. Agora, as medidas de distanciamento social, assim como medidas de higiene, que era o que a gente vinha praticando, obviamente diminuem muito o contágio, consequentemente vão diminuir os casos de SRAG”, afirma Yves.

Yves acrescenta que as pessoas não estão mais lavando a máscara com a frequência que deveriam, e estão tendo menos cuidado. Ele ressalta a importância de manter as diretrizes até a vacinação.

“De qualquer forma, a chegada de uma vacina é hoje o melhor alívio que a gente pode ter. Até porque a chegada de uma vacina vai garantir pra gente o controle da imunidade. Porque a gente achava que pegar a Covid-19 e ficar curado deixava a pessoa imune. Hoje, a gente sabe que são mais crescentes casos de recontaminação. Então a gente já vê que o período de imunidade a esse vírus depois que você tem a doença é muito curto. A vacina garante que a gente tenha a imunidade por um período mais longo e a renovação por esta imunidade. Então a chegada da vacina pode ser a melhor notícia que a gente possa ter. Mas para diminuir os casos de SRAG devemos dar atenção para distanciamento social, que não é a reclusão, e obviamente os hábitos de higiene que não podem morrer agora”, finaliza Yves de Souza.

Ainda não se tem um estudo correto para o que deve ser feito como solução para que casos como o de SRAG que podem estar ligados ao Coronavírus, porém o que pode e deve ser feito no momento é respeitar as normas de segurança e saúde, a fim de que não somente a própria pessoa se contamine, como também não contamine outras pessoas. Além disso, é preciso continuar com os hábitos de higiene e distanciamento social, para que se possa melhorar esta situação.

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1 comentário em “Casos de SRAG crescem no Brasil pela primeira vez desde julho

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