Com as eleições que aconteceram no último domingo (15), moradores da Zona Norte do Rio de Janeiro, em Anchieta e adjacências, estão sem um representante na câmara dos vereadores depois de mais de 20 anos. Para quem tem comércio e residência, a preocupação é com a segurança na área, que já está bastante precária, e também as obras inacabadas, buracos e entulhos que bloqueiam passagem dos pedestres.
Populares falam sobre o que esperar nesses quatro anos até 2024. Recentemente, o índice de criminalidade no subúrbio do estado subiu bastante, e moradores relataram que em época de eleição, durante campanha, era comum ver mais patrulhas da Polícia Militar na área. O temor deles é que com a falta de um representante político na região, o bairro fique abandonado e cada dia mais perigoso, seja em segurança e até em obras pendentes que podem ter o risco de não serem terminadas, sem a devida fiscalização.

Para a morada de Anchieta, Márcia Carvalho, 60, aposentada, que mora na região há mais de 50 anos, quando tinha representantes o bairro já era esquecido. Sem um, a tendência é piorar: “Tivemos muitos políticos que saíram daqui. Dos que são famosos por causa da corrupção, até o que estão tentando fazer algo certo. Mas agora, sem um representante, a preocupação aumenta”, conta a aposentada.
Sobre as obras, ruas esburacadas e entulhos nas calçadas, Márcia comenta que não é só por causa da não eleição dos candidatos, mas que é bem corriqueiro ver cenas de abandono na região: “Não é porque não foram eleitos, sempre houve um certo descaso. Homens que trabalham pegando entulhos nunca jogam em um local apropriado, e quando vamos ver, despejam em esquinas e calçadas, virando lixo que pode ter focos de mosquitos da dengue e até ratos”, diz.

Na internet, os resultados das eleições que definiram que Anchieta não terá um representante, foram logo motivo de comentários por internautas no Twitter, que assim como Márcia, temem pela segurança e sabem que o risco de caírem no esquecimento é grande.
Durante muito tempo, Ricardo de Albuquerque, bairro vizinho de Anchieta, tinha pelo menos um político que representasse a localidade, de vereador a deputado. A região tem até uma praça em homenagem a um deles. Mas para a moradora há mais de 10 anos, Maria Paula, que é professora em uma creche, a população abriu os olhos com alguns, mas deixou de apoiar os novos: “Tivemos exemplos de pessoas que nos decepcionaram, e com isso alguns endureceram o coração, mas a preocupação fica”, diz.
Sobre as condições precárias das ruas e calçadas, Maria fala da importância que era ter o vereador local: “São eles (vereador) que são responsáveis por cobrar as obras, consertar as ruas, reformar e terminar o que não tá acabado, já que o município do RJ é grande e fica difícil olhar para todos os lados. Sem isso, temo que iremos ficar quatro anos esquecidos”, finaliza.
As eleições deste domingo (15) determinaram os 51 vereadores que irão assumir o cargo pelos próximos anos. Em 2020, houve a necessidade de ter o segundo turno entre Eduardo Paes (DEM), ex-prefeito, e Marcelo Crivella (Republicanos), atual governante. A data marcada é para o dia 29 de novembro, entre 7h até 17h, pelo horário de Brasília-DF.
Hudson Lisboa – 7º período
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