A poucos meses do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), parte das escolas públicas da rede estadual do Rio retomou na segunda-feira (19) as aulas presenciais. A reabertura parcial, que aconteceu em 16 cidades fluminenses após sete meses fechadas devido à pandemia do novo coronavírus, se deu de forma tímida e diante de incertezas sobre a eficácia do ano letivo para os alunos. Alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 2º ano do ensino médio não retornam esse ano.
Levantamento parcial da Seduc (Secretaria de Educação) divulgado na noite do dia 19 aponta que a volta às aulas teve adesão de apenas 4,7% dos alunos esperados – 3.000 de um total de 63 mil estudantes. Foi autorizado o retorno opcional somente para alunos do 3º ano do ensino médio e do 4º módulo de EJA (Educação de Jovens e Adultos). Segundo a pasta, a capital teve maior adesão, com a presença de 1.600 estudantes, pouco mais da metade do total que compareceu.
A coordenadora do curso de pegadogia da UVA, Viviani Anaya, fala sobre os prós e contra dessa volta. “Não posso ficar insensível às perdas que os alunos da escola pública sofreram com o isolamento social. Muitos, em situação de vulnerabilidade socioeconômica, tem na escola a única possibilidade de acesso aos conteúdos programáticos, já que não possuem computador ou acesso à internet”. Ela acrescenta que o retorno para os alunos do 3º ano do ensino médio parece uma medida paliativa, para minimizar o impacto sofrido e resgatar um pouco dos conteúdos que não foram apreendidos por esses alunos, porque o ENEM esta chegando.

Luis Otávio, de 18 anos, conta o quão difícil foi se adaptar às aulas virtuais no começo da pandemia. “Quando as aulas online começaram, eu meio que entrei em pânico por não mexer muito em computador, mas com a ajuda dos meus amigos consegui me adaptar. Esse ano foi muito difícil, mas mesmo assim eu sei da importância das aulas voltarem a serem presenciais para que possamos tirar nossas dúvidas pessoalmente”, completou.
Já Júlia Alcântara, de 17 anos, se mostra curiosa para saber como serão as aulas até o fim do ano. “Acho que vai ser meio assustador essa volta, tem muita gente ainda com medo de pegar o vírus, mas ao mesmo tempo não querem perder ano letivo. Eu estou indo com a cara e a coragem pois quero muito prestar vestibular para direito.”
Na opinião do estudante João Oliveira, todos os alunos deviam ser automaticamente aprovados. “Nem todo mundo que ficou esse tempo todo em casa conseguiu assistir às aulas virtuais com frequência, alguns largaram de mão. Isso tudo foi muito novo pra nós, alunos. Para mim, esse era o certo a se fazer”.
No entanto, nem todas as escolas autorizadas a retomar as aulas foram abertas. Na capital, 19 não abriram. Para contornar esse tipo de problema, a Seduc ofereceu o pagamento de Gratificação por Lotação Prioritária, o que corresponde a hora extra do setor de educação para os professores que se dispuserem a trabalhar.
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