Na última semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou por meio de uma coletiva de imprensa realizada em Genebra, na Suíça, a vacinação para a população mais necessitada da África Subsaariana, com a primeira vacina contra a malária, que possui altos índices de transmissão da doença. Especialista comenta sobre este avanço médico que pode salvar milhares de vida.
De acordo com a OMS, a aplicação da vacina “RTS,S/AS01”, como é chamada, é indicada em um esquema de quatro doses em crianças a partir dos cinco meses. O objetivo consiste na prevenção da malária e redução do impacto da doença entre os infectados.

O Coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia Marcelo Otsuka, aponta que é interessante entender que as vacinas nem sempre são comparáveis, pois depende da metodologia do estudo e de como é feita a análise.
“É exatamente o que se observa para a malária, tanto para a RTS,S, como a R21, não podendo ser comparadas, pois as metodologias da fase 3 foram diferentes e, por isso, supõe-se que a última tenha uma eficácia superior a 70%, enquanto a primeira, uma eficácia em torno de 40%”, explica Marcelo Otsuka.
Elaborada pela farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK), a vacina Mosquirix é recombinante a uma base de proteína e é considerada a mais nova vacina, demonstrando ter uma eficácia adequada contra o patógeno (organismo capaz de causar doença em um hospedeiro) da malária.
Segundo a OMS, a imunização é uma resistência a esta doença infecciosa, e teve como resultado promissor o qual tanto esperava. Foram 30 anos de pesquisa e progresso dedicados a salvar cada vez mais vidas contra a malária, em decorrência das milhares de mortes, tais quais ocorrem todos os anos.
O pediatra e infectologista Marcelo Otsuka explica ainda o motivo pelo qual a primeira vacina só ter recebido aprovação por agora, tendo em vista tantos anos de surtos da doença parasitária, principalmente nos arredores do continente africano.
“A malária é uma doença a qual afeta milhões de indivíduos, principalmente, crianças no mundo todo. Tem um apelo socioeconômico baixo, porque não é considerada uma infecção comum, pois não é vista em países desenvolvidos ou que tenham condição socioeconômica relativamente boa”, esclarece o Infectologista.
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Nas redes sociais a repercussão do anúncio foi bastante positiva por parte de populares, ONGs , jornalistas e profissionais da saúde. A hasthag #MalariaVaccine foi levantada no Twitter para comemorar a notícia.
A vacina é um grande passo para reduzir ainda mais os casos de malária, com base na justificativa do diretor-geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus, que exibe como resultado dos casos mais graves e mortais uma queda de 30%, e 40% mediante os 12 primeiros meses pelo avanço da vacinação.

O programa piloto, até o exato momento, testou a eficácia da vacina contra a malária em torno de 800 mil crianças desde 2019. Estudos seguem avaliando os testes da doença. O diretor-geral da OMS completa que o uso da vacina é essencial na defesa e na preservação de milhares de vidas jovens a cada ano, além de outras ferramentas existentes na prevenção da malária.
“Este é um momento histórico. A tão aguardada vacina contra a malária para crianças é um avanço para a ciência, a saúde infantil e o controle da malária”, comenta Tedros Adhanom.
Dentre os países inseridos na vacinação teste, em andamento, destacam-se Quênia, Gana e Malawi. O programa de testes está previsto a ser concluído imediatamente baseado na vacinação de um total de 10 milhões de doses, visto que a doença mata, em média, 500 mil pessoas por ano.
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Luiz Guilherme Reis – 2° período
Com revisão de Isis Sant’ Anna – 7° período
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