Sob direção da polonesa Agnieszka Holland, “O Charlatão” conta a história de Jan Mikolášek (Ivan Trojan), um famoso curandeiro e herbalista tcheco que, após observar a urina de seus pacientes e colocar em prática seus conhecimentos nada ortodoxos, diagnosticou e curou pessoas entre as décadas de 1930 e 1950.
Premiado no Czech Lion Awards 2020 e indicado a Melhor Filme no Festival Internacional de Berlim de 2020, o longa já está disponível nos cinemas brasileiros com distribuição da A2 Filmes.

O longa se inicia dentro do consultório de Mikolášek, onde já nos deparamos com a maneira com a qual ele efetua o diagnóstico de seus pacientes e com uma relação bem entrosada com seu assistente Frantisek Palko (Juraj Loj), que redige rapidamente as suas análises.
Durante o decorrer da trama e através de flashbacks, a história de Mikolášek nos é apresentada. Ainda jovem, ele se torna aprendiz de uma curandeira, que é com quem aprende a desvendar a saúde das pessoas com base em uma análise feita através da urina. Junto ao seu conhecimento das plantas, por ser membro de uma família de jardineiros, o personagem desenvolve cada vez mais vontade de aprender novos métodos de cura e de se especializar ainda mais nos ensinamentos passados pela sua mentora. E junto aos métodos herbáceos, para Mikolášek, a fé também era um elemento indissociável para que a realização do tratamento obtivesse êxito.
Por seguinte, o roteiro escrito por Marek Epstein, que também publicou um livro sobre Jan Mikolášek, transita sobre uma reflexão ramificada entre a ciência e o charlatanismo, tendo como pano de fundo o período da 2ª Guerra Mundial, o que ainda ajuda a gerar outras reflexões, visto que o curandeiro visava atender à todos sem diferenciação, incluindo oficiais nazistas que se estabeleceram na região da Tchecoslováquia durante uma ocupação alemã.
Dentro deste potencial épico que a história propõe, um romance entre Jan Mikolášek e seu assistente Frantisek Palko é exposto, sendo o desencadeamento principal que viria, de fato, a tornar o longa mais interessante. A relação entre os dois surge de forma explosiva e violenta, mas conforme passam a compreender a si mesmo, ela passa a ser carregada de muito afeto e companheirismo. Utilizando uma linguagem minimalista, diálogos e emoções ocultadas por um desinteresse, são transmitidas com primor pelos atores.
Para uma história de ascensão e queda, o romance vivido pelo personagem e suas ambições poderiam ter sido melhor aproveitados. Em contrapartida, a diretora insiste em fazer uma crítica incauta ao regime soviético enquanto se escora em um argumento que justifica a pseudociência.
Lucas Pires – 7º período
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Pena q no final não conta como foi q morte dele ou do Palco seu assistente…
E não consegui ver pesquisando.