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Profissionais do Jornalismo opinam sobre uso do fact-checking nos debates políticos

Jornalistas comentam post recente de Felipe Neto no Twitter que propõe o uso do método para revelar o que é verídico nas falas dos candidatos nos debates.

A apuração dos fatos não é novidade no jornalismo. Nas redações tradicionais, um texto precisa ser revisado antes da publicação para garantir a veracidade dos fatos e a precisão com a qual eles são descritos. Alguns meios têm departamentos especializados em comprovar o trabalho dos seus jornalistas e editores. Este tipo de atividade ficou conhecida popularmente através do filme Bright Lights, Big City, no qual Michael J. Fox desempenha o papel de um comprovador de dados “num grande semanário de Nova Iorque”. Na tarde do último dia 1/10 o famoso Youtuber Felipe Neto postou em sua conta no Twitter uma declaração polêmica.

Postagem de Felipe Neto do último dia 1/10 em sua conta no Twitter
(Foto: reprodução / Twitter):

Após o post, Cristina Tardáguila, criadora da maior agência de fact-checking do Brasil, a Agência Lupa, respondeu o youtuber.

“Cê nem imagina, @felipeneto, quantas vezes disse isso aos canais de TV do Brasil. E quantas vezes ouvi a mesma resposta: ‘se colocarmos isso, os candidatos não virão ao debate’. E eu sempre respondi: ‘ah! Então é melhor ter um debate repleto de dados falsos, né?’. Silêncio”.

O coordenador do curso de Comunicação Social da UVA Luis Carlos Bittencourt concorda com o posicionamento de Felipe.

“Podemos discordar sobre muitas coisas ditas por Felipe Neto, mas ele tem toda razão. Uma das coisas mais perigosas na política é a mentira. Não dá mais para aceitar esse espetáculo inconsequente diante dos nossos olhos. E nós, jornalistas temos que ouvir e repetir o que eles disseram como se fossem coisas sérias”, completou.

Já a jornalista, e também professora da UVA, Diana Damasceno, tem uma opinião contrária.

“Acho que para apurar direito não pode ser na hora. Não é assim que funciona o jornalismo sério. É preciso um pouco mais de tempo”, frisou Diana.

A verdade é que o fact-checking é um modo de qualificar o debate público por meio da apuração jornalística. De checar qual é o grau de verdade das informações. Reportagens do Buzzfeed e do The Guardian, por exemplo, mostraram que boa parte do conteúdo compartilhado na internet durante as últimas eleições nos Estados Unidos vieram de sites de notícias falsas. Situação semelhante aconteceu no Brasil na semana do impeachment de Dilma Rousseff. O disparo em massa de informações falsas durante as eleições de 2018 no Brasil motivou a abertura da “CPMI das Fake News” no Congresso, quase um ano depois, em 2019.

Se um político diz que nunca foi acusado de corrupção, há registros judiciais que irão atestar se é verdade. E se uma corrente diz que há um projeto de lei para cancelar as eleições, é preciso conferir nas propostas se essa informação é real. Se o governo diz que a inflação diminuiu, é preciso checar nos índices se isso realmente ocorreu.

Bernard Múrcia – 8° período

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1 comentário em “Profissionais do Jornalismo opinam sobre uso do fact-checking nos debates políticos

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