20 anos de Agência UVA e a importância de uma formação integrada

O jornalista, Mestre e Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luís Carlos Bittencourt, que coordenou o curso de Jornalismo da UVA por 24 anos, é o primeiro entrevistado de nosso “Especial 20 anos Agência UVA” – uma série de reportagens que vão relembrar das últimas duas décadas em nossa redação experimental.

Ele foi o escolhido para dar o pontapé inicial às comemorações porque é considerado um dos maiores entusiastas e defensores do projeto. “A redação experimental é a oportunidade de o alunado aliar prática ao que aprendeu em sala de aula”, diz.

Bitt trabalhou em “O Dia”, “O Globo”, “Jornal do Commercio”, “TV Globo” e “TV Educativa”, onde foi editor de telejornais e Diretor de Jornalismo, e além da UVA também foi professor e coordenador do curso de Jornalismo da UFRJ. O jornalista deixou a universidade em 2022, mas segue no conselho editorial da Agência UVA e, em uma entrevista on-line, contou como o projeto começou e quais mudanças ele observa no mercado de trabalho passados esses 20 anos.

Luís Carlos Bittencourt. (Foto: Divulgação/ premiojornalismouva.wordpress.com)

Agência UVA: Como a Agência surgiu?
Luís Carlos Bittencourt: A Agência daqui a pouco vai fazer 21, vai atingir a maioridade (risos). Há 20 anos ela surgiu em sala de aula, na disciplina Oficina de Jornalismo, co-criada pelos professores e com a colaboração dos alunos. A ideia era oferecer uma possibilidade prática para os alunos além da sala de aula, que é, inclusive, uma orientação do próprio Ministério da Educação (MEC).

As primeiras matérias produzidas na Agência eram encaminhadas para alguns jornais, bem no espírito de uma agência de notícias tradicional, como o “Diário de Teresópolis” e o “Jornal de Paraty”. Depois ela foi estruturada de forma mais profissional, foi quando a então aluna Érica Ribeiro (atual coordenadora adjunta do curso de Publicidade), que foi repórter da Agência, assumiu a coordenação do projeto e consolidou a Agência como o laboratório que conhecemos. Ao longo dos anos, tivemos outras coordenações, como a professora Patrícia Sá, e, desde 2018, a Daniela Oliveira.

A equipe de repórteres no semestre 2018.1 e a professora Patrícia Sá (de vermelho). Foto: Acervo Agência UVA

AUVA: Você pode falar sobre as diferentes fases da Agência UVA ao longos dos anos?
LCB: Após a criação de matérias para serem veiculadas em jornais impressos, criamos um site para a Agência UVA, bem como perfis nas redes sociais para que houvesse um acesso maior a informação. Nós construímos, ao longo do tempo, uma estrutura que atende uma demanda de mercado e também dos alunos. O foco é oferecer a experiência de uma redação jornalística multimídia, na qual o profissional é responsável por escrever a pauta e divulgá-la na internet. Essa formação integrada é fundamental para se inserir no mercado de Comunicação.

AUVA: Quais foram as mudanças profissionais na vida de quem fez parte do projeto?
LCB: Muitos alunos que saíram da Agência UVA estão ocupando postos no mercado de trabalho. A Agência surgiu no começo da internet, em 2003. Nessa época, as redes sociais ainda estavam sendo consolidadas e o jornalista não precisava exercer essa função. Hoje em dia, o cenário mudou completamente, a formação precisa ser mais completa neste sentido e o meio digital se tornou indispensável para a profissão. A Agência já oferecia esse tipo de produto virtual há muito tempo.

AUVA: Se tratando da formação em Jornalismo, de que forma você observa a mudança em relação às mídias sociais?
LCB: A geração de vocês já nasceu nesse meio, então entender a parte técnica é fácil. As faculdades de Jornalismo precisam ter os meios para que os alunos lidem com isso de forma mais profissional. Sei que a Universidade Veiga de Almeida está preparando vocês há muito tempo, pois ela oferece essa estrutura – especialmente nos projetos externos à sala de aula, os laboratórios. Hoje em dia, sobretudo, o papel da faculdade é desenvolver o senso ético nos alunos, para evitar a desinformação.