Na última quarta-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que concedia ao Ministério da Economia a elaboração de um estudo sobre a inclusão das Unidades Básicas de Saúde (UBS) no Programa de Parceria de Investimentos (PPI), entretanto, após uma repercussão negativa, o presidente voltou atrás e revogou o decreto.
Em postagem no Instagram, o cientista político, Matheus Ribs, declarou acreditar que a revogação do decreto de privatização abre espaço para o governo argumentar e pedir um plebiscito, e não vê apenas o SUS correndo perigo, mas sim a constituição federal. Matheus entende que o governo Bolsonaro acenou para o mercado, para sua base e aliados, dizendo: “Estão vendo como eu não consigo modernizar o Brasil? Precisamos mudar essa Constituição”.
Cecília Seabra, docente do curso de Jornalismo, consultora em estratégia de comunicação e especialista em economia e gestão da sustentabilidade, ainda ressalta que esse é um traço marcante e comum no governo ‘bolsonarista’.
“Postar nas redes ou assinar decretos e depois voltar atrás, é um dos traços do governo Bolsonaro, uma característica desde quando assumiu, e essa não é a primeira vez que esse “vai e volta” acontece”, comenta Cecília Seabra.
Conforme afirmou o cientista político Matheus, na segunda-feira (26), o líder do governo da Câmara, Ricardo Barros (PP), afirmou em seminário da ABDCONST que é a favor do início de uma nova constituinte e que a câmara vai propor um plebiscito.
O cientista, Matheus Ribs, avalia que é uma estratégia para dominar o assunto da semana e chamar atenção, logo, cobrindo acontecimentos na política brasileira ou ainda para atingir algum objetivo específico. No caso, segundo Matheus, a hipótese é de que o governo use o argumento da revogação do decreto do SUS para afirmar ser necessário uma nova Constituição.
Para o professor Guilherme Carvalhido, sociólogo e analista político, as mudanças no SUS são desejadas, assim como mudanças na Constituição, que também gera insatisfação ao atual governo.
“A ideia das mudanças no SUS é uma política desejada pelo Ministro Paulo Guedes. A mudança constitucional é uma política desejada pelo grupo do Bolsonaro, que acha que a Constituição de 88 seria “socialista demais”, dificultando a ação do Presidente da República”, completa Carvalhido.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior sistema público de saúde do mundo, atende em média cerca de 190 milhões de pessoas no país, e 80% dessas pessoas dependem do SUS para tratar da saúde, dados do Conselho Nacional de Saúde.
Confira a repercussão no Twitter:
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Raphael Pimentel – 7º período
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