Com base nos dados apontados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a alfabetização de crianças no Brasil teve um retrocesso de 15 anos durante o cenário da pandemia da Covid-19. Especialista comenta sobre os indicadores do atraso da educação, e os impactos causados pela evasão escolar em razão da paralisação das escolas no país.
De acordo com o levantamento comparado entre os anos de 2019 e 2020, o índice do número de abandono às escolas entre crianças cresceu, sendo de 1,39% em 2019, e 5,5% em 2020. Isso se deve também ao fato anterior à pandemia, em que os municípios brasileiros reduziram em 93,5% os investimentos considerados essenciais para as questões educacionais, segundo a Frente Nacional de Prefeitos (FNP).
A professora de pedagogia da Universidade Veiga de Almeida, Luciana Soares Chagas, argumenta quais são os indicadores educacionais que apontam para a evasão escolar. A professora cita o acesso ao ensino remoto que, ligado à precariedade que desestimulou tanto professores quanto alunos, tem sido um fator decisivo para a analfabetização durante a pandemia. E complementa com demais fatores.
“Nós dormimos dentro de uma realidade e acordamos com uma nova modalidade de educação imposta por uma pandemia. Acredito também que o ponto alto da evasão inicial foram os muitos pais e alunos que ficaram desempregados. Logo, para além da falta de investimento, somado ao desemprego e o medo da doença foi decisivo para a evasão dos estudantes”, enfatiza Luciana Soares.

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Segundo os dados divulgados pela FNP na última segunda-feira (18), os impactos sofridos no plano educacional ocorreram em inúmeras cidades do Brasil. A instituição revela também que dos 2.912 municípios, 2.370 registrados no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope) ainda não executaram a obrigação constitucional de dispor da liberação de 25% da receita, a qual deveria ser destinada à educação.
A FNP revela em nota ser condizente ao texto da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 13/2021), sancionada no mês de setembro pelo Senado, que isenta ou desobriga a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios da aplicação de percentuais mínimos da receita para o desenvolvimento do ensino e da educação, no exercício de 2020 e 2021, devido à pandemia.
“Com o prazo estendido para aplicação dos 25% das receitas vinculadas até o final de 2023, municípios poderão planejar mais adequadamente esses investimentos, beneficiando o ensino público”, diz a FNP, em nota.
Luciana Soares complementa sobre como é possível reverter a evasão escolar ou outras situações que impactam sobre a queda da alfabetização no país, e expõe como esse retrocesso educacional é afetado graças à falta de incentivo governamental.
“Fomas claras de reverter essa queda é investir em mídias, plataformas e tecnologia em educação, com promoções como já foram feitas em anos passados, com valores superinteressantes de instrumentos necessários como laptop e celulares parcelados em diversas vezes. Seria preciso repensar sobre as atitudes governamentais junto às empresas de internet para que todos tivessem acesso ao ensino qualificado. Ficar procurando wifi do amigo é algo desumano para o estudante”, declara a professora.
Luciana Soares também enfatiza a importância da formação dos profissionais da educação neste processo de formação e incentivo dos alunos. “Precisamos também ter um investimento para formar professores alfabetizadores. O mercado de trabalho está tão competitivo que o olhar está para além das competências, habilidades, atitudes, idiomas, formação e, muitas das vezes, se esquece que ler e escrever bem é que farão diferença na entrada em uma boa empresa, por exemplo”, acrescenta a professora de pedagogia.
Esse retrocesso ocorreu em detrimento não apenas da pandemia, como também a falta de políticas públicas favoráveis e decisivas para que o processo de ensino da alfabetização no Brasil não sofresse o impacto tão significativo, afetando a vida de milhares de crianças.
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Luiz Guilherme Reis – 2° período
Com revisão de Bárbara Souza – 8° período
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