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Rio2C: “a nostalgia é uma caixa de primeiros socorros emocional”

A palestra discutia nostalgia e saudade a favor do conteúdo e dos negócios.

É difícil encontrar um fã de “Homem Aranha” que não tenha se emocionado com o encontro das três versões do personagem, de 2002 e 2012, no último filme da Marvel, ou fãs da versão mexicana de “Rebelde” que não tenham se mobilizado para garantir ingressos para o show de reunião do grupo, quase 20 anos após o fim da série. Essas experiências têm um fator em comum: a nostalgia, que foi tema de uma das palestras nessa terça-feira (11), primeiro dia de Rio2C, maior evento de criatividade e inovação da América Latina. 

Mais uma vez tomando conta da Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, a Rio2C tem como intuito promover a integração e discussão de temas relacionados ao universo da comunicação de mídias e marcas. 

A palestra “Nostalgia e Saudade a favor do Conteúdo e dos Negócios” foi mediada por Valeria Contado, tendo como convidadas Carolina Gazal, head de mídia do SBT, Cintia Gonçalves, fundadora da Wiz&Watcher, e Fabíola Menezes, diretora de marketing do segmento Chocolates da Mondelez, que fabrica Lacta, Bis e outros. 

Cada uma das palestrantes definiu seu próprio conceito de nostalgia. Fabiola diz que nostalgia é uma “relação emocional com algo que você viveu, nem tão distante necessariamente”, enquanto Carolina classifica o sentimento como uma “saudade feliz”, algo atrelado à cultura de cada um. Já Cintia brincou que nostalgia é o sabor do bolo de iogurte da mãe, que mora em outra cidade. As três definições encontram seu ponto comum na saudade, fonte de alimentação da nostalgia. 

A palestra foi sediada no Salão 6, promovido pela Meio&Mensagem. (Foto: Agência UVA/João Pedro Agner)

Segundo as palestrantes, a geração Z consome muito conteúdo antigo com o auxílio da tecnologia, que tornou o processo mais acessível. Cintia explicou que produz um estudo sobre nostalgia em relação ao publico, iniciado durante a pandemia, quando a busca pelo antigo cresceu. Para a marketeira, as marcas devem usar a nostalgia como recurso, mas sem deixá-las com ares de antiquadas.

Como exemplos, podemos ver todos os clássicos do audiovisual que tiveram reboots, desde séries como “Gossip Girl” e “How I Met Your Mother” até filmes como a franquia “Pânico” e “Caça-Fantasmas”. Além disso, sonoridades musicais dos anos 80 e 90 estão em alta na música atual, como no álbum mais recente de Dua Lipa, que leva “nostalgia” no nome, e The Weeknd. 

“A nostalgia é uma caixa de primeiros socorros emocional. Tanto quanto falar com amigos ou recorrer ao tal bolo de iogurte da minha mãe, também na mídia. Em tempos de instabilidade, a nostalgia é um conforto emocional”, disse Cintia. 

Carolina explicou que programas do SBT são muito revistos, principalmente as séries infanto-juvenis “Chiquititas” e “Carossel”, que sempre estão no Top 10 da Netflix. Além disso, é como um instinto de gerações mais velhas querer rever conteúdos antigos com seus filhos. 

Fabíola contou que recebem muitos pedidos de retorno de sabores de produtos gastronômicos, como sabores de Bis e biscoitos recheados, mas nem sempre é viável dependendo do público. O mesmo se aplica para as reprises de produções audiovisuais no SBT, como a versão original de “Chiquititas”, “Chaves” e “Rebelde”, que podem ser vistas como problemáticas pelo público por retratar comportamentos da época em que foram criadas. 

Foto de capa: Agência UVA/João Pedro Agner

Reportagem de João Pedro Agner, com edição de texto de Daniela Oliveira

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