Internacional

Comitê Olímpico Internacional (COI) mantém punições para quem protestar nos pódios

Relatório propõe flexibilização para que atletas possam se manifestar, mas mantém restrições e penalidades para quem descumprir as normas.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) aceita flexibilizar alguns pontos da regra 50 que proíbe protestos em áreas olímpicas, mas mantém punições aos atletas que pretendem se manifestar nos pódios durante o hino de seu país, nas Olimpíadas de Tóquio. 

Desde o ano passado protestos pelos direitos humanos ocorreram no mundo inteiro depois da morte de George Floyd, homem negro de 46 anos assassinado por um policial branco nos Estados Unidos, atletas de diversos países apoiaram e se posicionaram contra o racismo, utilizando momentos das competições esportivas para protestar.

A Global Athlete pressionou o COI a abandonar ou modificar o artigo da carta olímpica, que proíbe a manifestação dos atletas em protesto ao racismo ou a qualquer outra pauta social, para eles é uma violação dos direitos humanos e a mudança é necessária, os atletas precisam e devem se posicionar contra as injustiças sociais.

Criada em 1894, a regra 50 está presente na Carta Olímpica e nela está escrito que “nenhum tipo de demonstração ou propaganda política, religiosa ou racial é permitida em quaisquer locais ou outras áreas olímpicas”, os atletas que quebrarem está regra estão sujeitos a penas disciplinares.

Para a professora de escrita criativa, Vânia Fortuna que estudou em seu Doutorado os Grandes Eventos, em específico as Olimpíadas do Rio, é necessário a modificação de uma regra tão antiga.

“O mundo mudou e diante desta mudança não tem como impedir que atletas que tem uma alta visibilidade e estão participando de mega eventos, não use deste momento para se manifestar contra ou a favor de algo. Quando a gente pensa que estamos no ano de 2021 e ainda estamos diante de tantos absurdos, é claro que pessoas com importância na mídia irão se posicionar, é assustador ver que ainda existem pessoas que apresentam comportamentos que mata, fere e humilha outras pessoas,” comenta a professora.

Tommie Smith e John Carlos protestam durante os Jogos Olímpicos do México. Foto: Reprodução / AP Photo

A imagem acima mostra um movimento muito emblemática para o esporte e para a sociedade, no ano de 1968 os americanos Tommie Smith e John Carlos eternizaram o movimento dos Panteras Negras ao subiram no pódio e protestaram pela igualdade dos direitos civis. O COI e o Comitê Olímpico Americano puniram os atletas e isso custou a carreira deles, que foram expulsos das Olimpíadas e tiveram muitas dificuldades para continuar no esporte.

Este ano o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (United States Olympic Committee, USOC) resolveram fazer algumas mudanças, eles já enviaram um comunicado informando que caso seus atletas se manifestem, eles não irão receber nenhuma punição. Os Estados Unidos é um dos países que tem a maior delegação e contém grandes estrelas, que sempre se manifestam publicamente contra o racismo.

Lebron James jogando pela seleção dos Estados Unidos. Foto: Reprodução / Reuters

A jornalista e publicitária Yasmin Thomaz, conta como acredita que os americanos irão se comportar nas Olímpiadas, sabendo que não sofrerão com o seu Comitê, mesmo não prevendo qual será a reação do COI.

“As Olimpíadas é um evento muito delicado, é muito difícil saber como os atletas irão reagir até porque foram 5 anos de preparação, precisa primeiro ter noção do que o COI pretende fazer, mas caso continue acontecendo descriminação e mortes de negros nos Estados Unidos é muito provável que os americanos se manifestem de forma mais bruta,” explica Yasmin.

Por conta dessa decisão o COI resolveu fazer uma pesquisa com 3.500 atletas e ex-atletas que foram ouvidos e o resultado mostrou que pode ter manifestações durante os jogos, mas não na cerimônia do pódio e nem no momento das competições. A Global Athlete diz que o questionário não foi muito bem formulado e que acabava levando os atletas a darem respostas que não permitia que a regra mudasse de forma bruta.

O COI pede para que as pessoas se manifestem com data e horário marcado, como foi visto na NBA, desta forma eles conseguem ter um maior controle do que irá acontecer nos Jogos, sabendo que ao ajoelhar no pódio ou levantarem os pulsos irá chamar muita atenção.

O Comitê ainda não informou qual será a punição que eles pretendem dar, terá uma avaliação primeiro do que será feito com os atletas que não obedecerem as regras, normalmente quem toma esta decisão é o Comitê Nacional, o que não irá funcionar com os atletas americanos.

Já no Brasil, o Comitê concordou que a regra precisava ser atualizada, visto que ela é bem antiga, e deixaram claro que se a manifestação tem o teor de defender uma vida ela não é vista como uma manifestação política e por isso não tem problema em fazê-la, mas eles informaram que vão seguir o que for determinado pelo COI.

Com a decisão do Comitê Americano era esperado ver como os outros países iriam reagir, o estudante de Educação Física Matheus Felipe, esclarece sobre como ele acreditava que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) iria se posicionar.

“Para ser sincero eu gostaria muito que o COB tivesse tomado a mesma decisão do Comitê dos Estados Unidos, mas não me surpreende nada eles decidirem seguir as regras do COI, acredito que para ter uma mudança do nosso Comitê, mais países terão que se posicionar contra esta regra, é muito difícil de imaginar o Brasil apoiando a ideia de seus atletas se posicionando da forma que querem,” conclui Matheus.

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Luiza Nascimento – 1° período

Sob supervisão de Indaya Morais – 7° período

2 comentários em “Comitê Olímpico Internacional (COI) mantém punições para quem protestar nos pódios

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