Comportamento

Jovens relatam dificuldades na busca por estágio na pandemia

Entenda como a pandemia afetou processos seletivos, impactando no número de vagas disponíveis. Entrevistados contam como se adaptaram ao "novo normal"

São tempos de mudança. A pandemia do Coronavírus afetou diversos setores da sociedade e obrigou empresas e estudantes a se reinventarem. O quarto virou escritório e a tela do computador deixou de ser apenas um instrumento de trabalho. Agora, é ela quem substitui os abraços, as relações e as conversas cara a cara. Nesse caso, as entrevistas. Os processos seletivos durante a pandemia passaram a acontecer de forma online, e os jovens que estão na luta pela tão esperada vaga de estágio precisaram se adaptar. 

É o caso de Clarissa Lomba (21), estudante de Jornalismo no sétimo período, que conseguiu um estágio durante pandemia. Ela conta que o processo seletivo foi totalmente online, realizado pela plataforma de videoconferência Zoom. A experiência trouxe novas perspectivas para estudante, que acabou se sentindo mais confortável com o novo modelo adotado pelas empresas.

“Eu, particularmente, prefiro a entrevista online. Apesar de ter algumas dificuldades com o sinal da internet, me senti mais confiante”, conta Clarissa.

Clarissa trabalhando em home office durante a pandemia
(Foto: Arquivo pessoal)

Além disso, ela destaca que para algumas empresas e seus funcionários, trabalhar de casa é mais vantajoso. Não precisar se locomover e gastar dinheiro com a condução, além de não passar pela pressão de realizar alguma tarefa com os recrutadores te olhando o tempo todo, são pontos positivos que a fizeram se sentir mais tranquila. No entanto, para Clarissa, ter um bom acesso à internet é um diferencial e em algum momento esse fator pode prejudicar tanto na entrevista quanto no home office.

De certa forma, a pandemia pegou todos de surpresa e não só as empresas foram afetadas. Os estudantes de jornalismo que estão na procura por um estágio notaram que a quantidade de vagas diminuiu, e Nicolas Sophia (21) é um deles. Ele conta que, mesmo nessa situação de incertezas, tem mandado currículo para os sites de recrutamento e sempre fica de olho no Linkedin. Mas notou que as oportunidades não são as mesmas.

“Costumo deixar meu e-mail cadastrado em páginas que oferecem vagas, e antes eu recebia mais notificações das empresas do que hoje em dia”.

Nicolas se interessa pela área de jornalismo esportivo, mas nota que as emissoras têm mandado os próprios funcionários embora e acredita que a situação pede que todos se reinventem. Em outras palavras, hoje em dia tudo se resume ao famoso home office.

“Tudo é questão de adaptação, mas trabalhar presencialmente na redação é um diferencial. Tem que estar lá dentro para aprender na pele”, afirma Nicolas.

O estudante participou de processos seletivos remotos e sentiu a diferença, inclusive um deles aconteceu apenas por áudio. No entanto, a experiência teve um ponto positivo.

“Fiquei menos nervoso. Quando eu saio de casa e chego na sala de espera já bate uma ansiedade. Mas ainda assim, sinto falta do olho no olho”, conclui.

A Analista de Recrutamento e Seleção do Centro de Integração Escola Empresa (CIEE), Hanna J. Carvalho, explica como as empresas estão realizando os processos seletivos à distância. Ela percebeu que as empresas, primeiramente, se preocuparam em reorganizar sua operação para atuar remotamente, incluindo assim a atividade de estágio em home office para os seus estagiários. Com isso, fizeram uma redefinição das oportunidades de estágio nas companhias.

“Para muitas instituições, o home office veio para ficar”.

Já os processos feitos juntos ao CIEE estão sendo feitos também remotamente, mas da seguinte forma: entrevistas por vídeo, questionários situacionais, jogo de seleção virtual e provas online.

“Nosso processo foi adaptado para acontecer virtualmente. Customizamos a seleção de acordo com a necessidade de cada empresa parceira”, afirma Hanna.

Assim como os estudantes de jornalismo, Hanna também conta que percebeu o abalo da pandemia em relação às oportunidades oferecidas. Porém, em tom otimista, ela afirma que na medida que as empresas absorveram o primeiro impacto e logo depois se ajustaram às novas necessidades, pode-se dizer que a demanda por estagiários está voltando gradativamente. 

Ela destaca requisitos importantes que podem ajudar os jovens nesse processo de busca por uma vaga.

“Um bom currículo é aquele que apresenta o candidato de uma forma adequada. É importante lembrar que o currículo é o primeiro contato que os recrutadores terão com você. Por isso, além da ortografia correta e boa formatação, é preciso colocar as informações de forma objetiva e em uma ordem que chame a atenção para as informações que estão sendo solicitadas nas oportunidades. Informações de contato (telefone e e-mail), curso de graduação, período e previsão de formatura são imprescindíveis, assim também como cursos e atividades voltados para sua área de formação, vivências anteriores (que podem compreender tanto estágio formal, quanto atividades acadêmicas e/ou voluntárias, e demais atividades que tenham contribuído com seu amadurecimento pessoal e/ou profissional), e conhecimentos adicionais, como línguas estrangeiras e informática”, destaca.

Mesmo com um currículo bem estruturado, a apresentação ainda faz toda diferença e continua sendo importante para o processo seletivo.

“O jovem deve se preocupar em acessar a reunião no horário combinado. É imprescindível testar os equipamentos antes da entrevista (câmera do computador ou celular, fone de ouvido), escolher o local onde realizará a entrevista com atenção e cuidado, prestando atenção no fundo e no que a câmera vai captar além de sua imagem (por exemplo, cama desarrumada, armário aberto, janela aberta deixando o ambiente muito claro, etc), ter por perto papel, caneta e água. Silenciar as notificações do celular e/ou e-mail também ajuda a manter o foco na seleção. A responsabilidade e a disciplina são características que também chamam a atenção das empresas, principalmente para as vagas de estágio dentro de casa”. 

Analista de Recrutamento Hanna J. Carvalho acredita que os jovens devem investir em atividades e cursos que estimulem a capacidade de adaptação e gerenciamento de tempo de forma produtiva.
(Foto: reprodução / Linkedin)

Além disso, existe a questão principal que viabiliza o home office, mas que tem sido motivo de preocupação dos estudantes: a internet. A analista diz que essa condição  é relativa e não deve ser generalizada. Em alguns casos, a empresa  oferece uma estrutura para o estagiário durante o período de atividades remotas e por isso ela não acredita que ter uma boa conexão, considerada isoladamente, seja um critério de eliminação nos processos seletivos. Por fim, Hanna deixa um recado aos jovens que ainda estão se acostumando com o novo normal e continuam na busca por uma colocação profissional:

“Mantenham-se ativos”.

Nathalia Caroline – 7º período

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