Saúde

Nos EUA o uso da aspirina em início de tratamento na prevenção de infarto e AVC não é mas recomendado

Especialistas comentam sobre o uso do medicamento e o impacto da declaração na comunidade médica

Na última terça (12) a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF) fez uma declaração de recomendação de que pessoas com idades entre 40 e 59 anos e que tenham maiores chances de contrair doenças cardiovasculares e derrames, assim como pessoas com mais de 60 anos, não devem começar tratamentos à base de aspirinas. Especialistas comentam a mudança no tratamento de pacientes.

A Força-Tarefa americana contou com 16 membros especialistas da área médica, todos selecionados pelo diretor da Agência Federal de Pesquisa e Qualidade em Saúde dos Estados Unidos, e esteve pautada na prevenção do tratamento adequado e na avaliação periódica de testes de triagem realizados acerca do uso de aspirinas.

O médico cardiologista Thales Petry esclarece se já existia alguma contraindicação de se fazer uso de aspirinas na prevenção de doenças cardíacas, ou se apenas agora foi percebido isso através dos estudos apontados pela Força-Tarefa dos Estados Unidos.

“O uso de aspirina para prevenção primária (cuidado para não adquirir uma enfermidade pela primeira vez) já foi suspenso há cerca de 10 anos, no Brasil. Nesse caso, há contraindicações para pessoas com história de sangramento ativo, úlceras estomacais, na última fase da gestação, doença renal avançada, doenca hepática avançada e alergias, por exemplo”, argumenta Thales Petry.

Segundo a Doutora Chien-Wen Tseng, membro da Força-Tarefa e também professora e diretora de pesquisa associada do Departamento de Medicina da Família e Saúde Comunitária da Escola de Medicina John A. Burns da Universidade do Havaí, não é aconselhado o uso de aspirinas para quem tem 60 anos ou mais, por conta do risco dos efeitos colaterais graves que o remédio pode provocar.

“As últimas evidências são claras: iniciar um regime diário de aspirina em pessoas com 60 anos ou mais para prevenir um primeiro ataque cardíaco ou derrame não é recomendado”, aponta a Dra. Chien-Wen, em comunicado.

“No entanto, esta recomendação da Força-Tarefa não é para pessoas que já sofreram um ataque cardíaco ou derrame; elas devem continuar a tomar, a menos que seu médico diga o contrário”, complementa Chien-Wen Tseng.

A farmacêutica Lenize Marins destaca o medicamento no tratamento de alguns sintomas ou doenças não transmissíveis, apenas sob recomendação médica para prevenção.

“O ácido acetilsalicílico ou AAS, conhecido popularmente como aspirina, é um fármaco utilizado no tratamento da dor (ação analgésica), febre (antitérmica) e na inflamação (anti-inflamatória), devido ao seu efeito inibidor não seletivo das ciclooxigenases (COX), uma enzima responsável, em parte, pelo processo inflamatório. A utilização do AAS vai depender da prescrição médica, individualizando cada paciente, observando e analisando o perfil do risco clínico e comorbidades”, explica Lenize Marins.

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Pílulas de aspirinas (Foto: Wikimedia Commons)

Paralelamente à farmacêutica, Thales Petry conta também que, somente com a prescrição médica, o paciente faz jus a esse tipo de remédio, e ocorre apenas em casos extremos de cuidado para evitar que a pessoa sofra de infarto ou AVC pela segunda vez.

“A aspirina só é recomendada na prevenção secundária, em quem já teve o infarto ou AVC, como uma forma de precaução para evitar que ocorra novamente”, afirma o médico cardiologista.

A recomendação feita por especialistas vai de encontro a pesquisas e estudos que relatam o risco dos efeitos colaterais graves apontados pelo medicamento, superando os benefícios.

“Este medicamento não se encontra na lista de gratuitos pelo SUS, que disponibiliza à população os considerados essenciais, como para dislipidemia, rinite, Parkinson, osteoporose, glaucoma, além de anticoncepcionais e fraldas geriátricas, hipertensão, diabetes e asma, estando disponível aos três útltimos gratuitamente”, conclui a farmacêutica.

Jorge Luiz de Carvalho, de 64 anos, cita fazer uso do remédio na prevenção contra problemas cardíacos, principalmente, em decorrência de um momento que passou na vida, sentindo-se bastante cansado em sua rotina, com a sensação de perder o fôlego rapidamente, sem saber que estava com cerca de 95% da artéria obstruída, podendo levar ao infarto.

“Eu comecei a fazer uso da aspirina (AAS) a partir do momento em que consultei o médico especializado. Foi onde ele me disse que poderia ter tido um infarto, com 95% da artéria bloqueada. Desde então, me receitou o medicamento do qual faço uso regularmente”, revela Jorge Luiz de Carvalho.

Especificamente no infarto e no AVC, o medicamento inibe a formação decoágulos sanguíneos, os quais podem obstruir as veias ou artérias por dificultar a circulação do sangue e, portanto, deve ser feito o acompanhamento ao médico cardiologista para poder agir com eficacidade.

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Luiz Guilherme Reis – 2° período

Com revisão de Bárbara Souza – 8° período

2 comentários em “Nos EUA o uso da aspirina em início de tratamento na prevenção de infarto e AVC não é mas recomendado

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