Aprovado em 2017, durante o governo Temer, o denominado “Novo Ensino Médio” tem sofrido duras críticas desde o começo de sua implementação em 2022. Apenas em seu segundo ano de vigência, a nova metodologia de educação ainda nem foi efetivada em todas as escolas brasileiras, mas já acumula um grande número de haters (em tradução livre: pessoas que odeiam), dentre eles, alunos e professores.

A princípio, o objetivo da lei 13.415/2017 que instituiu o projeto era tornar os últimos anos da formação básica mais atrativos aos olhos dos jovens e, consequentemente, reduzir o índice de evasão escolar. No entanto, a reforma não tem agradado os educadores, tampouco os estudantes, os quais reclamam, sobretudo, da falta de infraestrutura das escolas.
Para Katia Puente, Mestre em Sociologia, o novo ensino médio pode aumentar a diferença da qualidade do aprendizado entre colégios públicos e privados. Segundo ela, para propor um maior protagonismo do aluno, primeiro é necessário que haja não só recursos, como também docentes preparados para isso.
“As escolas particulares, e nem todas de fato, apresentam recursos para ofertar escolhas para os estudantes. Nas públicas, isso não é real. A escolha é feita pela rede de ensino em função das condições objetivas de cada escola”, aponta a pesquisadora.
Na redes sociais, alunos criticam a falta de aprofundamento nas aulas e a redução da carga horária de disciplinas tradicionais.
Ainda de acordo com Katia Puente, também Doutora em Psicanálise e Sociedade, é possível que ocorra uma desvalorização em determinadas áreas de ensino.
“Há uma dificuldade de entender qual o papel desse ciclo final da educação básica. Qualquer saber que venha a ser considerado pouco atrativo para uma resposta ao mercado é descartada ou tem seu papel reduzido (educação física, artes, filosofia, sociologia, história e geografia). Esses profissionais, a longo prazo, vão ter que se reinventar e aderir a novos projetos”, explica.
A especialista destaca, também, que um dos principais obstáculos no processo de implementação desse novo modelo de ensino é a falta de diálogo aprofundado entre governo e sociedade. Para ela, o mundo pós-pandemia trouxe à tona outros desafios e necessidades para a área da educação.
“As competências socioemocionais hoje são mais importantes do que as cognitivas, estas dependem da primeira para gerar valor. O modelo anterior do ensino, conteúdo e sem recursos, não é o ideal, mas o atual, fragmentado e ainda sem recursos, também não é”, ressalta.
A fim de mediar os debates, o Ministério da Educação abriu, no dia 9 de março, uma consulta pública para avaliação e reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio.
Com duração de 90 dias, a consulta será realizada por meio de audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas nacionais com estudantes, professores e gestores escolares sobre a experiência de implementação do novo ensino médio nos 26 estados e Distrito Federal.
Foto de capa: Pexel
Reportagem Anne Rocha, com edição de texto de Daniel Deroza e Daniela Oliveira
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