Matéria escrita, vídeo filmado, conteúdo pronto. E agora, para onde vai? A resposta a essa pergunta foi o tema central da mesa “Se ninguém lê/vê/ouve, não existe: o foco na distribuição”, transmitida no último sábado (19), às 14h, no Festival 3i de Jornalismo Inovador, Inspirador e Independente. Em tempos de redes sociais, compartilhamentos e informação online, a mesa buscou entender como diferentes profissionais em veículos distintos garantem distribuição certeira de seu conteúdo aos consumidores.
Filipe Speck, do Matinal Jornalismo, recebeu Lorena Morgana (Canal Reload), Ronaldo Matos (Desenrola e não me Enrola), e a convidada internacional Ale Higareda (Malvestida). Entre publicações em redes de fluxo intenso como o Instagram e o Twitter, e envios semanais de conteúdo por e-mail em formato newsletter, os comunicadores apresentaram como segmentam suas mensagens para que cheguem aos públicos que as buscam.

Para Ale Higareda, garantir a entrega para o grande público do Malvestida é o maior desafio. “Dependemos muito dos caprichos do algoritmo, o que pode prejudicar todo o engajamento do nosso conteúdo”, diz a mexicana, que conta com um planejamento preciso formulado por ela e seu time para diversificar os formatos de apresentação das informações do veículo, que somente no Instagram conta com mais de 600 mil seguidores.
Malvestida combina moda e estilo com pautas como classismo, feminismo, racismo e realidade LGBTQ+. Segundo Higareda, havia uma lacuna de temáticas e comunicadores diversos na mídia tradicional mexicana, o que inspirou o nascimento do veículo que coordena.
Quem também acredita na diversidade como uma ferramenta essencial para produção e distribuição de conteúdo é Lorena Morgana, colaboradora do Canal Reload. Nascido como produto jornalístico da união entre outros veículos (entre eles Colabora e Agência Lupa), sempre teve como missão “descomplicar” a notícia para um público que cada vez mais pede por ela em formatos específicos.
“Nosso público principal tem entre 18 e 24 anos de idade e consome notícias em redes sociais”, acrescenta Lorena.
Para esse consumidor, o Canal Reload se vira nos 30 — às vezes, literalmente — para entregar informação de jeitos criativos: histórias em quadrinhos, pílulas visuais, apresentadores descontraídos que apresentam a notícia como se apresentassem um TikTok, e vídeos curtos de até um minuto. Lorena ressalta ainda que o trabalho realizado pelo Reload já está no radar de big techs como Google e Facebook, com quem o canal mantém contato, interessadas na inovação jornalística acontecendo em suas plataformas.
Se, por um lado, há quem acesse informação em milheres de redes e dispositivos, a realidade é outra para uma parcela da população brasileira. Ronaldo Matos, do Desenrola e não me Enrola, enfatiza que o veículo busca justamente chegar a quem, por vezes, sequer possui conexão com a internet para acessar uma única rede social. Para o comunicador, pensar em entrega e distribuição de maneira consistente se torna uma necessidade ainda maior quando se entende que não é todo mundo que pode acessar seu conteúdo.
“Não é mais possível apenas produzir conteúdo e jogá-lo nas redes digitais, é preciso ir além disso e se perguntar, onde o leitor mora? Qual seu gênero? Qual sua cor?”, indaga Matos.
Além da produção jornalística online feita por e destinada a moradores da periferia, colaboradores do Desenrola e não me Enrola oferecem, também, curso de formação jornalística (“Você Repórter na Periferia”), com duração de 8 meses, para capacitação de futuros comunicadores.
O Festival 3i segue sua programação até o dia 25 de março, e você pode conferir a mesa sobre distribuição no link abaixo, do canal do festival no YouTube. A transmissão contou com tradução simultânea em Libras, que permanece disponível na gravação. Confira também, abaixo do vídeo, os links de acesso para os projetos dos convidados.
Malvestida: https://www.instagram.com/malvestida/
Canal Reload: https://www.instagram.com/canalreload/
Desenrola: https://www.instagram.com/desenrola_/
Gabriel Folena (5º período), com revisão de Leonardo Minardi
Foto de capa: Pixabay/Pexels
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