IA: potencialidades e desafios na criação de vídeos usando tecnologia

As diferentes inteligências artificiais e como podemos usá-las na produção audiovisual, bem como seus desafios e dilemas éticos, foram o tema da palestra no domingo (16), último dia do Rio2C, o maior evento de criatividade e inovação da América Latina. O criador do canal do YouTube “Manual do Mundo”, Iberê Thenório, compartilhou seus aprendizados em um auditório lotado na Cidade das Artes, Barra da Tijuca.

O jornalista e youtuber Iberê Thenório apresentou o site Falatron, uma inteligência artificial capaz de criar áudios a partir de textos, com vozes de pessoas públicas e personagens. Em um exemplo, o próprio Iberê virou alvo de piada ao ter um vídeo seu com o áudio alterado. O jornalista tratou a situação com humor, porém alerta para os potenciais perigos do site, que pode gerar deep fakes (técnica que combina a fala alterada com um vídeo já existente, com o propósito de disseminar informações falsas).

“Todo cuidado no uso de qualquer ferramenta de inteligência artificial é importante. Muitas questões éticas estão envolvidas com o tema”, pondera.

O chat GPT, uma inteligência artificial que produz textos, vêm gerando certa polêmica sobre sua utilidade. A empresa criadora, OpenAI, não divulga informações sobre como a ferramenta é feita e existe uma questão ética sobre quais são os benefícios que ela traz à sociedade. Iberê afirma que a ferramenta não foi feita para fazer perguntas, mas ela funciona como assistente criativa para produção de conteúdo digital, além de editar e traduzir textos.

Iberê atenta ao público sobre o uso da inteligência artificial durante todas as etapas da produção de conteúdo audiovisual. O Chat GPT atua na pauta e na pesquisa, ao contribuir com ideias e conteúdo; no roteiro, ao escrever e corrigir textos; na divulgação, com legendas; e na publicação, com títulos e descrições. Já o DALL-E, programa que cria imagens a partir de textos, pode auxiliar na produção e na pós-produção.

Sob essa perspectiva, precisamos encarar o fato de que a inteligência artificial pode substituir a presença humana. Segundo Iberê, é importante pensar nosso papel como seres humanos e o quanto desejamos a evolução tecnológica. “Por um lado, a tecnologia poupa nosso tempo, porém também é preciso pensar em como será o futuro das pessoas que trabalham nessa área”.

“Torço para que a mudança seja lenta, para que os trabalhadores tenham tempo de se adaptar às novas mudanças e que demissões em massa sejam evitadas”, conclui Iberê Thenório.

Marco regulatório IA
Segundo a Agência Brasil e a Agência Senado, a Câmara dos Deputados aprovou em 2021 o marco legal para o uso da inteligência artificial (IA) no Brasil. O texto seguiu para o Senado e, a partir dele, uma comissão de juristas ficou encarregada de elaborar uma proposta consolidada para regulação da IA no País. Após quase 240 dias de trabalho, a comissão apresentou um texto substitutivo com pouco mais de 40 artigos, distribuídos em um relatório com mais de 900 páginas, a ser apreciado pelos senadores.

A partir do marco regulatório, serão elaboradas normas para a implementação, para o desenvolvimento e para o uso responsável de IA no Brasil com o objetivo de proteger os direitos fundamentais e garantir a implementação de sistemas seguros e confiáveis.

Foto de capa: Larissa Martins/Agência UVA
Reportagem de Larissa Martins, com edição de texto de Daniela Oliveira

LEIA TAMBÉM: “A tecnologia é um meio para um fim”, diz Aline Souza no Rio2C
LEIA TAMBÉM: Rio2C: Fátima Bernardes e Valen Bandeira refletem sobre alegrias e desafios das redes sociais