Tem trend nova no pedaço. O “Brazilcore”, ou “Brazilian Aesthetic”, consiste na estética inspirada por camisas da seleção brasileira e as cores da bandeira do Brasil, junto de uma vibe esportiva dos anos 2000. Influenciadores internacionais estavam flertando com as combinações de cores em suas produções nas redes sociais, e isso motivou influenciadores nacionais a movimentarem a moda também. No meio da tendência, nasce um debate: o Brasil já traz traços desse estilo nas periferias, então, poderia a “alta moda” estar apropriando movimentos periféricos?

O “Brazilcore” está vinculado a outros termos virais na plataforma TikTok, onde normalmente, os modismos costumam receber o sufixo “core”. Mesmo sendo uma nova trend identificável, ela está vinculada a vários fatores, o que torna difícil definir um motivo específico para o seu surgimento. A professora de Design de Moda, Márcia Mesquita, explica que alguns destaques internacionais do país, como a cantora Anitta, e as cores das próximas estações podem ter contribuído, mas acredita que não foi algo para evidenciar o país.
“A anitta ter aparecido dessa forma em algumas ocasiões pode ter contribuído, assim como empresas como a Pantone já terem sinalizado que verde e azul serão cores em alta nas próximas estações. Entretanto, não me parece algo criado propositalmente para enaltecer o Brasil”, observa Márcia.
Essa “estética brasileira” é algo comum no país, principalmente em grupos marginalizados da população. Por isso, gerou curiosidade que, na gringa, tenha se proliferado a tendência como referência de moda. A designer de moda pontua que o movimento de apropriação de referências periféricas não é algo novo ou exclusivo do “brazilian aesthetic”. Esse é um movimento comum ao longo da história da moda, principalmente nos últimos anos.
“O streetwear como um todo nasceu de movimentos periféricos, como o hip hop, e foi sendo apropriado pelo o que chamamos de “alta moda”. No Brasil, é muito comum esse movimento de inspiração nas culturas populares”, exemplifica Márcia.

Um dos looks usados pela cantora Ludmilla em sua apresentação no Rock in Rio é outro exemplo recente da tendência, e além disso, ela também trouxe referências dos movimentos periféricos, como o óculos “Juliet”, por exemplo, e o cordão de ouro no pescoço.

Além da ressignificação feita pelos adeptos da moda, as camisas da seleção brasileira também tem sido associada a um tipo de nacionalismo e corrente política específicos, que voltaram a evidência devido às eleições presidenciais deste ano. Entretanto, essa não parece uma pauta do “Brazilcore” , e as maiores referências da trend no Brasil aparecem associadas à Copa do Mundo, que começa em novembro.
Mesquita acredita que o “Brazilian Aesthetic” será só mais um modismo passageiro.
“Na Copa, em dia de jogo, quem gosta de futebol sempre usa as cores. Passada a Copa, logo virá um novo “core” do TikTok para tomar espaço”, prevê a designer de moda.
Foto de capa: Reprodução/@pina.loja
Repórter Isabella Caneschi com edição de texto de Gabriel Folena
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Parabéns pela matéria! Muito importante retratar a questão da apropriação periférica e também ressaltar que as periferias ditam moda. Além disso, é importante retomarmos o uso da camisa da seleção sem estarmos vinculados a movimentos políticos conservadores.
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