Na última segunda-feira (18), Odd Magne Rudd, novo embaixador da Noruega no Brasil, após a reunião com o vice-presidente Hamilton Mourão, coordenador do Conselho Nacional da Amazônia Legal, afirma a necessidade de um plano concreto para inibir o desmatamento. Odd Magne declara à imprensa que, apesar dos pensamentos divergentes acredita no diálogo, pois define o futuro de algo cujo impacto é global.
O vice-presidente aposta na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente para melhorar a reputação do Brasil, principalmente depois das queimadas ocorridas na Amazônia, Pantanal e Cerrado. Além do desmatamento, também foi assunto na reunião o Fundo Amazônia e as operações militares nessa região. O diplomata também declara a importância de um acordo para a questão.
“O Brasil precisa de um plano concreto para o desmatamento, precisa acordar um estilo de gestão do comitê”, disse o embaixador.
De acordo com o site do Fundo Amazônia, as maiores doações monetárias de valor histórico vêm do Governo da Noruega, da República Federativa da Alemanha e da Petrobrás. Além disso, o Fundo conta com a gerência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável por captar recursos, contratar e monitorar projetos e ações apoiados.
O Fundo Amazônia, possui um Comitê Orientador (COFA), responsável por determinar as suas diretrizes e acompanha os resultados obtidos, e o Comitê Técnico (CTFA), cuja tarefa é atestar as emissões advindas do desmatamento no bioma. Contudo, em 2019, ambos os comitês foram extintos pelo governo, paralisando o Fundo.
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Cezar Pires, mestre em Ciências de Engenharia Civil, com ênfase em Recursos Hídricos e Meio Ambiente pela COPPE-UFRJ, menciona em seu artigo “Qual o valor da Floresta Amazônica?”, que apesar de lucrativo o consumo destrutivo da floresta não possui grandes benefícios, porque envolve problemáticas ambientais e climáticas, além de acrescentar risco à biodiversidade. Mesmo assim, ele atenta às consequências de renunciar ao consumo com custos e sem rendimento econômico: descontrole na fiscalização de atividades ilegais, como de grileiros, posseiros, garimpeiros, biopirataria etc.
“É importante a exploração do valor direto da Amazônia feito com técnicas sustentáveis modernas que levem em consideração questões socioambientais, feito por empresas eficientes sob concessão e regulação pública e pagando impostos”, escreveu o mestre.
O artigo produzido em 2019, na época da paralisação do Fundo Amazônia indaga o porquê de apenas dois países serem os contribuintes. “Um Fundo para Amazônia (e outras florestas tropicais relevantes) deveria ser de responsabilidade da ONU com contribuição de todos os países. Afinal, o tripé da sustentabilidade inclui também o econômico, e não é por coincidência que a palavra tem o mesmo prefixo eco (casa) de Ecologia”, disse Cezar.
O profissional ainda defende o valor das pesquisas científicas nas descobertas por meio do estudo da biodiversidade.
“Importante também é que haja pesquisas científicas que tragam descobertas importantes para o uso direto da biodiversidade ainda desconhecida, isto é, do valor de opção. E que tenhamos processos e incentivos para que tais pesquisas não fiquem paradas em teses e em institutos de pesquisa, e sim que tragam consequências práticas reais no mercado, trazendo interesse empresarial, empregos, impostos e produtos para a vida moderna”, endossou.
Sobre a COP-26:
Entre as primeiras semanas de novembro, na Escócia, ocorrerá a vigésima sexta (26°) Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, também chamada de COP-26, onde farão presença os signatários do Acordo de Paris. Na Conferência, devem ser apresentados dados comprovando o cumprimento das metas acordadas por meio de suas ações e propostas com o objetivo de diminuir as emissões até o ano de 2030. O evento deveria ter acontecido em 2020, mas a pandemia do novo coronavírus o adiou.
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Escrito por Natally Valle – 2° Período
Sob revisão de Isis Sant’ Anna – 7° período
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