As eleições deste ano estão repercutindo de uma maneira diferente, não só pela pandemia da COVID-19, mas pelas atuais manifestações contra o racismo. Com isso, o processo eleitoral passou por mudanças significativas que estão gerando intensas reações nas redes sociais.
A pressão por maior representatividade nas candidaturas eleitorais é um dos grandes debates. Diante o cenário atual, iniciativas como a Plataforma Antirracista nas Eleições (PANE) estão se destacando. Parte da Agenda Marielle Franco, a PANE trabalha com o incentivo às candidaturas de negros e negras em todo o país.
O estudante Gabriel Guimarães, de 18 anos, tem grandes expectativas com o aumento da presença negra nas urnas, afirmando que essa iniciativa “representa esperança”. Gabriel também acredita que medidas como essas são só o início de uma nova realidade, para envolver mais os cidadãos nos debates públicos.
“Acredito que esse incentivo será a porta de entrada para que jovens negros e negras possam participar mais dos rumos que irão tomar todo o cotidiano do povo brasileiro. E a partir desse incentivo, com uma mobilização contínua, novas táticas poderão abranger ainda mais a população negra e periférica nos principais assuntos que circundam nossas vidas”, conclui o estudante.
A iniciativa PANE garantiu que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovasse a distribuição proporcional do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e do tempo de propaganda eleitoral para candidaturas negras. Embora a medida só seja válida a partir das Eleições de 2022, alguns pequenos resultados já podem ser vistos.
Pela primeira vez desde que o TSE passou a coletar informações sobre raça dos candidatos, em 2014, a candidatura de pessoas pretas é superior à candidatura de pessoas brancas. Dos mais de 500 mil candidatos, 49,9% se autodeclaram pretos e pardos, enquanto 47,8% se autodeclaram brancos.
O Cientista Político e Social e professor da UVA, Guilherme Carvalhido, explica que, apesar das iniciativas e dos números inéditos, a transformação do cenário político não será imediata. Mas ressalta a necessidade de inserir esse grupo o quanto antes, uma vez que a política é, de alguma forma, uma parte das negociações sociais que acontecem nos grupos políticos.
“Isso acelera a integração e a representação dessas pessoas no movimento político, o que é muito positivo. Isso trará, assim esperamos, uma composição maior da discussão das leis favoráveis a essas pessoas, para que elas se tornem representantes políticos. A questão é quanto tempo isso vai levar”, conclui.
Dentre as alterações provocadas pela pandemia, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou uma série de medidas importantes para viabilizar as eleições. As datas do primeiro e segundo turno foram alteradas (15 e 29 de Novembro), a identificação da biometria será suspensa, e horário de votação será ampliado com horários preferenciais, entre outros.
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Bárbara Souza – 6° período
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