Comportamento Moda

Dupes Core: as imitações fazem sucesso nas redes sociais

Mas, apesar da popularidade, tendência também tem sido alvo de críticas por contribuir para o consumo não sustentável

Alerta de trend nova! Os “Dupes Core”, a moda das imitações ou alternativas baratas, têm sido uma febre na plataforma Tik Tok. Os vídeos são compostos por influenciadores que buscam se manter atualizados nas tendências, com produtos parecidos ou réplicas de grandes marcas a preços mais acessíveis. Os dupes – ou “fakes” – são cópias quase idênticas de itens de alta costura, fast fashion e até de produtos pertencentes a nichos específicos. Porém, apesar de tornar a moda mais dinâmica, a propagação desse tipo de conteúdo abre um debate em relação aos baixos preços estarem ligados à exploração do meio ambiente e dos trabalhadores; mas, por outro lado, preços elevados também não são garantia de menos exploração. 

Mesmo assim, a hashtag #dupes possui quase 2 bilhões de citações e, ainda, vem crescendo. Influenciadores gringos e brasileiros compartilham em suas redes indicações dos produtos alternativos símiles. Grandes empresas como Shein, Aliexpress e Shopee, são beneficiadas com essas divulgações e também contratam influencers para tal função. A indústria a qual essas marcas pertencem é construída a partir do fast fashion, que são tendências da moda em tempo real e fabricação vertical integrada, produções em grande escala e pouca qualidade. E, além das roupas, os dupes abrangem artigos como maquiagem, sapatos, acessórios, perfumes e cosméticos.

O impacto desses influenciadores nas redes sociais desempenha um papel expressivo no incentivo ao consumismo. A “moda rápida” cumpre a função de vender um produto ideal a preço de banana, porém é justamente dentro dessa ideia que tal modelo incentiva a produção de objetos, em sua maioria, sintéticos e poluentes de pouca duração, que serão descartados posteriormente. E, ainda, os produtos de beleza falsificados podem trazer riscos à saúde, sem contar a exploração humana e animal dessas cadeias de produção. 

Em decorrência desse sistema de produção, consumo e descarte rápidos, a indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, perdendo apenas para o setor de petróleo. Só no Brasil mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis são descartados por ano, sendo 5% de todos os resíduos produzidos no país, de acordo com o levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza e Resíduos Especiais (Abrelpe), divulgado pela CNN. 

Entretanto, marcas com “etiquetas de luxo” e preços altos, também podem ser antônimos de “amigas do meio ambiente” e “contra a exploração da mão de obra”. Em 2020, “The New York Times” publicou uma matéria sobre trabalho análogo à escravidão em Mumbai (Índia) nas produções de grandes marcas, como Saint Laurent, Gucci e Dior. 

“Devido aos preços altos dos produtos, há uma sensação de que as marcas de luxo devem estar fazendo o que é certo, e isso as tornam imunes ao julgamento público”,  afirmou Michael Posner, professor de Ética e Finanças da Stern School of Business da Universidade de Nova York, em entrevista ao jornal NYT.

O especialista, inclusive, reforçou que os altos preços também podem indicar irregularidades e exploração em sua produção. “Apesar dos valores dos produtos de luxo, as condições nas fábricas podem ser tão ruins quanto as encontradas nas confecções de peças para o fast fashion”.

@kmendesz

#fyp #fy qual próximo dupe que vocês querem ver por aqui? 💓

♬ Kikando e Me Olhando – MC Braz & MC Tairon

Apesar disso, as críticas à viralização dos dupes e exploração do meio ambiente podem abrir espaço para algumas marcas nacionais, que são acessíveis e andam interligadas com pautas ambientais e dos direitos humanos. O tal do sustentável, bonito e funcional.

Foto de Capa: Reprodução/Pexels

Reportagem Isabella Caneschi, com edição de texto de Daniel Deroza

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1 comentário em “Dupes Core: as imitações fazem sucesso nas redes sociais

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