A trajetória musical da cantora, compositora e empresária Ludmilla foi tema de palestra no terceiro dia do Rio2C, maior evento de criatividade da América Latina. Vencedora do Grammy Latino 2022 com ‘Numanice’ e primeira cantora negra latina a atingir 1 bilhão de streams no Spotify, a “Rainha da Favela” comentou sobre a sua inserção como artista de funk no cenário brasileiro e internacional.
Ludmilla estreou sua carreira como MC Beyoncé aos 16 anos, com o EP “Fala Mal de Mim”, lançado em 2012. Em 2023, foi escolhida como Artista Latina em ascensão pela Billboard International, indicada duas vezes ao Grammy Latino e quatro vezes ao MTV Europe Music Awards, além do show histórico no Palco Sunset do Rock in Rio.
Apesar do sucesso e os mais de 10 anos de carreira, a cantora afirma a dificuldade de ser uma mulher preta LGBTQIA+ na indústria musical. Mesmo não tendo recursos, acreditou em seus sonhos e considera sua maior virtude estar aberta a experiências.
“O funk e o pagode fazem parte majoritariamente de um universo masculino. Eu chegava no camarim e era a única mulher funkeira no meio de vários homens. Sinto que quebrar esses obstáculos formou a “Lud” que sou hoje. Quando me colocam no lugar de desafio, consigo extrair o melhor de mim” contou a artista.
Durante o bate-papo, Ludmilla comentou suas expectativas e desabafa sobre seu oitavo álbum “Vilã”, lançado em março deste ano. Segundo a cantora, o processo de criação de um álbum demanda tempo. No entanto, surgiu uma oportunidade de marketing irrecusável, tendo que apressar as entregas das faixas, consequentemente o resultado do álbum não foi o que ela esperava. Mas a “Rainha da Favela” mostrou que não deixa a coroa cair e afirma trazer mais novidades para promover o disco.
“Sempre fui artista de multidões e nunca de estar ‘nas paradas dos streamings’. Lancei “Vilã” e me esqueci do que mais me importava, a estratégia na rua. Confesso que o resultado do álbum não foi o que eu esperava, principalmente porque não confiei na minha intuição.”
Falando em críticas, a cantora abordou a exposição enquanto artista e a onda de ódio que recebe nas redes sociais. Aos 16 anos, fez parte do “Esquenta!”, programa na Rede Globo apresentado por Regina Cazé, onde contava suas histórias e vivências enquanto adolescente, o que trouxe muita exposição e um espaço para ódio gratuito na internet. Quando começou como Mc Beyoncé, foi justamente a época em que as redes sociais estavam em alta, principalmente o Facebook, por onde sofria ataques virtuais.
A cantora afirma ter contado com o apoio da família e dos amigos que continuam ajudando da mesma forma até hoje. Quando lançou “Maldivas”, Ludmilla assumiu seu relacionamento com sua dançarina Brunna Gonçalves, em uma música de amor, e comentou que mesmo com seus receios perante o público, acabou sendo bem recebida. “Eu não conseguia ser eu, essa pessoa divertida, animada, que fala o que pensa. Não conseguia colocar minhas músicas de amor pra fora. Eu decidi ser eu é a melhor opção. É preciso se libertar”, finaliza.
Foto de capa: Rafael Alves/NFoto
Reportagem de Mariana Motta, com edição de João Pedro Agner
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