Esporte

Apoio das entidades e as diferenças entre o basquete feminino e masculino

Apesar das melhorias no apoio e na visibilidade, a modalidade do esporte feminino ainda carece de investimentos compatíveis

Esportes femininos, de um modo geral, têm sido pouco apreciados pelo público ao redor do mundo. Mesmo nos países onde o esporte praticado pelas mulheres é o mais famoso nacionalmente, como o futebol no Brasil ou o basquete nos Estados Unidos, elas ainda não recebem o mesmo tratamento que os homens.

Um exemplo disso é o salário do basquete da WNBA (principal liga de basquete feminino nos Estados Unidos). De acordo com o Career Trend — um grande banco de dados sobre as profissões e suas médias salariais nos Estados Unidos — um árbitro da NBA (liga masculina de basquete) em 2018, ganhava entre U$150 mil e U$550 mil dólares. Enquanto que os dados do Spotrac, um dos principais sites a respeito dos salários nas principais ligas esportivas norte-americanas, mostram que as jogadoras mais bem pagas da WNBA recebem U$224 mil dólares. Ou seja, menos do que os principais árbitros recebiam dois anos atrás.

Valor dos salários da WNBA, e as maiores médias salariais anuais / Fonte: Spotrac

https://careertrend.com/info-7750626-average-salary-nba-referee.html

https://www.spotrac.com/wnba/contracts/

No Brasil, a situação salarial no basquete não é tão aberta, tornando pouco conhecido quanto os árbitros da liga masculina ganham em comparação com as jogadoras da liga feminina. Porém, o tratamento que recebem, a atenção da mídia, os patrocínios e a visibilidade são quase nada se comparadas com a dos homens.

Um desses exemplos é a transmissão oficial dos jogos. A Liga Nacional de Basquete (LNB) em 2018 possuía transmissões oficiais pela ESPN, Fox Sports, Bandeirantes e BandSport, além das redes sociais no Twitter e Facebook, tendo transmissões em seis dias da semana. Atualmente, a Band foi substituída pela TV Cultura, e como a Fox e a ESPN passaram a ser da mesma empresa, apenas um deles transmite. Além de ter tido a adição da DAZN. Já o feminino, que normalmente é transmitido pela TV Cultura, teve seu auge em 2019, quando foi transmitido pela ESPN, uma vez por semana, atraindo um público totalmente novo.

A jogadora Izabella Sangalli, do Ituano, comentou sobre as transmissões dos jogos. “Esse ano de 2020 a LBF havia fechado com a TV Cultura, o que é muito bom para a modalidade, estar sendo transmitida em canal aberto e assim alcançando um público maior”.

Outro exemplo das diferenças está nas mídias sociais. No Twitter, cerca de 141 mil usuários seguem a página oficial da LNB, enquanto “apenas” 14 mil seguem a da Liga de Basquete Feminino (LBF), número esse que foi conquistado através das mobilizações que ocorreram nas redes no mês de julho, onde amigas, mulheres, lideraram esse movimento para aumentar o número de seguidores do basquete feminino, que inicialmente era de 5 mil.

Essa movimentação liderada por torcedoras é positiva de inúmeras formas, mas principalmente por atrair um novo público ao esporte pouco visto. Uma movimentação dessas faz com que canais de TVs queiram transmitir os jogos, e com isso aumenta o número de patrocinadores, e consequentemente melhora a estrutura da competição e dos times, tornando o campeonato cada vez mais atraente e competitivo.

A ex-jogadora do Sesi Araraquara, Débora Costa, afirma que está feliz pelo movimento nas redes sociais, e acredita que o basquete feminino está no caminho certo. “Fico feliz com o espaço que tivemos na pandemia de poder falar mais sobre o nosso esporte. Feliz também em ter pessoas novas nos acompanhando e espero que possamos atrair cada vez mais pessoas. O basquete feminino passou por momentos difíceis, mas tem se recuperado. Ambas as entidades (CBB e LBF), vem lutando para poder nos dar o melhor que elas podem no momento.”

A jogadora ainda cita alguns pontos que poderiam tornar o basquete feminino cada vez melhor. “Ainda há muito o que melhorar. Em relação a CBB, acredito que precisamos de um tempo maior de preparação com mais amistosos internacionais, enquanto a LBF, acredito que ela possa buscar novos patrocinadores para ajudar os clubes em seus gastos, assim poderíamos ter um número maior de equipes e jogadoras participando.

“Precisamos também voltar nosso olhar para as categorias de base, atrair mais meninas para o esporte, ter mais equipes, campeonatos nacionais e internacionais onde elas tenham a possibilidade de se desenvolver dentro do Brasil.”

Débora Costa, ex-atleta de basquete, indicando medidas que poderiam fortalecer o esporte praticado no Brasil.

A atleta ainda fala sobre os jogadores do basquete masculino, que poderiam incentivar mais o público a assistir os jogos do feminino, da mesma forma que os jogadores da NBA fazem com a WNBA. “Acho que eles poderiam usar da visibilidade e o alcance que eles têm pra ajudar o basquete feminino, já que o nosso fortalecimento é bom pra modalidade como um todo.”

Sabemos que o caminho certo está sendo tomado quando vemos os resultados recentes da seleção com o ouro Pan-Americano em 2019. Apesar de não terem se classificado para as Olímpiadas de Tóquio, o trabalho está sendo feito, e o futuro, ao que tudo indica, será promissor.

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Lucas Bacil – 8º período

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