O acesso à educação de nível superior para os brasileiros de origem indígena sofreu um aumento de 374% entre os anos de 2011 e 2021, segundo o Instituto Semesp — grupo de inteligência analítica criado pela Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, entidade que representa as instituições de ensino superior —, por outro lado, o crescimento da população indígena no país foi de 66%, e em 2021, pouco mais de 8,7 mil alunos que se consideram indígenas concluíram a graduação, sendo esse número apenas 0,7% do total das matrículas, o que ainda é considerado muito abaixo do ideal.

Utilizando dados do Censo Demográfico 2010, do balanço do Censo 2022 do IBGE e do Censo da Educação Superior do INEP, o Instituto Semesp produziu um levantamento, e de acordo com os dados, em 2010, a quantidade de pessoas que se declaravam indígenas no Brasil era de 896 mil. Já no ano de 2022, este número saltou para 1,4 milhões, um aumento de 66% em relação à pesquisa anterior, enquanto as matrículas desses descendentes saltou de 374% entre 2011 e 2021, sendo a rede privada responsável por 63,7% dessas matrículas, e mais da metade delas pertencendo a mulheres. Infelizmente, em 2021, esses pouco mais de 46 mil alunos só representavam cerca de 0,5% do total presente no ensino superior. Segundo a presidente do Semesp, Lúcia Teixeira, esses números mostram um aumento significativo da participação dos povos originários no ensino superior, porém a representatividade ainda é muito baixa.
“Esse universo tende a aumentar, com o maior acesso dos povos originários ao ensino universitário. Essa diversidade representará um estímulo contínuo para o reconhecimento na Educação Superior da força dos nossos ancestrais e sua rica cultura, saberes, valores e vínculos para a melhoria ambiental e social. Com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, cresce a expectativa de formulação de políticas públicas que ampliem o acesso e possibilitem a permanência de estudantes indígenas”, afirma a presidente.
Com relação aos cursos mais procurados, na modalidade presencial são os de Direito (10,6%), Enfermagem (6,7%) e Pedagogia (5,7%), enquanto no EAD, são os de Pedagogia (21,3%) e Administração (7%). Os números mostram que a rede privada foi responsável por 78,8% desses calouros entre os anos de 2011 e 2021, enquanto a modalidade EAD é a escolhida por mais da metade deles, com 56,9% de alunos.
Já na conclusão do ensino superior, as pesquisas mostram que houve um salto de 582% nos egressos desses alunos, e em 2021, cerca de 8,7 mil se graduaram, essa estatística representa, porém, apenas 0,7% do total de egressos.
Foto de Capa: Foto de Nailana Thiely / Ascom UEPA
Reportagem de Camila Teixeira, edição de texto por João Pedro Agner.
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