“Viralizar” significa, na linguagem da internet, que você atingiu o mais alto nível de repercussão e estará suscetível a se tornar um “meme”. A palavra de origem americana que era credenciada a uma figura caricata usada nas redes sociais do país no início da década e, anos mais tarde, o resto do mundo adotaria para designar “novas versões” de um fato, carregados em um alívio cômico ou debochando de uma situação.
Não diferente, o assunto do momento foram as eleições dos Estados Unidos, realizadas no último dia 3 de novembro e que o resultado se arrasta até um tempo indefinido. “O final, não será o fim” é o que diz Leandro Leon, cantor paraibano e que durante as eleições dedicou seu tempo como influencer para comentar sobre as eleições no país dos yankees.

“Acho que é o assunto do momento, não tem como fugir. É uma forma de rir, debochar dos participantes e entender toda a gravidade do tema.” Ele conta que em uma semana ganhou 1 mil seguidores, apenas com lives e reels sobre o assunto.
Eduardo Bruno, redator de uma agência de publicidade em Suzano, São Paulo, confirma que o aumento da procura sobre o assunto explodiu na internet, inclusive para os clientes. “Eles procuram saber como é feita a eleição, que é diferente do Brasil, como são os candidatos, onde podem vencer”. Até mesmo o Twitter já avisou: “Nada acaba nesta terça”. Até o sábado, Joe Biden aparecia com 253 delegados conquistados contra 214 de Donald Trump, com os estados de Nevada, Geórgia e Pensilvânia ainda em aberto.

São Paulo. (Foto: Acervo Pessoal)
De acordo com o Google Trends, a procura pela eleição dos Estados Unidos ao redor do mundo subiu em mais de 600% desde terça-feira. E isso reflete no Twitter, por exemplo, dos 10 principais trending topics (TTs) mundiais, 6 são referente às eleições, ou à indefinição das eleições. Para a Bloomberg Agency, nos últimos 4 dias, as televisões americanas, em média, dedicaram 11 horas de seu tempo para o assunto.
O fenômeno, é claro, chegaria ao mundo virtual. Desde o último fim de semana, o tema “Eleições EUA 2020” subiu 203% no Brasil. De fato, as eleições se tornaram o assunto viral, mas isso foi mais agravado pelos acontecimentos do ano de 2020, principalmente a pandemia da Covid-19 e os protestos antirracistas ao redor dos Estados Unidos.
“Os olhos do mundo estão voltados pra lá” diz Vitoria Velez, chefe de redação da AFP Brasil. “A democracia americana passa por um momento difícil, os dois candidatos tiveram o maior número de eleitores da história, tudo isso devido a pandemia e também ao Black Lives Matter”. Para ela, o posicionamento ou até mesmo o não posicionamento, em especial de Trump, foram fatores cruciais para as eleições dos Estados Unidos se tornaram virais.

As urnas foram fechadas no dia 3, mas a contagem durou até o dia 7 de novembro. Na tarde de sábado, Joe Biden foi declarado vencedor. Em números exatos, mais de 150 milhões de americanos votaram nessa eleição, sendo 100 milhões antecipadamente ou por correspondência. Na avaliação de Maurílio Barbosa, importante influencer brasileiro no Twitter e Doutor em Administração, o politicamente incorreto continua perdendo espaço na visão das pessoas.

“O politicamente incorreto, a combatividade excessiva e as provocações podem até chamar atenção em campanha, mas o povo gosta é de estabilidade, boas ideias e bons serviços prestados à população. Essa postura não se sustenta.” Desde o último dia 4, Trump tuitou 35 vezes contra a eleição, e em todas elas recebeu o selo de “possível fake news” dado pelo Twitter a informações que não foram confirmadas por fontes oficiais. Joe Biden publicou 36 vezes, sem ter seus tweets previamente notificados.
De acordo com a Decode.buzz, “Nevada” ficou 8h em 1º lugar nos TTs com 2,9 milhões de tweets ao redor do mundo. Em seguida, “Wisconsin” com 1,6 milhões e “Michigan” 1,4 milhões. Ainda no Twitter, Trump conseguiu o número recorde de 88,1 milhões de seguidores, sendo que seu alcance era de 200 mil retweets em 1 hora, enquanto seu oponente Joe Biden tinha seus modestos 13,2 milhões de seguidores com apenas 200 mil retweets em 1 dia.
A alta procura pelo nome “Trump” subiu 334% em comparação a “Biden” em 6 meses, ainda que houvesse uma queda de 376% em uma mesma comparação no período eleitoral de 2016. Para Renan Macário, que integra o grupo de engenharia de produção do Grupo Globo, essa foi a eleição mais virtual de todos os tempos. “Foi, sem dúvida, a [eleição] mais virtual do século, e acredito que, com as projeções que temos feito, levará 10 anos, no mínimo, para os números desta serem atingidos novamente”.

Daniel Coelho, videomaker em uma agência de publicidade no Rio de Janeiro, diverge dessa visão. “É difícil você prever um cenário pra daqui a quatro anos, virtualmente dizendo, é claro. Mas temos um caminho pavimentado para uma nova forma de comunicação, voltada para o público das redes sociais”. Ele se refere principalmente ao TikTok, rede social chinesa que esteve ameaçada nos Estados Unidos por pressão de Trump sob alegações de que o aplicativo era usado como uma forma de espionagem.

O fato é que aplicativos como esse permitem a viralização de conteúdos de forma rápida, e foram uma importante arma para Joe Biden cativar o público jovem e indeciso. Os Estados Unidos é o segundo país com mais usuários do TikTok, mesmo com um bloqueio temporário no país.
“O futuro passa pela forma como os políticos usarão essa força daqui pra frente”, é o que afirma Guilherme Carvalhido, professor de marketing da Universidade Veiga de Almeida. Ele ainda aponta que, diante do que foi as eleições, não houve precedentes de terem passado por uma pandemia e uma onda de protestos antirracistas. “Foi um fator determinante para que as pessoas se posicionassem, e cada candidato se voltasse para seu núcleo eleitor”.

As eleições nos Estados Unidos viralizaram por meio de memes e mais memes. Em todo o canto do mundo, a apreensão causada pela lenta e polêmica apuração provocou o deboche e a contestação de declarações vindas dos republicanos. A internet se torna cada vez mais indispensável para o convívio humano. Abaixo os principais memes sobre as eleições norte-americanas de 2020:





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