Faltando 35 dias para as eleições norte-americanas começarem, ocorreu na noite desta terça-feira (29) o primeiro embate entre os candidatos à presidência Donald Trump (Republicanos), atual presidente, e Joe Biden (Democratas), ex-vice de Barack Obama. O debate foi marcado por muitos ataques pessoais de ambos os candidatos e interrupções por parte de Trump, buscando atrapalhar o discurso de Biden.
Um dos pontos de destaque colocado em pauta foi sobre a Covid-19. Biden acusou Trump de não ter tomado as medidas necessárias para evitar a proliferação do vírus, e que seu adversário também fez pouco caso da doença, colocando o povo em situação de pânico generalizado e gerando um enorme crise econômica ao país. Já Trump afirmou que sua política frente à pandemia é elogiada por muitos e que uma vacina será logo criada graças a seu esforço como presidente. O presidente ainda provocou Biden, dizendo que o concorrente é um radical a favor da quarentena e o que os americanos pedem são as escolas e restaurantes funcionando.
“Do ponto de vista ético, [o debate] não apresenta um quadro favorável, pois coloca a possibilidade de fortes conflitos continuarem no governo do candidato vencedor”.
Guilherme Carvalhido fala sobre postura controversa dos candidatos no debate, onde apelaram para interrupções e ataques.
O Brasil também foi assunto no debate, porém não de forma positiva. Biden citou a Amazônia e criticou a política ambiental de Trump, afirmando ter sido errado tirar os Estados Unidos do acordo de Paris. O democrata criticou a proximidade de Trump com o presidente Jair Bolsonaro, e ainda se aproveitou da discussão sobre aquecimento global para falar da destruição da Amazônia, sugerindo uma proposta de enviar dinheiro ao Brasil para a conservação da região e, caso a situação do desmatamento não seja controlada, que o país sofra com sanções econômicas.
“Deu para notar na fala de Biden que, caso ele seja eleito, a relação com o Brasil irá mudar, visto que pode haver mais pressão no governo brasileiro para tomar mais regras a fim de proteger a condição ambiental do território brasileiro. Segundo o IBOPE, a área ambiental é a mais avaliada negativamente. Caso Biden seja eleito, Bolsonaro perderia um dos seus maiores aliados, que concorda com sua políticas ambientais: o Trump”, afirma Leandro Victor, jornalista recém-formado.
Um tema que também entrou em pauta no debate foram as famílias de ambos os candidatos. Trump afirmou que Biden não conseguiria lidar com a disputa global da China, argumentando que Robert Hunter Biden, filho do candidato democrata, vai ao país e tira bilhões de dólares para administrar, e com isso fatura milhões. Trump visou os serviços de consultoria prestados por Hunter na China e Ucrânia, afirmando que o filho do seu concorrente usou da influência para fechar contratos com altos lucros no exterior, evidenciando caso de corrupção. Ainda levou ao debate o fato de Hunter já ter tido problemas com drogas. Biden também não deixou barato, dizendo que não conversaria sobre isso, afirmando que a família de Trump não tem ética. O democrata destacou que a filha do atual presidente, Ivanka Trump, e seu genro, Jared Kushner, possuem cargos de alto nível dentro da Casa Branca.
“No cenário de forte polarização política nos EUA, o que foi visto no debate pode ser considerado normal, pois representa o quadro político do país. Mas do ponto de vista ético, não apresenta um quadro favorável, pois coloca a possibilidade de fortes conflitos continuarem no governo do candidato vencedor, levando a uma possibilidade de conflitos mais fortes”, afirma o especialista político Guilherme Carvalhido, ao comentar sobre o debate presidencial norte-americano.

Especialistas e populares foram ao Twitter comentar o que acharam do debate em si:
Após esse debate, em que ambos os candidatos mais se preocuparam em atingir fervorosamente seu adversário, não foi possível identificar muito das suas ideias para planos de governo. Agora, espera-se pelos próximos dois encontros com a expectativa de que os candidatos mostrem mais do que foi apresentado até agora.
Rafael Barreto – 8º período
LEIA TAMBÉM:
Populares e especialistas comentam sobre representatividade nas Eleições 2020
Pingback: Profissionais do Jornalismo opinam sobre uso do fact-checking nos debates políticos | Agência UVA