Na última semana do Mês do Orgulho, comemorado em junho, a Comissão de Diversidade Humana da Universidade Veiga de Almeida (UVA) organizou a UVA Pride Week. Foi uma semana inteira voltada para a criação e publicação de conteúdos com temas relevantes para a comunidade LGBTQIA+ nos perfis oficiais da instituição, culminando em uma live na última quinta-feira (30).
Com mediação de Eduardo Bianchi, professor e membro da Comissão de Diversidade Humana, os convidados Douglas Lacerda, formado em Políticas Públicas, História e diretor da ong Casinha; Amanda Pereira, aluna do 7° período de Psicologia e membro discente da Comissão; e Eli Dias, Coordenador do curso de Design de Moda do campi Tijuca, falaram sobre questões que envolvem a comunidade.
“Uma universidade pressupõe a abertura e o acolhimento de todas as tendências e pensamentos. A Ciência é isso, e quem trabalha com a Ciência não tem o direito de ser preconceituoso” afirma Bia Balena, reitora da UVA, na abertura da live.
Eduardo Bianchi, professor dos cursos de Publicidade e Propaganda e de Jornalismo da UVA, inicia o bate papo comentando que o dia 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQIA+, celebra o marco da Rebelião de Stonewall. A revolta se configurou em uma série de manifestações violentas contra a invasão do bar Stonewall Inn por parte da polícia em Manhattan, em Nova York. O local era um reduto para as populações sexualmente diversas da cidade. Os protestos são um marco da luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+, mas Bianchi lembra que a luta teve início muito antes.
“Um país que mata LGBT todos os dias é um país assassino”, expõe o professor, dado que o Brasil é o país que mais mata a população pelo quarto ano consecutivo.
Amanda Pereira, estudante de psicologia e membro da Comissão de Diversidade Humana da UVA, fala sobre a violência silenciosa a qual a comunidade é exposta todos os dias, como quando lhes são negados os direitos básicos de todo ser humano. Ela menciona que as consequências para essas pessoas podem ser muito perigosas, o que justifica o resultado da pesquisa do Hospital das Clínicas de Porto Alegre que mostra que 52% dos jovens LGBTQIA+ possuem algum transtorno mental incluindo depressão, ansiedade e estresse pós-traumático, enquanto para jovens heterossexuais o número não ultrapassa 33%.
“O incômodo gera mudanças”, diz a estudante sobre a importância de eventos como a UVA Pride Week.
O coordenado do curso de Design de Moda do campi Tijuca, Eli Dias, conta que uma das situações mais marcantes de sua carreira foi o pedido de ajuda de uma aluna transexual, em uma das universidades onde o professor já trabalhou, por não poder usar os banheiros. Ela tinha medo de usar o masculino e sofria preconceitos verbais no feminino. A única solução encontrada foi utilizar o banheiro disponível para PCD (Pessoas com Deficiência) pois não tinha gênero. Ele diz ter ficado muito mexido por essa ser a única saída possível. “Ela não queria levantar uma bandeira, ela só queria o direito de existir”, relembra Eli.
Douglas Lacerda, formado em Políticas Púbicas e História, dirige a Casinha, ong cujo objetivo é acolher e ajudar pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade social. O projeto tem ações específicas para garantir Assistência Jurídica, Empregabilidade, Educação, Cultura e Saúde à membros da comunidade.
O diretor menciona uma pesquisa recente feita pela Great Place to Work, que mostra uma redução de 15% de investimentos das empresas em diversidade no ano de 2022 em relação a 2021.
“Essas são questões que não gostaríamos de ter que lidar 50 anos depois de Stonewall”, desabafa o ativista.
Denúncias de qualquer tipo de preconceito podem ser feitas na DECRADI – Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, localizada no Centro do Rio de Janeiro ou Disque 100.
Foto de capa: Malu Danezi/Agência UVA
Malu Danezi (3ª período) com revisão de Gabriel Folena (5º período)
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